Reeleito e já empossado para o quarto mandato consecutivo à frente da Presidência da Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul), o médico Ricardo Ayache transformou-se no “Senhor Feudal” da entidade.
Para quem não sabe, os “senhores feudais” eram nobres que viveram na época da Idade Média (século V ao XV) e tinham muito poder político, militar e econômico, sendo proprietários dos feudos (unidades territoriais) e possuíam muitos servos trabalhando para ele.
Um bom exemplo para tentar explicar a permanência de Ricardo Ayache à frente da Cassems desde 2010 e que, com a reeleição para o 4º mandato, poderá continuar no cargo até quase 2030, ou seja, praticamente duas décadas comandando a entidade. Essa “longevidade” de Ricardo Ayache na Presidência da Cassems já foi criticada pelo ex-governador e agora deputado estadual Zeca do PT.
“A Cassems, por um erro meu, do meu governo, não presta conta do dinheiro para ninguém e deve fazê-lo”, reclamou Zeca do PT, criticando o fato de os mandatos na Cassems serem “ad perpetuam” – que traduzido do latim significa tornar-se perpétuo. “Devo propor uma resolução, um projeto de lei que dê no máximo uma reeleição aos seus diretores e que esses prestem contas para a Assembleia Legislativa, porque ali tem dinheiro público”, disparou, referindo ao longevo mandato de Ricardo Ayache.
O cardiologista comanda a Cassems desde 2010 e foi reeleito como presidente da entidade de saúde para o quadriênio 2023-2027. Correndo em chapa única, Ayache recebeu 95% dos votos em 75 municípios de Mato Grosso do Sul. A chapa “Cassems de Todos Nós”, liderada por Ayache e seus vice-presidentes Ademir Cerri e Alexandre Junior Costa, recebeu um total de 13.703 votos válidos.
Ayache é formado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e especialista em Cardiologia certificado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Ele é médico do Hospital Regional de MS e participou ativamente da fundação da Cassems.
Criada no início do ano 2000, na gestão de Zeca do PT, para cuidar da assistência médica dos servidores ao ser desmembrada do antigo Previsul, a Cassems fechou em 2021 com prejuízo de R$ 37 milhões. No ano passado, Ricardo Ayache alegou que o déficit teria sido por culpa da pandemia da Covid-19.
“Foi um ano muito difícil”, afirmou Ricardo Ayache, que completou 12 anos como presidente da Cassems e vai para mais quatro anos sem dar sinais de que a entidade terá alternância de poder em um futuro próximo.