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terça-feira, novembro 26, 2024
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General amigo de Bolsonaro estava em Campo Grande no dia da operação deflagrada pela PF

Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal na última sexta-feira (11) na residência do general do Exército Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), na cidade de Niterói (RJ), o militar estava em Campo Grande (MS).

Segundo apurou a reportagem do Correio do Estado, o “General Cid”, como é mais conhecido, estaria na capital de Mato Grosso do Sul passando uns dias com a filha, que mora em um dos edifícios do residencial Vitalitá Condominium Club, localizado em frente ao Parque do Sóter, no Bairro Vila Margarida, em Campo Grande.

Os mandados cumpridos pela PF foram frutos da “Operação Lucas 12:2”, que foi batizada com esse nome por fazer alusão ao versículo da Bíblia que diz: “Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido”.

A operação foi deflagrada pela força de segurança pública federal para aprofundar a investigação de um esquema de desvio e venda no exterior dos bens dados de presente ao ex-presidente Jair Bolsonaro durante as missões oficiais, portanto, pertencentes ao patrimônio público, cujo recursos gerados com a comercialização das joias eram repassados para Bolsonaro em dinheiro vivo.

A reportagem ainda apurou que o General Cid ainda pode estar em Campo Grande com a filha, passando o “Dia dos Pais”, que foi celebrado neste domingo, já que com relação aos seus outros dois filhos, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid e o empresário Daniel Barbosa Cid, o primeiro está preso em Brasília (DF) e o segundo mora em uma mansão na cidade de Temecula, no sul da Califórnia, nos Estados Unidos.

O General Cid foi colega de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras na década de 70 e teria tentado vender uma das joias entre os dias 3 e 4 de janeiro deste ano, mas não conseguiu porque o item, uma palmeira, era apenas folheada a ouro, sendo que há ainda mensagens dele informando ao filho que R$ 25 mil precisavam ser entregues ao ex-presidente para que a origem fosse preservada.

Participação do General
As investigações sobre as tentativas do entorno de Jair Bolsonaro de fazer dinheiro com a venda de presentes recebidos de autoridades estrangeiras descobriram que o pai do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, que se encarregou de negociar os itens nos Estados Unidos, onde estava vivendo na época.

O General Cid tinha sido nomeado pelo então presidente da República como chefe do escritório de negócios da Apex Brasil em Miami, na Flórida (EUA), sendo que pelo posto de comando na agência do governo federal, que promove as exportações brasileiras, ele recebia em dólares um salário equivalente a R$ 80 mil.

Os investigadores descobriram que, nos Estados Unidos, o pai de Mauro Cid, o notório tenente-coronel que foi ajudante de ordens e é até hoje um dos homens de confiança de Bolsonaro, buscou clientes para joias que o entorno presidencial tentava vender.

Silêncio
A maioria dos políticos bolsonaristas com mandatos em Mato Grosso do Sul se calou sobre a operação deflagrada pela Polícia Federal para aprofundar a investigação de um esquema de desvio e venda no exterior dos bens dados de presente ao ex-presidente Jair Bolsonaro, durante missões oficiais, portanto, pertencentes ao patrimônio público.

Foram alvos de busca e apreensão o General Cid, o advogado Frederick Wassef, o assessor Osmar Crivelatti e o próprio Mauro Cid, que teriam, conforme a investigação da PF, faturado pelo menos R$ 1 milhão com a venda dessas joias.

O Correio do Estado procurou os três deputados estaduais do PL – Coronel David, Neno Razu e João Henrique Catan -, o deputado estadual do PRTB, Rafael Tavares, os deputados federais do PL – Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira -, o deputado federal Dr. Luiz Ovando (PP-MS) e a senadora Tereza Cristina (PP-MS), porém, apenas João Henrique Catan, Marcos Pollon e Dr. Luiz Ovando comentaram o fato e se solidarizaram com Bolsonaro.

“Bolsonaro usa um relógio da marca Casio, de plástico. Se ele ganhou um relógio caro e não quis ficar com ele, ou pior, teve de vender para pagar a conta do ativismo judicial, não vejo problema”, ressaltou o parlamentar sul-mato-grossense.

Para ele, “hipocrisia é usar um relógio Piaget na mão que falta um dedo, ser condenado por desvio de recurso público, gastar fortuna em hotel caro e depois exigir distância do povo, fingindo gostar de estar no meio do povo que o elegeu”.

João Henrique Catan referiu-se ao relógio usado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em tempo, recentemente, Lula revelou que o relógio Piaget, avaliado em R$ 84 mil, foi um presente que ganhou no seu primeiro mandato e o encontrou em meio ao seu acervo, onde estariam milhares de presentes recebidos durante os dois mandatos.

Já Marcos Pollon disse que se trata de mais uma ação da esquerda para denegrir a imagem do ex-presidente da República. “Ao que parece, é apenas mais uma narrativa criada pela esquerda para tentar denegrir a imagem do presidente Bolsonaro. Sei que o presidente é um homem extremamente íntegro”, reforçou.

Por sua vez, Dr. Luiz Ovando considerou a notícia lamentável. “Como a operação foi batizada de Lucas 12:2, em alusão à descoberta de fatos, eu posso colocar um outro versículo que diz que não há um só justo que nunca peque (Ecles. 7:20). Isso não é para defender Bolsonaro, mas para dizer que o erro passa a ser relativo quando se inocenta um indivíduo que causou prejuízo à nação de mais de R$ 8,5 trilhões”, declarou, referindo-se ao presidente Lula.

O deputado federal completou que, quanto às joias, é preciso entender o conceito de presente. “Se pertencer ao presenteado, creio que poderá fazer o que quiser com as joias, inclusive vendê-las. Se há restrição e foi desobedecida, cabe apuração, defesa e punição. Só lembro que esse ordenamento jurídico desprezado que libertou um, não poderá ser usado para condenar outro. Está carcomido e apodrecido”, finalizou.

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