Em um desabafo que ecoa por Campo Grande, mães de crianças com deficiência, lideradas por Maria de Sousa Ferreira, presidente da Associação de Mães de Pessoas com Deficiência (Amade), reivindicam agilidade no fornecimento de alimentos especiais, medicamentos e fraldas, essenciais para seus filhos.
Desde o ano passado, essas mães se veem obrigadas a recorrer à justiça contra a Prefeitura para garantir o acesso a tratamentos necessários, em um cenário de precariedade e ausência de assistência.
Maria Ferreira destacou que, apesar de considerar-se uma mãe privilegiada por ter uma filha com síndrome de Down, muitas mães enfrentam situações ainda mais difíceis. “Eu me considero uma mãe privilegiada de ter uma filha com síndrome de down. Porém, temos mães que têm filhos que requerem cuidados bem maiores, são crianças com paralisia cerebral que dependem de fralda, de medicação, de dieta, mas não tem condições de comprar. São mães que deixam de trabalhar para cuidar e dar amor aos filhos e que ao pedir apoio da gestão municipal sequer são ouvidas”, declarou Maria, em encontro com o candidato a prefeito Beto Pereira (PSDB).
Durante o desfile cívico em comemoração ao aniversário de Campo Grande, um grupo de mães levantou uma faixa com a frase impactante: “E se fosse seu filho? Nossos filhos existem e têm direitos decretados por liminar. Respeite as decisões judiciais”, demonstrando a insatisfação com a falta de respostas das autoridades.
A judicialização da saúde em Campo Grande custou cerca de R$ 100 milhões nos últimos sete anos, com um alto percentual dessas ações sendo direcionadas a cirurgias e medicamentos. Maria também revelou a dor e o desespero enfrentados por muitas mães que, em busca de recursos, acabam vendendo objetos pessoais para custear as necessidades de suas crianças.
“É angustiante ouvir de mães que pedem ajuda urgente para comprar fraldas ou alimentação adequada. Não existem medicamentos nas unidades de saúde como prometido”, lamentou Maria.
Muitas são mães solos, destaca Beto
Beto Pereira, ao reconhecer a gravidade da situação, enfatizou que muitas dessas mães são solteiras e carecem de apoio. Ele propôs um complemento de R$ 300 para pais beneficiários do programa estadual “Cuidar de Quem Cuida”, além de ressaltar que o governador Eduardo Riedel lançou um programa que irá pagar R$ 900 para cuidadores de pessoas com deficiência registrados no CadÚnico.
“Essas mães muitas vezes precisam se limitar ao trabalho informal devido à condição de seus filhos, e isso precisa mudar. É fundamental que olhemos com atenção especial para estas mães que, com amor e dedicação, cuidados de seus filhos, demandam da nossa sociedade um olhar mais compreensivo e justo”, concluiu Beto, reafirmando seu compromisso em transformar a realidade dessas famílias.