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A senadora Soraya Thronicke (União Brasil) ficou indignada com a estratégia do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), de sepultar a sua proposta de criar a CPI dos Atos Antidemocráticos. “Não sou palhaça”, reagiu a sul-mato-grossense em discurso no Senado. Ela criticou a proposta da CPI Mista, que ganhou força no Congresso Nacional após a demissão do ministro Gonçalves Dias, do Gabinete de Segurança Institucional.
“Eu disse ao presidente Rodrigo Pacheco: eu não sou palhaça para ficar igual uma barata tonta, rodando pelo Senado, colhendo assinaturas que eu já colhi. Só que todo mundo está se sentido ofendido hoje, e eu estou aqui aguardando uma resposta sobre uma questão de ordem extremamente relevante”, afirmou, conforme a Agência Senado.
Soraya ficou indignada porque Pacheco não instalou a CPI proposta em janeiro. Ela conseguiu 42 assinaturas. No entanto, Pacheco pediu a ratificação das assinaturas e apenas 15 senadores mantiveram o apoio à proposta da senadora.
“É muito pior do que o ocorrido no dia 8 de janeiro, muito pior. É aviltante para todos nós tentarmos investigar uma tentativa de golpe de Estado, sendo que estamos tendo um golpe dentro da nossa Casa. Uma pessoa, única e exclusivamente, o presidente da Casa se negar a decidir, a proceder conforme determina a legislação, conforme determina o Regimento Interno — e simplesmente sozinho. Isso é ditadura. Estamos sendo completamente ignorados. A nossa vontade, a nossa assinatura não vale de nada”, acusou.
Na última terça-feira, Pacheco foi criticado novamente porque adiou a sessão conjunta para instalar a CPMI para o próximo dia 26. O requerimento não conta com o apoio de Soraya, mas dos senadores Nelsinho Trad (PSD) e Tereza Cristina (PP) e dos deputados federais Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira, do PL e do Dr. Luiz Ovando (PP).
A senadora justificou porque não apoiou a CPMI. “Convoco os Senadores que não assinaram a assinarem a CPI também. Eu só não assinei o requerimento de CPMI ainda — ainda — por um simples motivo: a CPI nasceu, e todas as CPIs, todas as investigações devem nascer com perguntas, e não com respostas. Ao que me parece, esta CPMI nasce com respostas, já tem até relatório pronto! Então, para que investigar quando você já tem certeza e já aponta os dedos, já incrimina e já condena? Espera aí. Então para que investigar?”, questionou. Após a divulgação do vídeo de Gonçalves Dias ajudando os bolsonaristas que invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, a proposta da CPMI ganhou apoio do Governo. Só que os governistas querem atingir os bolsonaristas, enquanto a oposição mira os lulistas.
