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quarta-feira, maio 8, 2024
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Academia Sul-Mato-Grossense de Letras: 50 anos guardando a identidade cultural de Mato Grosso do Sul

Entrevista com Henrique Alberto de Medeiros Filho       

(Marco ASA) – Quando Ulisses Serra, em outubro de 1971, juntou-se a José Couto Vieira Pontes e Germano Barros de Sousa para fundar a Academia de Letras de Campo Grande, talvez não imaginasse que, daquela casa de imortais, forjaria a identidade cultural de um novo estado, surgido apenas seis anos depois. Hoje, aos 50 anos, a Academia Sul-Mato-Grossense de Letras é um celeiro de letras, que guarda o passado e o presente da produção cultural de um estado, do modo de pensar de um povo e do registro das ranhuras culturais que formam a gente de Mato Grosso do Sul.

O presidente da ASL, Henrique Alberto de Medeiros Filho. (Foto: Rachid Waked)

Campo Grande Informe conversou com o jornalista, publicitário, escritor e um dos maiores fomentadores culturais de Mato Grosso do Sul, Henrique Alberto de Medeiros Filho que, desde 2017, está à frente da ASL.

CG Informe – Presidente, muito do que consideramos como identidade cultural de Mato Grosso do Sul surgiu ou foi pensado por membros da ASL. Fale da importância da Academia para o nosso estado.

Henrique de Medeiros – A Academia é uma das grandes fomentadoras da Cultura sul-mato-grossense, pela importância e trabalho de seus membros, bem como as ações voltadas ao fomento das belas-artes como um todo, principalmente a Literatura, no acreditar da força da leitura como fonte do desenvolvimento social.

CG Informe – A ASL surgiu seis anos antes da criação do Mato Grosso do Sul. Você credita parte da ânsia da criação de um novo estado surgiu nas reuniões de pensadores da antiga Academia de Letras e História de Campo Grande?

Henrique de Medeiros – Muitos membros da Academia pré-MS tinham dentro de si pensamentos similares em relação a um novo Estado. Mas, as ações e manifestações pró-divisão do Estado de Mato Grosso vêm de longa data, bem antes da Academia, em função das dificuldades históricas, geográficas, políticas e econômicas que sempre foram motivo de polêmica entre norte e sul da região.

CG Informe – O acervo dos imortais que já passaram e dos que hoje fazem parte da ASL é precioso para a história cultural. Há algum projeto de catálogo que seja acessível à população para estudos?

Henrique de Medeiros – A ASL coloca à disposição, de forma gratuita, através da sua home page, mais de 500 Suplementos Culturais com cerca de 3.500 textos em poesia e prosa de seus imortais. É uma riqueza literária que traz um grande acervo literário de seus membros. Da mesma forma, gratuitamente, estão disponíveis 25 exemplares de sua Revista Literária, com aproximadamente 4.500 páginas com textos dos acadêmicos. Isso é uma riqueza criativa à disposição pelo site da Academia: acletrasms.org.br

CG Informe – Hoje vemos, na Academia Brasileira de Letras, a abertura de cadeiras para artistas e profissionais de várias áreas, como a atuação e a música. A ASL pretende aceitar imortais de áreas diversas que contribuem para a produção cultural?

Henrique de Medeiros – Todos que estão participando da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras e que têm presença em outras áreas culturais, têm participação também na literatura. Há, hoje, uma simbiose das artes na ASL, mas sempre há presença de todos esses imortais também na Literatura.

CG Informe – Hoje vemos uma migração da produção cultural para os meios  digitais. Há mercado para os livros impressos ou teremos que reinventar a forma de oferecer as obras escritas para o consumidor final?

Henrique de Medeiros – Os livros impressos devem ainda demorar algum tempo para perderem todo esse espaço. Mas, sem dúvida, o avanço digital é grande, e aos poucos vem ocupando maior procura no mercado. É a modernização, que precisa criar e sedimentar novos hábitos, entre eles o da leitura eletrônica. A internet é algo que cresce principalmente nas últimas duas décadas, contra os outros anos de existência da humanidade, lendo. Mas, a partir do momento em que se criam gerações sobre gerações com novos hábitos, é algo a se acompanhar.

CG Informe – Há planos para que a ASL promova eventos e concursos que a aproxime da população e dos produtores culturais de todo o Estado?

Henrique de Medeiros – A ASL mantém seu Chá Acadêmico e sua Roda Acadêmica todos os meses, totalmente aberta com entrada franca à população, aos amantes da literatura, das belas-artes, dos produtores culturais. É uma forma de congraçamento daqueles que amam a leitura e suas consequências positivas na formação do pensar de uma sociedade.

CG Informe – Como o senhor vê a ASL no futuro?

Henrique de Medeiros – Com a continuidade e aperfeiçoamento de suas responsabilidades sociais relativas aos compromissos de difusão da leitura, do saber, da cultura, da literatura em todas as suas nuances, uma instituição onde as belas-artes são sempre muito bem-vindas.

Henrique Alberto de Medeiros Filho é natural de Corumbá (MS), onde sua família radicou-se ainda no século XIX (cerca de 1880); passou sua infância, adolescência e estudos acadêmicos em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde se formou e exerceu parte de sua carreira profissional, retornando a Mato Grosso do Sul no início da década de 80, fixando residência em Campo Grande – cidade na qual foi agraciado com o título de cidadão honorário. Graduado em Comunicação Social pela Universidade Gama Filho do Rio de Janeiro (1976), exerce atividades multimídias, culturais e empresariais. Escritor, Publicitário, Jornalista, Editor e Empresário, tem ampla participação na vida cultural sul-mato-grossense com presença em inúmeros projetos culturais (nas manifestações da arte regional e nacional) tanto no setor das artes cênicas, como musicais, audiovisuais e literárias. É autor de diversos livros e citado em várias publicações que versam sobre a cultura sul-mato-grossense.

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