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Com oferta maior de animais, carne fica até 22% mais barata em Campo Grande

Depois de alguns anos em alta, a inflação da carne bovina arrefeceu e trouxe uma trégua ao bolso do consumidor sul-mato-grossense. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, neste ano, o preço da carne reduziu 3,15% em Campo Grande e 3,87% em todo o País.

Ainda conforme os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), na Capital, os cortes bovinos recuaram mais de 7% neste ano e 9% em 12 meses.

O preço do gado despencou 23% em dois anos, mas, apesar de já estar em queda há algum tempo, o impacto não era sentido pelo consumidor. Enquanto em maio de 2021 a arroba do boi gordo era comercializada a R$ 290,58, no fechamento de ontem a arroba foi negociada a R$ 221,96.

Levantamento realizado pela equipe do Correio do Estado em casas de carnes e supermercados de Campo Grande já confirmam que a redução pode ser percebida pelo consumidor, uma vez que vários cortes estão apresentando médias próximas às praticadas há dois anos.

Em 2021, o preço médio do quilo da costela em Campo Grande era de R$ 21,75, neste ano, a média de preço encontrada é de R$ 21,28, ou seja, menor que há dois anos.

Quando a comparação é com o ano anterior, a queda é de 14,81%, já que no mesmo período de 2022 o quilo do corte custava R$ 24,98.

A picanha tem preço médio de R$ 73,26, enquanto no ano passado o consumidor pagava R$ 79,90, gerando uma diferença de R$ 6,64 (ou 8,31%) no corte preferido no churrasco dos brasileiros.

O coxão mole e o coxão duro também aparecem com médias de preço abaixo das encontradas nos anos de 2021 e 2022. Há dois anos, o coxão mole era comercializado a R$ 40,35, e o coxão duro, a R$ 36,55. No ano passado ambos os cortes custavam R$ 43,98.

coxão mole apresentou uma redução de 13,77% em relação ao ano passado e é comercializado a R$ 37,92, enquanto o coxão duro registrou queda de 19,07% e passou a custar R$ 35,59, em média.

Entre as carnes de segunda, o músculo é o corte que mais caiu entre 2022 e este ano. A queda registrada é de 22%, saindo de R$ 37,98, em 2022, e passando a R$ 29,62 neste ano. O valor é semelhante ao praticado em 2021, quando o corte custava, em média, R$ 29,43.

Ao analisar o cenário atual, o economista Eduardo Matos traz algumas explicações sobre a oscilação de preços no Estado. “A flutuação se dá, principalmente, em razão de efeitos de preços.

Nos mercados que têm origem no agro são mais evidentes as regras básicas de economia em que o aumento de preços estimula a expansão da oferta, que, em um momento seguinte, faz com que os preços caiam”.

Complementando a análise, Matos destaca também outros pontos que impactam diretamente as mudanças no mercado da carne, como é o caso das reduções em produtos derivados de petróleo. “A queda no diesel é um fator que reduz o preço logístico desses itens”, conclui.

ARROBA
Outro impacto importante citado pelos especialistas é o aumento da oferta de gado e a consequente desvalorização do valor pago ao produtor. De acordo com o boletim da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), a arroba do boi chegou a bater R$ 308 em abril do ano passado.

O principal motivo da queda é a alta na oferta de animais, justifica o último boletim de pecuária da federação.

“A demanda não apresentou desempenho capaz de anular os efeitos da oferta de animais prontos para abate, que, historicamente, costuma ser mais abundante no encerramento da safra. No comparativo anual, os preços em 2023 estão ainda mais depreciados. Efeito claro da oferta expressiva de animais, em especial do maior número de fêmeas”, detalha o informativo.

A baixa é positiva do ponto de vista do consumidor, mas uma má notícia para os produtores, que desde o início do ano aguardavam poder finalmente iniciar um momento de recuperação do setor.

O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Guilherme Bumlai, disse ao Correio do Estado que no ano passado já havia ocorrido um desempenho ruim.

“Era o momento em que o setor estava querendo reagir, mas não pôde. O ano passado inteiro foi muito ruim, então, a expectativa era para agora”, comenta.

O relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, reforça que os preços do boi gordo continuaram perdendo sustentação ao longo de maio, mesmo após o reestabelecimento das exportações para a China, no fim de março.

“O movimento baixista ocorrido no mercado físico se intensificou diante da boa oferta de gado, o que permitiu aos frigoríficos alongarem as escalas de abates e exercerem maior pressão na originação. A queda da carne no atacado, embora menor que a do boi, também influenciou”, detalha o documento.

O boletim da consultoria ainda detalha que o movimento de baixa acabou pesando também sobre o bezerro. O animal em Mato Grosso do Sul esteve cotado em média a R$ 2.286 por cabeça no mês, queda de 6% em relação ao mês anterior.

Os contratos futuros do boi gordo nos vencimentos do último trimestre do ano perderam entre R$ 25 e R$ 33 por arroba nos últimos 30 dias, diante do enfraquecimento dos preços no físico.

“Caso os preços futuros do boi se recuperem um pouco e/ou o milho caia mais, o resultado projetado para os confinamentos voltará a ficar interessante. Cabe destacar que, apesar da desvalorização do boi gordo neste ano, os custos de confinamento também vêm cedendo expressivamente tanto o animal magro quanto os insumos da ração”.

O relatório Agro Mensal ainda aponta que a perspectiva é de melhora para os próximos meses.
“É de se esperar que, na medida em que o período seco se instalar, o volume de gado de pasto destinado ao abate modere, abrindo espaço para um certo ajuste das cotações”.

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