TV NIKKEY MS
Incentivar a autoestima e o empoderamento social. Com essa proposta, um grupo de 70 mulheres do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do Cras Vida Nova, assistiu, esta semana, a uma sessão do filme “A Mulher Rei”, no Shopping Bosque dos Ipês.
A iniciativa faz parte de um projeto idealizado pela Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica de Mato Grosso do Sul (ABCJ-MS), e visa encorajar as mulheres a não se submeterem a nenhum tipo de violência.
“O projeto foi desenvolvido com a finalidade de, através da cultura, melhorar a autoestima por meio do conhecimento da história de outras mulheres, principalmente guerreiras. O filme foi produzido e protagonizado por mulheres pretas e isso é muito relevante porque só conhecemos a história de heróis homens e acredito que através da cultura vamos conseguir que as mulheres tenham um maior empoderamento conhecendo a história de outras líderes”, frisou a presidente da ABCJ-MS, Rachel de Paula Magrini Sanches, que também pontuou a importância da gestão municipal em abraçar o projeto.
Na opinião da Superintendente da Proteção Social Básica da SAS, Inês Mongenot, a oportunidade de assistir o filme foi fundamental porque possibilitou acesso à informação de forma lúdica. “Vivenciar uma experiência que garanta o desenvolvimento de potencialidades e a ampliação do universo informacional e cultural, por meio do entretenimento tem um resultado mais eficaz porque muitas puderam reconhecer elementos de sua realidade na obra”, disse.
Boas experiências
O filme “A Mulher Rei” acompanha a trajetória de Nanisca (Viola Davis) que foi uma comandante do exército do Reino de Daomé, um dos locais mais poderosos da África nos séculos XVII e XIX. Durante o período, o grupo militar era composto apenas por mulheres que, juntas, combateram os colonizadores franceses, tribos rivais e todos os invasores que tentaram escravizar seu povo e destruir suas terras.
O grupo foi criado por conta de sua população masculina enfrentar altas baixas na violência e guerra cada vez mais frequentes com os estados vizinhos da África Ocidental, o que fez com que mulheres fossem alistadas para o combate.
A oportunidade de refletir sobre situações vivenciadas no cotidiano foi além de assistir uma obra cinematográfica. Para muitas mulheres do Cras, ir ao shopping e desfrutar de uma sessão de cinema pela primeira vez na vida, com direito a kit lanche, pipoca e refrigerante, foi uma conquista que emocionou o grupo.
“Confesso que foi uma realização profissional acompanhar as usuárias do Cras na experiência de ir a uma sessão de cinema, principalmente para ver um filme que as encorajou a não abrirem mãos de seus sonhos e direitos mesmo diante de dificuldades. Foi uma sensação indescritível”, ressaltou a coordenadora da unidade, Adriana Nascimento Lopez.
Foi, inclusive, um convite realizado pela coordenadora do Cras Vida Nova que proporcionou à cuidadora de idosos Maria Tereza Toledo Céspedes, 75, a emoção de entrar em uma sala de cinema pela primeira vez. Morando em Campo Grande há 12 anos, ela conta que sempre trabalhou em casa de família e nunca teve tempo e condições de arcar com as despesas de uma ida ao cinema.
Aceitar o convite para frequentar o Cras levou tempo, já que a cuidadora passa por um tratamento contra a depressão, mas após sua primeira visita na unidade, ela diz que sua vida tem se transformado. “Fico tão ansiosa que começo a me preparar um dia antes das atividades. Adorei o filme e a mensagem, tanto que falei dele para uma amiga que está passando por situações parecidas mostradas na história”, revelou Maria Tereza, que, apesar de morar no bairro Oscar Salazar, foi esta semana ao Centro de Convivência Colúmbia participar de um curso de esfirras. “Tem sido ótimo para minha saúde mental. Não fico mais sem as atividades oferecidas no Cras”, concluiu.
