Uma proposta que não pode faltar para nenhum dos pré-candidatos a prefeito ou prefeita de Campo Grande nas eleições municipais do próximo dia 6 de outubro é a Tarifa Zero no transporte coletivo urbano.
Lógico que a estrutura da cidade, seu planejamento e desenvolvimento podem ser discutidos neste momento, mas um dos assuntos principais tem de ser Tarifa Zero no transporte público.
De acordo com Lafaiete Santos Neves, especialista em Mobilidade Urbana e Transporte Coletivo, “já temos 103 cidades com a Tarifa Zero implementada, incluindo Fortaleza (CE), uma grande capital e sua região metropolitana”.
De olho nas eleições, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, implantou a Tarifa Zero aos domingos. Ao discursar, ressaltou que a não cobrança aquece a atividade econômica e o lazer no município.
“É uma questão fundamental para a saúde mental, porque o trabalhador recebe o vale-transporte para ir trabalhar e voltar para casa. Por exemplo, um casal com três filhos gasta R$ 44 com transporte, que vai deixar de gastar”, disse Nunes.
Mas a Tarifa Zero não pode ser uma estratégia apenas para render votos no fim de semana. Tanto que a deputada federal Luiza Erundina está lutando para aprovar a Emenda 25/23 que regulamenta a TZ, garantido gratuidade no transporte coletivo, com controle e transparência equivalente ao modelo SUS, com Conselhos nacional, estaduais e municipais do Sistema Único de Mobilidade (SUM).
O dado concreto é que a população mais pobre deixa 15% da sua renda com transporte. O documento “Avaliação de políticas de custeio extra tarifário dos sistemas de transporte público urbano no Brasil” faz análise dos ganhos privados e sociais por faixa de renda das famílias, determinando qual o abatimento das externalidades negativas com a nova estrutura tarifária que onera alguns itens dos gastos familiares por estrato de renda. Tudo considerando cenários de redução tarifária de 30%, 60% e tarifa livre.
O estudo completa ainda que, quanto à tarifa zero, há indícios de que os custos sociais e privados são maiores do que os benefícios sociais gerados, sem entrar no mérito da distribuição de renda que essa medida provoca e também da melhoria na qualidade de vida dos mais pobres pelo aumento da mobilidade.
Ainda traz uma importante constatação para os nomes, partidos, coligações e federações que pretendem ganhar as eleições municipais: “Gastos pequenos com transporte público significam que essas famílias apresentam baixa mobilidade justamente em função da sua baixa capacidade de pagamento. Com isso, há restrições nas oportunidades de emprego, saúde e educação. Além das 20% das famílias mais pobres das RMs, as famílias pobres que usam transporte público com mais intensidade, famílias entre o terceiro e o sétimo decil de renda, também teriam ganhos acentuados em termos de mobilidade com essa medida”.