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sexta-feira, novembro 22, 2024
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Ações pontuais não resolvem enchentes em Campo Grande, aponta especialista

Campo Grande tem alguns pontos críticos de inundações durante a época das chuvas. No entanto, para minimizar esses impactos, uma série de ações seriam necessárias, e não apenas medidas estruturais pontuais. Segundo o professor doutor Paulo Tarso Sanches, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a engenharia pode auxiliar nessas soluções.

Entre as opções estão a construção de barragens e de bacias de retenção, o aumento de canais, galerias de drenagem, pavimentação permeável e até a limpeza das bocas de lobo. Essas ações podem ser executadas pelo poder público em locais críticos da cidade, para diminuir os impactos das chuvas.

Na Avenida Ernesto Geisel, por exemplo, estão sendo feitas obras de aumento do canal, o que tem diminuído o impacto das chuvas na região, que sofria com constantes alagamentos. “Você pode barrar a água, represar ela ou aumentar o canal, que assim vai comportar mais água por segundo”, informa o doutorando em tecnologias ambientais Leonardo de Souza.

No entanto, Paulo Tarso alerta que, além dessas intervenções terem um alto custo financeiro, a maioria das áreas que necessitam de obras para minimizar o impacto das chuvas já está ocupada pela população e, além das ações de engenharia, seria necessária também a desapropriação.

“Nós temos vários córregos urbanos e tem áreas de ocupação nas vertentes, bem urbanizadas. Os problemas vão ocorrer nessas áreas próximas aos rios em termos de inundação. O alagamento é causado por problemas na microdrenagem, que muitas vezes não é feita de forma adequada”, comenta o professor.

Em alguns pontos da Capital, como na Rua Rui Barbosa, durante as obras de implementação do corredor de ônibus, todo o asfalto foi quebrado e foi feita a troca das galerias de drenagem por tubos maiores, que vão conseguir carregar mais água por segundo e, assim, secar a via mais rapidamente.

Locais onde não há asfalto também são pontos frequentes de alagamentos em Campo Grande. O que ocorre nesses casos é que, apesar de não ter algum material que dificulte a permeabilidade do solo, as ruas não são niveladas e a água fica represada em alguns locais por não ter para onde escorrer, formando grandes poças.

ESTUDOS
O professor Paulo Tarso participou de um estudo que simulou os piores cenários climáticos com os melhores cenários de obras de engenharia para conter os impactos negativos das chuvas, e em nenhuma das situações houve um efeito negativo zerado.

“É uma combinação de ambos. É desde o proprietário, do morador, da iniciativa privada, cada um fazer sua parte, mas também o órgão público fazer a dele. É um conjunto”, relata.

O professor também afirma que parcerias entre universidades e o poder público poderiam ajudar em tomadas de decisões e em iniciativas como aplicativos que avisam sobre chuvas intensas em áreas de risco.

O Laboratório Heros, da UFMS, tem aparelhos, sensores e câmeras que medem o nível da água das chuvas e ajudam a simular situações de impacto em toda uma região de bacia hidrográfica.

“A gente pode estudar, fornecer as informações, fornecer os modelos, e com isso o poder público começa a tomar decisões de políticas públicas. Isso é algo que a gente tem buscado, ter um contato próximo com a prefeitura, tentado desenvolver isso juntos”, declara Paulo.

Um convênio entre os pesquisadores e a prefeitura está em andamento, mas ainda não foi concluído.

LAGO DO AMOR
Na quarta-feira (8), o Lago do Amor voltou a inundar a Avenida Senador Filinto Muller, após cerca de duas horas de chuvas intensas na região. De acordo com o levantamento feito pela estação de medição pluvial na UFMS, choveu 62 mm na ocasião naquele local.

A cratera na ciclovia da avenida, aberta há dois meses por conta de fortes chuvas, aumentou após as precipitações de quarta-feira. Até os cavaletes colocados pela Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) caíram no buraco.

PREVISÃO DO TEMPO
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão para os próximos dias é de nuvens e de pancadas de chuva com trovoadas até o dia 21. No entanto, o instituto informa que a previsão para março, abril e maio é de precipitação abaixo da média climatológica.

O valor esperado para março é de 136,8 mm, porém, até ontem já foi registrado um acumulado de 103 mm. Em 2022, foi registrada média de 211 mm no mês.

O mês de fevereiro deste ano registrou o maior volume de chuvas dos últimos anos, com 242,2 mm de precipitação. No ano passado, choveu 73,2 mm em fevereiro, e em 2021, 116,2 mm.

Já no primeiro mês do ano, a Capital teve 328,6 mm de chuvas, enquanto no ano passado foram 116,2 mm, e em 2021, 383,6 mm.

Com informações do Correio do Estado

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