Levantamento do ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) revela que, de 1º de janeiro até ontem (15), cinco pessoas morreram após a colisão dos veículos onde estavam com antas nas pistas de rolamento das rodovias que cortam Mato Grosso do Sul.
Ainda de acordo com o Instituto, entre 2017 e 2020, Mato Grosso do Sul registrou mais de 10 mil colisões de veículos automotores com animais silvestres nas rodovias do Estado.
Após cinco acidentes de trânsito com mortes envolvendo atropelamento de antas nas rodovias que cortam Mato Grosso do Sul, as entidades de proteção aos animais cobram do Poder Público medidas efetivas que possam evitar ou ao menos mitigar tantos casos.
A coordenadora da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira, Patricia Medici, explicou que algumas medidas podem ajudar a diminuir os casos de atropelamentos, tanto da fauna silvestre, quanto da fauna doméstica.
Ela explicou que há um corpo de ciência consolidado em torno dessas ferramentas de mitigação e, algumas delas, são mais efetivas do que outras, como, por exemplo, a construção de passagens inferiores ou superiores para animais selvagens e domésticos nas rodovias.
No caso de passagens inferiores, Patricia Medici refere-se a túneis sob as pistas automotivas, enquanto no caso de passagem superiores, ela cita as cercas que encaminham os animais para trechos mais tranquilos das rodovias.
Para a especialista, as cercas instaladas ao longo de trechos das rodovias guiam os animais para os locais mais seguros para uma travessia.
Ainda sobre outras medidas, como placas de alerta e radares para redução da velocidade dos veículos, a coordenadora não acredita que sejam totalmente eficazes, já que o condutor costuma diminuir a velocidade apenas nesses trechos, voltando a acelerar na sequência, o que não impede que atinja o animal mais adiante.
Conforme o estudo do INCAB-IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas), Mato Grosso do Sul tem cerca 8 mil quilômetros de rodovias e, dessas, foram feitos monitoramentos de trechos de 34 rodovias federais e estaduais, sendo aproximadamente 6 mil quilômetros de vias observadas.
A análise dos dados coletados demonstrou que alguns trechos têm maior concentração de eventos de colisões com antas na comparação com outras vias rodoviárias. Esses trechos são chamados de hotspots, sendo que eles ficam na BR-267, BR-262 e MS-040 e os quais detêm aproximadamente 80% de todos os registros.
Na BR-262, o monitoramento do ICAS mostrou que foram registrados 6.650 animais mortos em três anos, o que corresponde a uma média de 180 animais mortos por mês. Entre os animais silvestres atropelados estão espécies ameaçadas de extinção como a anta, o tamanduá-bandeira, o cervo-do-Pantanal e o lobo-guará.
Como a maior parte dos atropelamentos de antas ocorreu na MS-040, o trecho ficou conhecido como “Rodovia das Antas” e, no local, depois de sete anos de monitoramento, o INCAB-IPÊ levantou que cerca de 40% ocorreram nesta rodovia.
Um problema que afeta a fauna e também condutores que trafegam pela região. No caso específico da anta o problema maior, de acordo com o INCAB-IPÊ, é o fato do ciclo reprodutivo do animal ser lento e com as mortes a espécie pode acabar diminuindo drasticamente.