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domingo, junho 30, 2024
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Infectologistas da Unimed de Campo Grande falam tudo sobre a febre maculosa

A febre maculosa, que vem afetando diversas regiões de nosso país, é causada por uma bactéria encontrada em carrapatos. A doença infecciosa não é sempre letal, mas estar bem informado e buscar orientação médica se perceber algum sintoma são medidas essenciais. Para isso, Dra. Yvone Maia Brustoloni e Dr. Maurício Pompilio, infectologistas da Unimed Campo Grande, responderam tudo sobre o tema.

O que é?

A Febre Maculosa Brasileira (FMB) é uma doença infecciosa febril aguda, causada por uma bactéria (Rickettsia rickettsii), transmitida por carrapatos infectados.

São acometidos em maior proporção pela doença a população entre 20 e 49 anos, principalmente homens, com relato de exposição a carrapatos, animais silvestres e domésticos ou que frequentaram ambientes de matas, rios ou cachoeiras.

Como é transmitida?

A febre maculosa é transmitida por meio da picada de carrapatos infectados. Os carrapatos transmissores mais importantes no Brasil são amblyomma cajennense ou sculptum, conhecidos popularmente por carrapato-estrela, micuim, carrapato-do-cavalo, rodoleiro ou carrapato vermelhinho.

O carrapato-estrela não é o carrapato comum, que encontramos geralmente em cães, eles são mais encontrados em animais de grande porte, como bois, cavalos, antas e, especialmente, capivaras, apesar de também serem encontrados em cães, aves domésticas, gambás, coelhos, entre outros.

O micuim é a fase jovem do carrapato-estrela, e é de tamanho bem pequeno, podendo ser confundido com um pontinho escuro na pele. Os carrapatos mais jovens e de menor tamanho são os mais perigosos, porque são mais difíceis de serem vistos.

As capivaras e os cavalos assumem grande importância na cadeia epidemiológica da doença, pois são os principais reservatórios dos carrapatos e amplificadores da febre maculosa. Os animais mantidos em pastos sujos, com vegetação alta ou em matas ciliares, encontram um ambiente bastante propício para a infestação pelo amblyomma sp.

Para haver transmissão, o carrapato infectado precisa ficar pelo menos quatro horas fixado na pele das pessoas.

Importante

Não há transmissão de pessoa para pessoa, nem todo carrapato está contaminado e nem toda picada transmite febre maculosa. Locais com grama, áreas de mata, vegetação perto de rios, lagos, lagoas e de cachoeiras podem estar infestadas por carrapatos.

É preciso evitar:

  • Pisar, sentar e deitar na grama
  • Fazer piqueniques

Principalmente se for uma área que há capivaras, bois, cavalos e antas. Além disso, é importante falar que há a necessidade de controle ambiental para saber onde tem regiões com infestação destes carrapatos e estudos que demonstrem se nestes locais os carrapatos capturados estão ou não infectados pela bactéria.

Sintomas

Os sintomas aparecem de 2 a 14 dias, com média de 7 dias, após a picada do carrapato infectado, surgindo de forma súbita e aguda. E na fase inicial são:

  • Febre
  • Dor de cabeça
  • Dor no corpo
  • Náuseas
  • Vômitos
  • Diarreia
  • Manchas pelo corpo (sinal clínico mais importante, que aparecem geralmente entre o terceiro e quinto dia de doença. Pode não se manifestar em alguns pacientes, dificultando a suspeita clínica)

Em casos mais graves pode evoluir em alguns dias com disfunção de órgãos, levando a insuficiência respiratória, renal e complicações cardíacas e neurológicas.

Quando buscar atendimento médico/hospitalar? É preciso procurar atendimento médico caso haja febre entre 2 e 14 dias após ter frequentado área rural, de mata, florestas, rios e cachoeiras, ou ter sido parasitado por carrapatos.

Sintomas como febre muito alta, desmaio ou desfalecimento, vômitos que impedem a hidratação (ingestão de líquidos), diminuição da produção de urina e falta de ar merecem atenção.

Diagnóstico

É realizado através de sorologia específica, solicitada por um médico. Há cura, desde que o tratamento com antibióticos específicos seja introduzido precocemente. Logo nas primeiras doses o quadro começa a regredir e evolui para a cura total.

O atraso no diagnóstico e, consequentemente, no início do tratamento, pode provocar complicações graves, como o comprometimento do sistema nervoso central, dos rins, dos pulmões e das lesões vasculares, podendo levar ao óbito.

Havendo necessidade de frequentar os locais de risco, adotar o uso de barreiras físicas, incluindo: roupas claras e com mangas compridas, facilitando a visualização de carrapatos, calças por dentro de botas, preferencialmente de cano longo e vedadas com fita adesiva de dupla-face.

É recomendável examinar o próprio corpo a cada três horas, a fim de verificar a presença de carrapatos. Retornando de áreas de mata, tomar banho usando bucha vegetal e inspecionar o corpo.

Importante

Manter lotes, praças, parques e vias públicas capinadas e com capim baixo. O sol direto desidrata e mata as larvas de carrapatos.

Não há profilaxia recomendada para pessoas que frequentaram áreas endêmicas (ou seja, não é necessário o uso de nenhum antibiótico ou medicamentos), mesmo havendo histórico de parasitismo por carrapatos. A automedicação deve ser evitada.

O que fazer ao encontrar um carrapato aderido ao corpo? Caso carrapatos sejam encontrados, removê-los com cuidado, com o auxílio de uma pinça, realizando movimentos de torção suave. Não esmagar o carrapato com as unhas, pois pode ocorrer a liberação de bactérias ou contaminação do ambiente com ovos, no caso de fêmeas. Não é necessário queimar o carrapato, por isso evitar a utilização de materiais como álcool ou acetona.

Retirado o carrapato, lavar a área com álcool ou água e sabão e as roupas com água fervente. O carrapato deve ser colocado em um vidro com álcool.

Não há surto

Apesar dos recentes casos divulgados, não há motivo para alarme. Em Mato Grosso do Sul existe a infecção. Entre 2010 e 2022 foram registrados sete casos, sem surto.

A maior concentração de casos tem sido verificada nas regiões sudeste e sul do Brasil, com casos esparsos em outros locais. Além disso, a bactéria causadora da doença não é comumente encontrada na região sul-mato-grossense e Campo Grande não é considerada área endêmica de febre maculosa.

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