29.8 C
Campo Grande
domingo, maio 5, 2024
InícioEconomiaAgronegócioAtaques russos aos portos da Ucrânia podem deixar alimentos mais caros em...

Ataques russos aos portos da Ucrânia podem deixar alimentos mais caros em Mato Grosso do Sul

Os preços dos grãos no mercado internacional estão em alta desde terça-feira, quando o governo russo intensificou os ataques aos portos na Ucrânia. A Rússia ainda advertiu que qualquer navio avistado trafegando pelo Mar do Norte rumo à Ucrânia será considerado um potencial alvo militar. Apesar de o conflito ocorrer a milhares de quilômetros, o impacto é sentido em todo o mundo.

A intensificação do conflito entre os países pode encarecer produtos consumidos diariamente, como pão francês, macarrão, pizza e até mesmo a cerveja.

O acordo que permitia as exportações de grãos ucranianos por um corredor humanitário expirou no início da semana. Atualmente, Mato Grosso do Sul não tem negociações diretas com o mercado ucraniano, no entanto, pode sentir o impacto da alta do trigo. A Ucrânia é um dos principais fornecedores do produto no mercado internacional.

De acordo com o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, apesar de o Estado não ter nenhuma compra ou venda direta com o país, há um impacto na oferta mundial.

“Há um desequilíbrio na oferta mundial, especialmente na área do trigo. A Ucrânia é um grande exportador de trigo, acho que esse é o principal impacto. A preocupação é grande sobre um aquecimento de preços das commodities no mercado internacional e isso já aconteceu. Na verdade, não tem outro lugar para suprir essa oferta, por isso você tem aumento de preço”, afirma ao Correio do Estado.

REAJUSTE
No acumulado entre terça-feira e quarta-feira, os preços do trigo tiveram reajuste de 11,3% na Bolsa de Chicago. Os do milho subiram 9,3%. Os dois cereais estão na lista das exportações da Ucrânia. As exportações de grãos da Ucrânia são um fator importante na estabilidade dos preços globais. O país é um dos maiores exportadores mundiais de óleo de girassol, milho, trigo e cevada.

Apesar da importância da Ucrânia e da Rússia na oferta mundial de cereais, os preços não devem tomar as mesmas proporções do primeiro semestre do ano passado, após a invasão russa em território ucraniano, que ocorreu em fevereiro de 2022.

“A ausência desses produtos no mercado pode gerar um desabastecimento de grão na Europa. E isso pode gerar um aumento de preços destas commodities, alavancando os preços mundiais, o que pode favorecer o Brasil. Quanto ao trigo, o grande fornecedor que temos é a Argentina, que atravessa uma crise doméstica forte, gerando muitas incertezas para o mercado”, avalia o analista de Comércio Exterior Aldo Barrigosse.

O administrador Leandro Tortosa corrobora a análise sobre o trigo e adiciona o impacto a alimentos do dia a dia, como pão, cerveja, macarrão, entre outros derivados do trigo. “É possível, sim, que a gente veja um aumento no preço do trigo, porque a Ucrânia é o principal fornecedor, embora a Argentina também forneça uma boa parte do trigo que nós consumimos aqui na América do Sul, a cotação é em dólar, e com a cotação em dólar pode haver esse impacto. Então, a gente deve esperar um pãozinho francês um pouco mais caro”.

Tortosa ainda ressalta que o preço da cerveja também pode subir. “Nós compramos muito da Ucrânia, e a gente produz muito pouco da cevada aqui no Brasil, só uma pequena porcentagem do que nós consumimos. Então, a gente deve observar pelo menos uma pressão no preço de alguns derivados da cevada, como a cerveja, embora a gente não tenha como cravar que isso vai acontecer, precisamos acompanhar”, destaca.

O mestre em Economia Eugênio Pavão frisa que outro impacto com a intensificação da guerra será o encarecimento de insumos essenciais para a agricultura, já que o Estado importa insumos da Rússia.
“Provavelmente, teremos algum retorno da inflação dos alimentos. Dando, assim, margem para a manutenção dos juros altos e afetando novos investimentos no agronegócio”.

POSITIVO
Sob o ponto de vista positivo, Mato Grosso do Sul pode se beneficiar com a alta de preços das commodities no mercado internacional. Para este ano, o Estado tem perspectiva de safra recorde novamente.

“Vai existir uma pressão para aumento no valor dos alimentos, mas a gente não tem como cravar que isso vai acontecer de fato, porque existem outras questões no cenário. Por exemplo, o Brasil é um grande produtor de milho, de soja e de outros grãos. E nós estamos em uma safra recorde de milho e de soja, principalmente. Então, dependendo do que será afetado em termos de produção mundial, o Brasil consegue suprir rapidamente”, analisa Tortosa.

O secretário detalha que não há um impacto direto na economia sul-mato-grossense do ponto de vista da produção e de novos mercados. “O que pode ter um efeito derivado é, a partir do momento em que esses países não tiverem o trigo e o milho, pode haver um aumento no consumo de proteína, principalmente a questão do frango, mas ainda em uma questão mais marginal”, conclui Verruck.

Antes da guerra, a Ucrânia era o quinto maior exportador de trigo do mundo, respondendo por 10% das exportações, de acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

A Ucrânia está entre os três maiores exportadores mundiais de cevada, milho e óleo de colza, segundo a Gro Intelligence, uma empresa de dados agrícolas. É também, de longe, o maior exportador de óleo de girassol, respondendo por 46% das exportações mundiais, segundo as Nações Unidas.

A Rússia é o maior fornecedor global de fertilizantes, segundo a Gro Intelligence. Como parte do acordo mais amplo, um acordo relacionado foi negociado para facilitar os embarques de fertilizantes e grãos russos.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Most Popular