Diferentemente do ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL), que visitou Mato Grosso do Sul em cinco oportunidades durante o período em que comandou o Brasil, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda não deu o ar da graça no Estado nos seis meses em que está à frente da Presidência.
Mesmo tendo as ministras Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Aparecida Gonçalves (Mulheres), Mato Grosso do Sul não entrou na atribulada agenda de viagens do presidente Lula.
Ele acumula dezenas de destinos nacionais e internacionais e já passou por Sergipe, Roraima, Mato Grosso, Paraíba, Rio de Janeiro, Maranhão, Ceará, São Paulo, Pernambuco, Goiás, Pará, Rio Grande do Sul, Bahia e Paraná.
Para o cientista político Tércio Albuquerque, primeiro, o que se pode analisar com relação a essa situação é que é preciso levar em consideração que Lula teve uma diferença de votação significativa contra Bolsonaro aqui no Estado, que fez com que perdesse por uma diferença de quase 19%, ou seja, pouco mais de 280 mil votos.
“Mato Grosso do Sul tem um agronegócio forte que se posicionou a favor de Bolsonaro, e isso pode ser uma justificativa para que o Estado não seja incluído tão cedo na agenda de visitas do Lula”, pontuou.
O segundo aspecto, de acordo com ele, envolve a falta de empenho das próprias ministras. “Elas não se empenharam junto ao governo do Estado, que seria o caminho natural, nem junto à bancada federal para a construção de uma agenda com Lula aqui”, disse.
O cientista político repetiu que está faltando interesse e empenho das próprias ministras e do governo estadual de conseguirem encontrar uma agenda importante para justificar a visita de Lula. Albuquerque frisou que Lula já liberou recursos para o agronegócio e, portanto, seria uma agenda para ele aqui.
Outra agenda seria a questão do Minha Casa, Minha Vida, que foi relançado pelo presidente com uma ampliação da capacidade de financiamento.
“Uma outra agenda extremamente relevante seria a questão ambiental, que aí não passaria exatamente pelas duas ministras, mas passaria também por uma agenda importante que envolve aqui o Parque da Bodoquena, que está em plena discussão nacional”, detalhou o cientista politico.
“Temos ainda a questão das rodovias que estão cortando o Pantanal de Mato Grosso do Sul, que são de referência internacional e federal. São assuntos importantes que mereceriam a visita dele, portanto, falta empenho”, pontuou Tércio Albuquerque.
Já na avaliação do cientista político Daniel Miranda, o fato de Mato Grosso do Sul ter duas ministras é mais resultado das articulações individuais delas do que da força relativa do Estado no cenário nacional, que tradicionalmente não é grande.
“Faz mais sentido o presidente Lula priorizar estados mais populosos ou que têm aliados mais próximos. Além disso, Lula tem uma agenda internacional muito clara e é bem recebido nos fóruns mundiais. Nesse sentido, é coerente priorizar a agenda internacional também”, opinou Miranda.