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sábado, novembro 23, 2024
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Grupo de Simone articula para tirar Puccinelli e assumir o MDB

Os dias de comando do ex-governador André Puccinelli à frente do MDB de Mato Grosso do Sul podem estar contados em razão do fortalecimento nacional de Simone Tebet, que se licenciou do mandato de senadora para assumir o Ministério do Planejamento no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Fontes ouvidas pela reportagem do Correio do Estado revelaram que o grupo encabeçado pela parlamentar licenciada pretende assumir o controle da legenda em represália ao fato de o diretório estadual da sigla não ter apoiado sua candidatura à Presidência da República nas eleições do ano passado.

Segundo essas mesmas fontes, o primeiro ato desse projeto de poder do grupo é o lançamento da candidatura do deputado estadual reeleito Marcio Fernandes à presidência do Diretório Estadual do MDB, disputando o cargo com o atual presidente, deputado estadual eleito Junior Mochi.

Essa candidatura seria um recado direto a André Puccinelli de que seu grupo, que além de Junior Mochi também conta com o ex-senador Waldemir Moka, enfrentará resistência a partir de agora.

O grupo encabeçado por Simone Tebet, além de Marcio Fernandes, contaria ainda com o deputado estadual licenciado Eduardo Rocha, marido da ministra, e com o deputado estadual reeleito Renato Câmara.

Além da projeção nacional graças ao bom desempenho de Tebet na eleição presidencial do ano passado, quando ficou em 3º lugar, e com a conquista do Ministério do Planejamento por ela, o grupo também obteve relevância estadual com a escolha de Eduardo Rocha para secretário-chefe da Casa Civil no governo de Eduardo Riedel (PSDB) – ele já era o secretário estadual de governo na gestão do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB).

Essa projeção em nível local e nacional acabou por credenciar o grupo de Simone Tebet a alçar voos mais altos em Mato Grosso do Sul, batendo de frente com André Puccinelli, que neste início de ano ficou ativo nas suas mídias sociais já de olho nas eleições municipais de 2024.

De acordo com as fontes ouvidas pelo Correio do Estado, essa “pré-campanha” antecipada pelo ex-governador para prefeito de Campo Grande teria provocado a ira do novo grupo, que não considera mais o nome dele viável para disputar nenhuma eleição pelo MDB no Estado.

Ministra

Em conversa com o Correio do Estado, Simone Tebet disse que nunca teve outro partido na sua vida pública senão o MDB.

“Essa fidelidade partidária eu sei que é coisa que muitos até questionam, considerando como algo menor, mas, para mim, é fundamental, e faço e fiz política sempre sob as hostes da legenda”, declarou.

Ela acrescentou que tem grandes companheiros dentro da sigla e, sobre a troca de comando, afirmou que essa é uma decisão que será tomada em momento oportuno pelo próprio MDB.

“O partido tem excelentes pessoas nos seus quadros e ainda não tive tempo de me reunir com os companheiros para saber qual a decisão em relação à nova direção partidária”, revelou a ministra.

Simone Tebet frisou que o mandato do atual presidente [deputado estadual eleito Junior Mochi] só termina no meio do ano.

“Então, temos tempo para analisar de forma coletiva qual vai ser o melhor caminho que o MDB vai seguir internamente e, depois, obviamente, os espaços de parceria, não só com o governo estadual, mas também com o governo federal”, projetou.

Primeiro embate

Com eleição para a presidência do Diretório Estadual do MDB programada para janeiro deste ano, os dois grupos devem disputar voto a voto e será um tira-teima sobre quem comandará a legenda em Mato Grosso do Sul nos próximos anos.

As “feridas” surgidas durante as eleições gerais deste ano dentro do MDB do Estado ainda estão abertas, tanto para o grupo ligado à ministra quanto para o grupo capitaneado por André Puccinelli.

Em entrevista ao Correio do Estado, Eduardo Rocha disse que ainda está filiado ao MDB, mas está afastado, e, por isso, pretende conversar com as outras lideranças da sigla para saber se elas consideram importante que ele continue na legenda.

Apesar de dizer que não guarda mágoa pelo fato de a candidatura da esposa não ter recebido apoio do partido em Mato Grosso do Sul, fez questão de frisar: “Simone não recebeu nenhum apoio do MDB na campanha para presidente da República, mas a eleição passou. A gente entende que era um momento de polarização muito forte e as pessoas ou eram Jair Bolsonaro [PL], ou eram Lula, e não teve respaldo do partido, tocando a campanha dela sozinha”, disse.

Ele garantiu que o domicílio eleitoral da futura ministra do Planejamento continua em Campo Grande e não há previsão de mudar como chegou a ser cogitado.

Já Marcio Fernandes confirmou ao Correio do Estado que vai mesmo disputar a presidência do Diretório do MDB em Mato Grosso do Sul e que está construindo essa possibilidade.

“Estamos construindo isso com os deputados estaduais do partido e também com Eduardo Rocha e Simone Tebet. Eu acredito que temos um caminho a ser construído com parceiros que já tivemos por muitos anos e sempre obtivemos sucesso”, declarou.

O deputado referiu-se ao PSDB, com quem a legenda caminhou lado a lado na Assembleia Legislativa, governo do Estado, Câmara Municipal e Senado Federal.

Ele também prega a oxigenação do MDB e a volta de Simone Tebet e do marido Eduardo Rocha.

“Sobre a possibilidade de assumir o comando do diretório, se esse for o entendimento também das lideranças do MDB, e acredito que seja, eu estarei à disposição para cumprir essa missão”, assegurou.

No entanto, Junior Mochi garantiu à reportagem do Correio do Estado que ainda é muito cedo para dizer se terá ou não uma disputa pela presidência do diretório estadual do partido.

“Não temos nem sequer a data definida para acontecer a eleição e, por isso, é prematuro falarmos sobre isso”, destacou o presidente, completando que Eduardo Rocha está apenas licenciado do MDB, mas ainda é filiado.

“Portanto, ele é sempre bem-vindo. Jamais as portas da legenda estiveram fechadas para ele”, reforçou. Entretanto, durante a cerimônia de diplomação dos candidatos eleitos neste ano, o ex-governador André Puccinelli não escondeu a mágoa com dois dos três deputados eleitos pela sigla.

Quando foi questionado sobre o MDB e as articulações políticas, André disse que aguarda para saber quantos lhe gostam e quantos não lhe gostam no partido, deixando claro que os “desafetos” seriam Marcio Fernandes e o deputado estadual reeleito Renato Câmara.

Ele ainda destacou que agora não pode contar nem com os companheiros, referindo-se novamente aos dois deputados estaduais.

No momento, a presidência do MDB está garantida com Junior Mochi até o meio do ano, apesar de seu mandato ter sido findado no dia 19 de dezembro do ano passado, foi prorrogado por mais seis meses.

Com informações do Correio do Estado

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