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Caso Sophia: padrasto cobrou mãe após morte de enteada sobre status de relacionamento

O caso da menina Sophia Ocampo, de apenas 2 anos de idade, que foi morta há seis meses em Campo Grande (MS) pelo padrasto Christian Leitheim com conivência da mãe Stephanie de Jesus da Silva, teve mais um desdobramento. De acordo com matéria publicada pelo site Campo Grande News, o diálogo travado pelo casal em 26 de janeiro, dia da constatação do óbito e prisões, é bastante esclarecedor.

A conversa, possivelmente, será usada tanto pela acusação quanto pelas defesas dos réus para a sustentação de suas teses sobre o que aconteceu no dia da morte da criança. Enquanto mêses atrás, policiais do GOI (Grupo de Operações e Investigações), que deram o start nas apurações do caso, tiveram acesso às mensagens trocadas entre Christian Campoçano Leitheim e Stephanie de Jesus da Silva pelo celular, destravado pela própria jovem agora, com três horas de diálogo no WhatsApp.

Para a Polícia Civil, o casal tentou combinar versão sobre o ocorrido, o que indica que eles já sabiam que a vítima estava morta quando decidiram levá-la para UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Coronel Antonino, mas, toda a troca de mensagens de texto e áudio revela muito mais da tensão entre os dois, naquele dia. Stephanie da Silva diz mais de uma vez que está confusa. “Eu não tô raciocinando direito”, disse.

Christian Leitheim a pressiona o tempo todo para saber o que aconteceu no posto de saúde, dizendo que vai sair da vida da mulher e até perguntando sobre o futuro do relacionamento deles. Quando ela pede ajuda, ele nega: “Não vou servir de nada aí. Só para ser preso”. Apesar do nervosismo, há dois momentos em que os dois se preocupam em usar o português corretamente. Ela escreve que está “passando mau” e depois corrige a última palavra “mal”. Ele, por sua vez, corrige o “mas” escrito no lugar de “mais”.

Em junho, foi divulgada parte da conversa que foi parar no relatório do GOI, sendo um trecho que se passa em cerca de 20 minutos, logo após a “descoberta” da morte pelo casal. Nesse curto espaço de tempo, Christian Leitheim fala em suicídio pelo menos quatro vezes. “Falaram que ela* morreu… faz tempo”, diz a mãe por áudio, chorando, conforme descrito no relatório.

“Não… Não… Mentira velho…”, responde Christian Leitheim, que, neste momento, chega a “admitir culpa” pela morte da enteada. “Eu sou um lixo de pai, eu sou um lixo” e “É tudo culpa minha, tudo culpa minha. Eu vou me matar” são algumas das frases ditas por ele.

Stephanie da Silva fica em silêncio, mas ele continua: “É tudo culpa minha, desculpa. Eu vou sair da sua vida”. Aparentemente pressionada por todo o contexto e pela chegada de policiais à UPA, parte da mãe a iniciativa de combinar versão sobre o ocorrido com a criança: “Os policiais estão aqui. Que que eu faço?”.

Ele devolve a pergunta: “Do que?”. “Por causa dos hematomas”, afirma a mulher e no minuto seguinte, Christian Leitheim faz mais uma ameaça de suicídio: “Eu não sei, inventa algo. Ou me manda preso. Fala que se machucou no escorregador do parquinho. Igual da outra vez. Me manda preso. Me responde, cara. Tô indo me matar no pontilhão”, diz, ressaltando que o casal já havia passado por situação semelhante e mentiu.

“Eu vou me matar. Tô saindo. Não vou levar o celular, nem identidade, pra quando me acharem, demorar para reconhecer ainda. Desculpa, Stephanie”, diz Christian Leitheim. Ele não para de enviar mensagens: “Vou sair da sua vida. Eu sei que depois de hoje a gente não vai mas [sic] conseguir ficar juntos”. Mas logo, no mesmo minuto, ele muda de ideia sobre tirar a própria vida: “Me manda preso pra eu pelo menos me sentir menos culpado. Se eu tivesse te escutado aquela hora, ela tava [sic] bem agora”.

A mãe da criança ignora e faz outra revelação: “Disseram que ela foi estuprada”. O marido nega, manda várias mensagens e três áudios seguidos, enquanto Stephanie explica que estava falando com a polícia e Christian Leitheim insiste em saber se os dois estão juntos ainda: “Você quer ou não continuar comigo? Eu tô quase saindo para fazer merda. Depende da sua resposta”. Ela responde com o sucinto “sim”.

O padrasto diz que vai sair de casa para dar uma volta, depois volta a querer saber o que está acontecendo na UPA e Stephanie explica que não está podendo mexer no celular. Ele afirma que até pensou que ir até o posto de saúde, mas desistiu, e insiste: “Você não que mais ficar comigo né?”. A mulher afirma que quer, mas não está conseguindo pensar direito.

“Você tem certeza? Eu ia descer pra ficar aí contigo”, questiona Christian pela terceira vez e Stephanie confirma que os dois ainda são um casal. “Quero. O Jean [pai da menina] acabou de chegar aqui chorando”. Tudo termina quando a mãe da vítima diz para o marido não aparecer: “Amor, não vem por enquanto tá? Só se eles pedirem”. “Tomara que não”, finaliza o então suspeito.

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