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sexta-feira, novembro 22, 2024
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Tarifa de esgoto na Capital é 89% maior que no interior do Estado

Com lucro líquido de 784 mil reais por dia, a empresa Águas Guariroba cobra em Campo Grande 89% mais pela coleta e tratamento do esgoto dos 259.433 imóveis conectados à rede que a taxa cobrada pela Sanesul nas 68 cidades do interior do Estado.

Na Capital, a população é obrigada a pagar R$ 4,83 a título de taxa de esgoto a cada metro cúbico de água (mil litros) consumido. No interior, esta tarifa é de apenas R$ 2,56, diferença de quase 90%.

Esses valores são referentes à tarifa residencial para quem consome até dez metros cúbicos por mês. Quem supera este consumo paga mais, podendo chegar a R$ 11,28 (Águas) e R$ 6,67 (Sanesul) no caso de a família consumir 50 mil litros ou mais por mês.

Vale lembrar que em fevereiro de 2021, a estatal Sanesul, empresa do Governo do Estado, firmou Parceria Público-Privada com o Grupo Aegea para que essa empresa ficasse responsável pela exploração do serviço de esgotamento sanitário do interior.

A tarifa foi fixada em leilão e, para vencer a disputa, foi a própria Aegea quem estipulou o valor. O curioso é que a Aegea é também proprietária da Águas Guariroba. Ou seja, na Capital o mesmo grupo empresarial cobra da população um valor 89% maior que no interior.

E quando o assunto é tarifa de água, a disparidade é parecida, embora um pouco menos escandalosa. No interior, a Sanesul entrega água potável nas residências por R$ 5,13 (até dez mil litros por mês). Em Campo Grande, o consumidor é obrigado a pagar R$ 6,90 por metro cúbico, diferença a maior de quase 35%.

Então, uma família que dispõe de rede de esgoto e consome dez mil litros e não se enquadra da tarifa social recebe fatura de R$ 117,30 ao final do mês na Capital. No interior, por sua vez, a conta fica em R$ 76,90, diferença da ordem de 54%, ou R$ 40,40 de economia mensal para um consumidor atendido pela Sanesul.

E estes altos valores das tarifas na Capital certamente são a principal explicação para o lucro líquido invejável da Águas Guariroba em 2022, que chegou a R$ 286,2 milhões, ou R$ 36 mil a cada hora. O lucro é 26% maior que o do ano anterior.

O faturamento bruto da Águas no ano passado chegou a R$ 903 milhões, conforme balanço anual divulgado no dia 28 de fevereiro.

Este mesmo balanço revela que os desembolsos com a folha de pagamento ficaram em apenas R$ 27,6 milhões no ano inteiro, o que equivale a pouco mais de 3% de toda a receita da concessionária. Para a maior parte das empresas brasileiras, a folha de pagamento é uma das principais despesas.

O lucro da Águas também é turbinado porque está praticamente isenta de impostos municipais e estaduais. Juntando os dois, foram míseros R$ 481 mil no ano passado para os cofres públicos locais.

Os acionistas da Águas são, em sua grande maioria, de fora de Campo Grande e até de fora do País. E, se os desembolsos com a folha salarial e com impostos são insignificantes, isso significa que a empresa literalmente sangra a população de Campo Grande em centenas de milhões de reais a cada ano.

Nos últimos seis anos foram espantosos R$ 1,2 bilhão de lucro, ou sangria, já que praticamente todo este dinheiro sai de Campo Grande.

CAMPEÃ DE PREÇOS
E não é só no comparativo de preços com o interior do Estado que a Águas Guariroba cobra tarifa maior. Conforme levantameto feito pelo presidente do sindicato dos trabalhadores da Águas Guariroba e da Sanesul, o Sindágua, Lázaro de Godoy Neto, Campo Grande é uma das campeãs de preço entre as capitais brasileiras.

Uma residência com quatro pessoas consome, em média, 15 metros cúbicos por mês. Se esta família morar numa rua com rede de esgoto, paga hoje R$ 209,72 de conta de água em Campo Grande. Se ela morasse em Salvador, pagaria R$ 127,65, que dá uma diferença a maior de 64%..

Em São Paulo, onde as distâncias para transporte da água e do esgoto são infinitamente maiores que em Campo Grande, o que é fundamental para definir custos, a conta por 15 metros cúbicos fica em R$ 135,54, uma variação de quase 55%.

Se a comparação for feita com Brasília, uma das cidades com o maior custo de vida do país e também com a média salarial muito acima de qualquer outra capital, a diferença também é significativa. Lá, 15 metros cúbicos custam para o consumidor residencial exatos R$ 143,20. Diferença de R$ 66,52, ou 46%.

E os exemplos citados pelo sindicalista, que é pós-graduado em Engenharia Sanitária, não param. Em Curitiba, a conta fica em R$ 168,76. Em Belo Horizonte, R$ 153, 30. No Rio de Janeiro, R$ 167,70 e em Florianópolis, R$ 184,08.

Em todas estas capitais, segundo Lázaro, os custos operacionais são bem mais altos que aqui. “A coisa é feia, estamos sendo assaltados”, resume ele.

Com informações do Correio do Estado

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