A rota que era utilizada há 26 anos pelo ex-major PM Sérgio Roberto de Carvalho, 65 anos, mais conhecido como “Major Carvalho” ou como “Pablo Escobar Brasileiro”, para o tráfico de cocaína da Bolívia para o Brasil pelo Pantanal de Mato Grosso do Sul continua ativa.
A chamada “Rota Pantaneira”, que trazia a droga da Bolívia para o Brasil via Corumbá (MS), passando por Rio Negro (MS) e Rio Verde (MS), era muito utilizada nos anos 90 do século XX pelo Major Carvalho até que a Polícia Federal conseguiu, em 1997, apreender quase 250 quilos de cocaína na Fazenda Santa Therezinha, de propriedade do “Pablo Escobar Brasileiro”, no município de Rio Verde.
Passadas mais de duas décadas, os novos narcotraficantes que trazem cocaína da Bolívia para o Brasil reativaram a “Rota Pantaneira” depois que a FAB (Força Aérea Brasileira) reforçou a fiscalização aérea na região, obrigando a retomada do transporte terrestre do entorpecente.
De olho na reativação desse velho caminho, as polícias Militar, Civil e Rodoviária Federal deflagraram, nesta semana, a “Operação Rota Pantaneira”, que teve o objetivo de cumprir dez mandados de busca e apreensão contra traficantes de drogas que passaram a utilizar as estradas usadas pelo Major Carvalho para o tráfico de cocaína para a Europa.
“Diversas foram as apreensões de drogas e de veículos adulterados na região do Pantanal pelas forças de segurança, notadamente envolvendo os municípios de Rio Negro, Rio Verde e Corumbá”, trouxe nota oficial divulgada pela Polícia Civil, revelando que a investigação foi iniciada após o monitoramento de determinados veículos modificados usados pelo grupo criminoso para ocultação da cocaína.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, esses veículos que transportavam a cocaína, depois de passar pelas localidades que integram a velha “Rota Pantaneira”, eram trazidos da Bolívia para pontos de apoio em Campo Grande (MS), inclusive em algumas oficinas mecânicas da Capital, para a realização de reparos e adulteração.
Na véspera de desencadear a operação, a Polícia Militar de Rio Negro apreendeu 650 quilos de cocaína e pasta base na MS-080, próximo da área urbana do município. O carregamento interceptado estava em uma caminhonete L200, que vinha da região de fronteira com a Bolívia e estava a caminho de Rio Negro, trafegando por estradas pantaneiras para tentar escapar da fiscalização policial.
Um homem foi preso, mas os outros dois ocupantes da caminhonete conseguiram fugir pelo mato, à beira da estrada. Para a Polícia Civil, essa apreensão demonstra “a importância da região para as organizações criminosas, pois, ao longo deste ano, também foram apreendidas caminhonetes adulteradas e produtos de furto e roubo de outros estados”.
Para a operação, foram necessárias dez equipes da Polícia Civil e dez equipes da PRF (Polícia Rodoviária Federal), sendo mais de 60 policiais lotados no DRACCO (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), na Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), na Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico), na Derfuv (Delegacia Especializada de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos), além das delegacias da Polícia Civil em Rio Negro, Corumbá e Ladário.
Durante a ação, uma pessoa foi presa em uma chácara monitorada por câmeras de segurança, que a Polícia Civil classificou como “um verdadeiro bunker”, na saída de Campo Grande, sentido BR-262. O indivíduo, que tem passagens por tráfico e estava em liberdade condicional, foi encontrado com diversas armas de fogo, entre elas um revólver S&W calibre .32, um revólver Taurus calibre .38, uma pistola Taurus calibre .380; uma pistola Glock calibre 9mm, uma carabina calibre .22, uma espingarda de pressão, diversos carregadores e inúmeras munições de diversos calibres.
No local, também foram apreendidos R$ 36 mil em espécie e meio tablete de cocaína, que pesou 554 gramas. “Todas as forças de segurança que atuam em Mato Grosso do Sul permanecem atentas ao desenvolvimento de toda a região do Pantanal e empreendem esforços para que suas vias sejam utilizadas apenas para o empenho de atividades lícitas, de modo a garantir segurança e crescimento sustentável”, finalizou a polícia sobre a rota.