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sábado, maio 18, 2024
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Polícia de MS nunca foi tão letal quanto no começo deste ano

Dados disponíveis no site da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) revelam que, do dia 1º de janeiro deste ano até ontem (26), 38 pessoas morreram durante intervenção policial em Mato Grosso do Sul, o que equivale a uma morte a cada três dias desde o início de 2023.

A estatística comprova que as forças policiais de Mato Grosso do Sul nunca foram tão letais quanto neste começo de ano, pois, durante todo o ano passado, o total de mortes em decorrência de confrontos com as forças policiais foi de 43, o que equivale a uma morte a cada 8,5 dias, ou seja, a letalidade da polícia nestes primeiros 115 dias de 2023 aumentou cerca de 180% na comparação com 2022.

E, se o comparativo for feito com todo o histórico disponível na Sejusp, 2023 é disparadamente o mais letal. Em 2021, por exemplo, foram 45 mortes ao longo de 365 dias, enquanto em 2020 haviam sido 26 casos. Por enquanto, o recorde total pertence a 2019, quando foram registradas 58 mortes. Isso equivale a um óbito a cada 6,3 dias.

Somente do sábado à noite para cá, a Polícia matou seis suspeitos. Em Três Lagoas, dois homens foram mortos depois de serem flagrados tentando jogar drogas para dentro do presídio utilizando um drone. Policiais penais flagraram a ação, pediram apoio à Polícia Militar e a dupla fugiu, mas foi seguida pelos policiais.

Alguns quilômetros depois ocorreu o suposto confronto e os dois foram mortos. Nem a viatura nem os policiais foram atingidos por algum disparo. Foram apreendidos com a dupla o drone, cerca de 1,5 quilo de drogas, três celulares, duas facas e dois revólveres.

Em Dourados, os dois bandidos mortos foram flagrados por uma câmera de segurança invadindo uma residência e fazendo quatro pessoas reféns. Depois que a dupla deixou o imóvel, as vítimas acionaram a polícia e os ladrões foram localizados.

E, conforme a versão oficial, os policiais foram recebidos a tiros e revidaram. Um dos envolvidos morreu no local do confronto. O outro, um venezuelano de 23 anos, foi socorrido com vida, passou por cirurgia no Hospital da Vida e morreu na madrugada desta quarta-feira.

Outras duas mortes desta semana foram registradas em Campo Grande, na madrugada de segunda-feira (24). Ao checarem uma denúncia sobre entrega de grande volume de drogas, os policiais militares perseguiram um veículo com suspeitos, que teriam feito disparos contra os policiais.

Estes, por sua vez, reagiram e feriram a dupla. Os dois foram socorridos, mas chegaram mortos à Upa Leblon e ao Hospital Regional. Durante esta operação foram apreendidos 153 quilos de pasta base de cocaína. A Capital foi palco de 19 das 38 mortes em confrontos registradas neste ano.

Para o professor aposentado e sociólogo Paulo Cabral, o crescimento de facções criminosas como o Primeiro Comando da Capital e o Comando Vermelho estão forçando as forças policiais a serem cada vez mais rigorosas. “Mas, ao contrário de mostrar que a Segurança Pública está no comando, o aumento das mortes mostra exatamente o contrário. Mostra que o crime está cada vez mais organizado”, segundo ele.

E, o mais curioso nesta questão é que, justamente por causa do poder de fogo destas facções, “a sociedade precisa se sentir protegida e por isso aceita e até aplaude as mortes ocorridas nestes confrontos, mesmo que raramente apareça alguma viatura atingida ou algum policial ferido”, comenta.

Sociólogo que normalmente utiliza um linguajar polido, ele classifica o sistema penitenciário como “uma verdadeira m…”. E, para ele, a sociedade sabe disso e está convicta de que dificilmente alguém será recuperado se ficar na prisão. Então, avalia, “as pessoas já estão convencidas de que é melhor eliminar estes bandidos.”

Para o professor, este aumento repentino na letalidade certamente não é fruto do acaso. “Ou as facções resolveram se fazer mais presentes aqui e estão sendo confrontadas ou o novo governo estadual decidiu se mostrar mais forte e presente nas ruas”.

O governador Eduardo Riedel, por sua vez, até concorda, em parte com o sociólogo. Para ele, as mortes são reflexo do crescimento das facções e do deslocamento do crime organizado da região de fronteira para a região central do Estado, para cidades como Campo Grande e outras. “E a polícia vai agir sempre em reação a esses movimentos, principalmente do crime organizado, afirmou Riedel.

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