A primeira denúncia de maus-tratos contra a criança de 2 anos e 7 meses que morreu ontem em Campo Grande acabou sendo arquivada no ano passado por falta de provas. No final de janeiro de 2022, o pai procurou a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente para pedir investigação contra a mãe e o padrasto da menina, que aparecia cheia de hematomas quando ele pegava-a em finais de semana.
A criança foi encaminhada para exame de corpo de delito. Este caso foi encaminhado pela delegacia à Justiça em abril de 2022 e, por se tratar da imputação de um fato que é considerado de menor potencial, acabou tramitando na 10ª Vara do Juizado.
A audiência foi marcada para outubro, quando o pai da criança foi ouvido e acabou reconhecendo que não tinha outros elementos para relatar sobre o caso. Com a manifestação favorável do Ministério Público, a juíza Eliane de Freitas Vicente arquivou o inquérito e apontou que poderia ser retomado se surgissem novas provas.
Em uma ironia do destino, a sentença foi publicada em 21 de novembro de 2022, conforme é possível verificar no site do Poder Judiciário, véspera do dia em que novamente o pai da criança voltou à DEPCA para relatar mais uma suspeita de agressão. Dessa vez, denunciou que a criança estava com hematomas e com a perna quebrada. Na época, disse que foi informado a ele que a filha teria caído. Novamente o caso foi registrado como maus-tratos, em que pese a menina estivesse com a perna quebrada.
A Polícia Civil informou que o caso foi concluído e encaminhado à Justiça. A reportagem não conseguiu apurar com o Judiciário qual foi o andamento dado.
A criança morava com a mãe, o padrasto e os outros dois filhos pequenos do casal. A reportagem apurou que as crianças ficavam sob os cuidados dele.
O casal, Christian Campoçano Leitheim e Stephanie de Jesus da Silva, foi preso em flagrante ontem à noite, depois que ela chegou ao posto de saúde com a filha já sem vida. Além do homicídio e omissão de socorro, vai ser investigada suspeita de que a criança sofreu violência sexual.
A reportagem não conseguiu ouvir o pai da menina hoje. Familiares relataram que ele se esforçou para tentar ter a guarda da filha, procurou o Conselho Tutelar, foi à Defensoria Pública. No Judiciário, não teria nenhuma ação tratando do tema.
Com informações do site Campo Grande News