De última hora, o deputado estadual reeleito João Henrique Catan (PL) decidiu lançar candidatura ao cargo de primeiro-secretário da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) para enfrentar o candidato do governo, que a priori deve ser o deputado estadual reeleito Paulo Corrêa (PSDB).
No entanto, até ontem, o parlamentar não tinha comunicado aos colegas de partido – deputados estaduais reeleitos Coronel David e Neno Razuk – a decisão de entrar na disputa pelo cargo, que será definido na manhã desta quarta-feira, quando os 24 parlamentares votarão para a escolha da nova Mesa Diretora para a 12ª legislatura da Casa de Leis.
Segundo fontes ouvidas pelo Correio do Estado, a decisão de João Henrique Catan não teria sido bem-aceita pelos colegas de partido na Assembleia Legislativa, e os dois estariam propensos a votar no candidato definido pelo governo.
Pelo estatuto interno do PL, a votação dos deputados estaduais do partido, neste caso, precisa de orientação da executiva estadual, como define o inciso 10 do estatuto da legenda.
A reportagem entrou em contato com os três parlamentares, mas apenas João Henrique Catan retornou, confirmando a candidatura e explicando o motivo de optar por lançar seu nome para concorrer ao cargo agora.
“Conversando com alguns colegas parlamentares, especialmente após o processo eleitoral, o sentimento coletivo é de indignação com a velha política e o velho sistema de classificação do ‘tamanho’ de cada parlamentar”, disse ao Correio do Estado.
O deputado estadual reeleito ainda acrescentou que a “estrutura política, os acordos e os destaques sempre ajudam, com exclusividade, os mesmos atores”, e isso precisaria ser mudado.
“Da maneira que está, há uma hipertrofia em prejuízo dos ‘menores’. Dessa forma, a minha candidatura visa equilibrar o jogo, dando alternância de poderes, de visão e fortalecendo o Poder Legislativo e a atuação individual de todos os parlamentares”, declarou João Henrique Catan.
2ª secretaria
Conforme publicado na edição de sexta-feira do Correio do Estado, o PL também está de olho na segunda-secretaria da Casa da Leis, com a candidatura do deputado estadual reeleito Coronel David.
No entanto, a disputa pelo cargo com o deputado estadual reeleito Pedro Kemp (PT) pode provocar um racha na base aliada do governador Eduardo Riedel (PSDB) na Assembleia Legislativa.
No almoço realizado na quarta-feira (25) entre Riedel e os parlamentares, fontes ouvidas pela reportagem revelaram que tentaram dissuadir Coronel David do interesse pelo cargo, mas não tiveram sucesso, pelo contrário, os ânimos ficaram mais acirrados.
Além disso, até dentro do primeiro escalão do governo, muitos entendem que o PT já foi contemplado com cargos na administração estadual e, portanto, não precisariam mais integrar a Mesa Diretora da Alems.
Esses mesmos integrantes da gestão estadual também argumentaram que a 2ª secretaria da Casa de Leis seria até pouco, pela lealdade demonstrada por Coronel David nas eleições gerais do ano passado, quando se posicionou em favor da candidatura de Eduardo Riedel para governador.
A reportagem entrou em contato com alguns deputados estaduais sobre a disputa pelo cargo entre David e Kemp, e a maioria disse estar do lado do parlamentar do PL.
Dessa forma, o deputado estadual Coronel David só perderia a 2ª secretaria da Mesa Diretora no voto caso haja interferência externa. Se isso não ocorrer, dificilmente o deputado estadual Pedro Kemp venceria.
Na eventualidade de ocorrer essa interferência, fontes próximas ao deputado estadual do PL dizem que ele pode se distanciar da base aliada, dificultando um pouco a “harmonia” pregada pelo governador no almoço com os parlamentares.
Procurado pelo Correio do Estado, Coronel David não confirmou um possível afastamento da base aliada do governador Riedel, mas reforçou que não abrirá mão da disputa pela 2ª secretaria da Assembleia Legislativa.
“Minha ideologia é de direita, enquanto a do Pedro [Kemp] é de esquerda, o que inviabiliza que possamos votar um no outro. Acredito que obterei os votos necessários para ser eleito para o cargo”, acrescentou o parlamentar do PL.
A reportagem obteve a informação de que Coronel David já teria os apoios dos deputados estaduais Zé Teixeira (PSDB), Neno Razuk (PL), João Henrique Catan (PL), Pedro Pedrossian Neto (PSD), Antonio Vaz (Republicanos), Rinaldo Modesto (Podemos), Roberto Hashioka (União Brasil), Lucas de Lima (PDT), Jamilson Name (PSDB) e Rafael Tavares (PRTB), além do próprio voto.
Com informações do Correio do Estado