O estado de Mato Grosso do Sul será contemplado com pelo menos R$ 10 bilhões em investimentos na nova versão do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), que será lançada nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro (RJ), pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os recursos não virão todos somente do caixa da União, mas também de empresas controladas pelo poder público, como a Itaipu Binacional e a Petrobras, conforme apurou o Correio do Estado.
Uma das estrelas do anúncio é a conclusão da obra da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), da Petrobras, localizada no município de Três Lagoas, a qual também recebe outra sigla: Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados de Mato Grosso do Sul, a Fafen-MS.
No evento, também participarão o coordenador da bancada federal de Mato Grosso do Sul, deputado federal Vander Loubet (PT), e o governador do Estado, Eduardo Riedel. Segundo o parlamentar, somente na UFN3, o investimento deve se aproximar dos R$ 5 bilhões.
Contudo, uma outra obra muito esperada pela população sul-mato-grossense poderá roubar a cena, surpreendendo quem estiver na apresentação do novo PAC: a duplicação de boa parte da BR-262, no trecho entre Campo Grande e Três Lagoas. A obra também seria um dos investimentos que deve puxar o novo programa do governo federal no Estado.
O PAC ainda confirmará para Mato Grosso do Sul outra obra que vinha emperrando a consolidação da Rota Bioceânica. Trata-se da construção de todo o complexo de acesso à ponte sobre o Rio Paraguai, entre Porto Murtinho, no lado brasileiro, e Carmelo Peralta, cidade do país vizinho.
O acesso à ponte tem sido um entrave para a consolidação da rota desde que ela foi lançada em 2018, ainda no governo de Michel Temer (MDB). A União teria se comprometido a construí-lo, mas desde então, seja na gestão Temer, seja na administração de Jair Bolsonaro (PL), os recursos públicos não foram liberados.
Uma quarta obra que estará no PAC e que também tem ligação ao projeto da Rota Bioceânica é a recuperação total do trecho da BR-267 entre o acesso a Caracol e o município de Porto Murtinho.
“O movimento já aumentou bastante na região e vai aumentar ainda mais. Por isso é uma obra estratégica”, comentou Vander Loubet, que tem atuado pessoalmente com o presidente Lula no planejamento do PAC em Mato Grosso do Sul.
O Correio do Estado também apurou que uma quinta iniciativa também constará no novo PAC: a correção de trechos do Rio Paraguai onde há indícios de assoreamento, a fim de viabilizar a navegação na hidrovia Paraguai-Paraná, importante trecho do escoamento de minério de ferro e soja produzidos no Estado.
Importância estratégica
Mato Grosso do Sul deve ser um dos protagonistas do novo PAC. Isso porque a retomada da obra da UFN3 e a reativação da fábrica de fertilizantes da Petrobras em Araucária (PR) marcarão o retorno da estatal à produção do insumo.
Além disso, a Petrobras deve formalizar uma parceria com duas fábricas de fertilizantes que já foram suas, vendidas recentemente, e que estavam paralisadas: as antigas Fafen-BA e Fafen-SE, respectivamente, na Bahia e em Sergipe, atualmente pertencentes à Unigel. A expectativa é que o retorno da estatal a esse mercado torne o Brasil menos dependente das importações de fertilizantes químicos.
A fábrica de Três Lagoas, por exemplo, que está 80% concluída, seria capaz de produzir anualmente 1,2 milhão de toneladas de ureia e 70 mil toneladas de amônia, usando como matéria-prima o gás natural transportado pelo Gasoduto Bolívia-Brasil. Para a conclusão da UFN3, porém, a Petrobras precisará desembolsar aproximados R$ 5 bilhões (US$ 1 bilhão), conforme apurou o Correio do Estado.
US$ 1 trilhão
Nos bastidores, há a indicação de que, para todo o País, o novo PAC deve ter investimentos de R$ 1 trilhão nos próximos quatro anos.