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Operação Cascalhos de Areia: vendedor de queijo é sogro de sócio da Engenex

No âmbito da “Operação Cascalhos de Areia”, deflagrada pelo MPE (Ministério Público Estadual) no dia 15 de junho de 2023 para apurar um rombo de R$ 300 milhões nos cofres da Prefeitura de Campo Grande (MS), as investigações apontam que uma família inteira pode estar sendo usada como “laranja” para ocultar os donos e operadores do suposto esquema de corrupção via contratos de locação de equipamentos e obras de cascalhamento no município.

Segundo o site Midiamax, o vendedor de queijo Adir Paulino Fernandes, que foi preso com uma arma de fogo sem registro no dia do cumprimento dos mandados judiciais, acabou entregando os indícios que praticamente comprovam a condição de “laranja” no esquema, pois admitiu à Justiça que vive com a renda da venda dos queijos que produz, mas figura como sócio-administrador da JR Comércio e Serviços Ltda., que conseguiu contratos milionários com a Prefeitura de Campo Grande enquanto Marquinhos Trad (PSD) era prefeito.

Além disso, o vendedor de queijos é sogro de Edcarlos Jesus da Silva, também investigado pela “Operação Cascalhos de Areia”. A empresa que, no papel, pertence a Adir Fernandes, não tem sequer espaço na sede para todos os veículos e equipamentos que supostamente alugou à Prefeitura durante a gestão de Marquinhos. A suspeita é de que essas locações nunca existiram, enquanto isso, o genro do vendedor de queijo é sócio de Paulo Henrique da Silva Maciel, que tem mais de R$ 37 milhões em contratos da Engenex Construções e Serviços (CNPJ 14.157.791/0001-72) com a Prefeitura de Campo Grande.

Em 2018, enquanto era de Mamed Rahim, a Engenex ganhou dois contratos com a Prefeitura de Campo Grande na gestão de Marquinhos Trad. O primeiro contrato da Engenex, hoje com valor de R$ 14.542.150,59, tem Ariel Dittmar Raghiant atuando como ‘responsável técnico’, na região do Imbirussu, bem como no segundo contrato, com valor de R$ 22.631.181,87, na região do Lagoa. Ambos têm como objetivo a conservação das vias.

Ainda conforme o Portal da Transparência da Prefeitura de Campo Grande, os contratos foram assinados pelo então secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos, Rudi Fiorese, que atualmente atua na Secretaria de Obras do Governo de Mato Grosso do Sul, justamente lidando com contratos de obras públicas, também teve o celular apreendido na operação.

Assim, os parentes estão entre os 17 alvos iniciais da investigação do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). Com os R$ 224 milhões em contratos da JR Comércio e Serviços com o poder público, a família de Adir e Edcarlos tem mais de R$ 261 milhões apenas em contratações com a Prefeitura de Campo Grande.

A primeira fase da Operação Cascalhos de Areia já reuniu indícios que apontam para suposta rede de empreiteiras nas mãos de laranjas e supostamente usadas por uma quadrilha para desviar dinheiro da Prefeitura de Campo Grande, com contratos firmados durante a gestão de Marquinhos. Os indícios colocam André Luis dos Santos, o “Patrola”, no foco da investigação. Ele é apontado como verdadeiro operador das empresas investigadas.

As informações apuradas mostram que o empreiteiro teria acesso facilitado pela administração municipal a licitações durante a gestão de Trad, e usaria a rede de empreiteiras nas mãos de laranjas para desviar milhões dos cofres municipais com obras que nunca teriam sido realizadas e seriam difíceis de ‘conferir’.

Mesmo alegando renda equivalente a menos de meio por cento do valor total de contratos fechados pela JR Comércio e Serviços (CNPJ 13.952.054/0001-07) com a Prefeitura, Adir Fernandes acabou preso durante a operação. Foi então que afirmou aos policiais que possui a filha maior de idade, justamente a companheira de Edcarlos e que reside na Chácara Santa Dirce.

O chacareiro também contou sobre a rotina de trabalho, que destoa da vida de quem administra uma empresa com contratos milionários. Após o pagamento de fiança, Adir Fernandes foi liberado no mesmo dia. Em um processo de partilha de bens, ele apresentou um holerite com renda de R$ 2 mil, apesar de constar na folha de pagamento seu nome na função de sócio-administrador da empresa com faturamento milionário.

O comprovante é uma tentativa do suposto empreiteiro, que detém contratos milionários, de provar hipossuficiência econômica no processo. Ou seja, o próprio dono da JR disse ao judiciário que é pobre. Adir Fernandes é o representante da família na partilha de bens do pai, que faleceu no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul. Eles aguardam na justiça pela divisão de um imóvel no Bairro Jockey Club, avaliado em R$ 129 mil, e pela chácara onde acabou detido na operação Cascalhos de Areia.

Detalhe na declaração de Adir levou o Jornal Midiamax até a ligação entre o vendedor de queijos e o possível esquema de laranjas. Citada pelo pai, Kathiuce Marques Fernandes é professora contratada como professora da Rede Municipal de Campo Grande desde 2018. Conforme o Portal da Transparência de Campo Grande, Kathiuce Marques recebe R$ 2,9 mil por mês, após descontos obrigatórios. Além disso, já foi sócia da K.A.B.E Comercio de Alimentos Ltda (CNPJ 37.596.223/0001-73), empresa de frios na Avenida Bom Pastor com capital social declarado em R$ 100 mil e já encerrada junto à Receita Federal.

Nas redes sociais, a professora mostra a rotina de atleta de beach tênis, com a família e o esposo. Sem mencionar o nome ou realizar marcação do perfil de Edcarlos, Kathiuce frequentemente publica declarações para o marido. Contudo, vez ou outra alguém deixa escapar nos comentários o nome de Edcarlos. Adir Fernandes aparece nas redes sociais da filha, que marca o pai em fotos de Dia dos Pais e aniversários. Todos aparecem juntos em comemorações de família.

Edcarlos levantou suspeita de esquema de laranjas em empreiteiras milionárias de Campo Grande após comprar a Engenex por R$ 950 mil de Mamed Dib Rahim. O valor pago por ele e Paulo Henrique foi 39 vezes menor do que o total de contratos da empresa com o município. Além da implicação nas suspeitas de corrupção, sogro e genro possuem outra coisa em comum: o advogado. Paulo Ernesto Valli representou Adir na diligência do dia 15, quando o senhor de 66 anos foi preso durante mandado de busca e apreensão.

Ao Jornal Midiamax, o advogado afirmou que não trabalha atualmente para a família. “Fui chamado porque ele foi detido lá em Terenos, mas fui lá só acompanhar, mas não sou não [advogado da família]”. Questionado sobre a investigação, Valli disse que ainda não foi acionado por Edcarlos ou Adir. “Não sei se vou entrar, posso até entrar, mas ainda não fui procurado para entrar”, explicou. Então, disse que não poderia responder pelos investigados.

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