Ribas do Rio Pardo: Na tarde desta quarta-feira (16), em ação conjunta, policiais civis das Delegacias de Ribas do Rio Pardo e Água Clara prenderam F. H. de A. F. (27), I. de B. P. L. (41) e M. M. da S. N. (36), suspeitos de sequestrar um homem de 29 anos a mando de suposta clínica paulista.
Segundo apurado, o Setor de Investigações Gerais (SIG) de Ribas do Rio Pardo recebeu telefonema anônimo noticiando possível crime de sequestro em um posto de gasolina. Conforme a denúncia, homens chegaram ao estabelecimento em um veículo HB20, de cor branca e, em dado momento, agrediram a vítima, amarrando-a e jogando-a forçadamente para dentro do automóvel.
Testemunhas puderam ver as cenas de terror e ouviram: “Socorro. É um sequestro. Chamem a Polícia”. Na sequência, os suspeitos fugiram pela rodovia BR 262, em direção à Cidade de Água Clara.
De imediato, a Autoridade Policial local comunicou os fatos a outras equipes, tais como Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Militar (PM) e Delegacia de Água Clara.
Prontamente, uma equipe do SIG de Ribas se deslocou sentido Água Clara no encalço dos suspeitos. Enquanto isso, a equipe do SIG de Água Clara fez o caminho contrário (sentido Ribas), com o objetivo de maximizar as chances de resgatar a vítima e evitar a consumação da fuga dos criminosos.
Um pouco antes do “Posto Mutum”, próximo ao km 180 da rodovia já mencionada, o veículo alvo das diligências deparou-se com a equipe de Água Clara, sendo que, ao tentar o retorno, ia vindo de encontro à equipe de Ribas. Os suspeitos tentaram escapar, mas sem sucesso, recebendo a abordagem policial.
Na ocasião, os homens foram encaminhados à Delegacia e a vítima teve que ser socorrida às pressas, já que estava inconsciente e bastante lesionada. Em tempo hábil, os policiais civis conseguiram chegar com o indivíduo vitimado ao Hospital Municipal local (Ribas), que, no entanto, teve que ser transferido em “vaga zero”, em estado grave e com risco de morte, a hospital da capital.
Apesar de não ter sido possível colher a declaração da vítima diante de seu grave estado de saúde, na delegacia, foram ouvidas testemunhas que presenciaram os fatos e, especialmente os gritos da vítima clamando por socorro. No intuito de melhor apurar a motivação do delito, os policiais civis, juntamente com a Autoridade Policial, realizaram inúmeras diligências, inclusive junto ao veículo apreendido.
Depois de trabalhos investigativos a cargo do SIG de Ribas, a Polícia Civil conseguiu descobrir que os suspeitos agiam a mando de uma Clínica de Internação situada no Município de Olímpia/SP. Eles, supostamente, eram internos da própria clínica e, como detinham bom comportamento, conseguiram várias regalias, inclusive a possibilidade de contato com o ambiente externo e a atribuição de responsabilidades em nome da instituição, incluindo a remoção e captação de pessoas para a internação no local, geralmente viciados em tóxicos e a pedido da família.
A tarefa dos suspeitos, na hipótese, era efetuar a remoção forçada de um homem de 29 anos para a clínica, sob a autorização de seu genitor. Essa foi, aliás, a versão dos homens autuados: buscaram a vítima na própria residência do pai, em Campo Grande, sob ordens da clínica, pegando com ele um documento autorizando a internação involuntária do filho para tratar da dependência química.
Para eventualmente dominarem o alvo, utilizavam-se de imobilizações, mata-leão, sedativos e outros artifícios violentos. Esse, segundo eles, era o “procedimento padrão”.
A vítima, quando buscada na origem (Campo Grande), provavelmente estava dopada e foi levada até Ribas do Rio Pardo, momento em que os suspeitos teriam parado o veículo para abastecimento em um posto de combustível. Ocorre que, quando recobrou a consciência, a vítima passou a manifestar o não consentimento para o ato, chegando a gritar por socorro em voz alta. Foi nessa hora que os homens empregaram força física para a contenção do ofendido, chegando, inclusive, a amarrá-lo com uma corda, situação presenciada por populares.
Foram feitas todas as checagens via sistema para levantamento acerca da existência de eventual determinação judicial de internação da vítima ou até mesmo decisão médica, concluindo-se pela inexistência de qualquer documentação legítima para a atuação dos suspeitos em nome da suposta clínica paulista.
Diante do cenário apurado, constatando-se indícios de ilicitude nas condutas dos suspeitos, indicando que, em tese, estariam atuando clandestinamente para uma clínica em São Paulo, bem como o fato de a vítima ter sido submetida a grave sofrimento físico, com atual estado grave e risco de morte, os suspeitos foram autuados pelo crime de sequestro na forma qualificada, não se descartando a possibilidade de, após a vinda do prontuário médico da vítima, responderem, também por tentativa de homicídio, associação criminosa ou, até mesmo, outras infrações penais mais graves, incluindo a responsabilização penal dos gerentes ou proprietários da instituição sob a condição de mandantes.
Por fim, os três suspeitos encontram-se à disposição da Justiça e deverão passar por audiência de custódia. Até as últimas informações do hospital, a vítima ainda não tinha recobrado a consciência.
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