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domingo, novembro 24, 2024
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Revitalização da Malha Oeste deve ficar para 2027

Mesmo com a relicitação dos 1.625 km da Ferrovia Malha Oeste, entre Corumbá (MS) e Mairinque (SP), o início dos investimentos de R$ 18,9 bilhões previstos para a malha até 2083, que resgatarão sua viabilidade econômica, não ocorrerá nos próximos quatro anos, mas só em 2027.

Com isso, a ganhadora do certame vai ter de trabalhar no vermelho em R$ 12,9 bilhões nesse período antes de começar a ter retorno financeiro, que só vai se efetivar daqui a nove anos, em 2032, quando houver o transporte de quantidade de cargas que garanta para a nova operadora um fluxo de caixa positivo, que deve chegar a R$ 1,8 bilhão.

Essas são as estimativas previstas nos estudos técnicos realizados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que definiu para janeiro do próximo ano a assinatura do novo contrato, que possibilitará aos produtos sul-mato-grossenses o acesso ao Porto de Santos.

Essa proposta e outras apresentadas pela autarquia foram debatidas ontem, em audiência pública realizada em Campo Grande, quando a população pôde dar sugestões ao projeto e apresentar suas reivindicações.

Elas serão analisadas pela agência, que, depois, definirá o projeto final da relicitação, que será encaminhado em outubro ao Tribunal de Contas da União (TCU) para parecer, com o edital previsto para ser divulgado a partir de janeiro do próximo ano. O leilão deve ocorrer a partir de abril, e a assinatura do contrato a partir de julho de 2024.

Nos estudos iniciais divulgados no início deste ano, a previsão era de que o contrato fosse assinado em janeiro do ano que vem. No entanto, conforme já publicado pelo Correio do Estado, o governo de Mato Grosso do Sul espera que a relicitação seja realizada ainda neste ano.

O secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, reafirmou o esforço durante a audiência pública.

“Nós achamos que, pelas condições atuais e pelos interesses dos investidores, nós poderíamos fazer uma nova licitação ainda neste ano, no máximo no primeiro semestre de 2024”, declarou.
Verruck não arriscou uma previsão para a instalação da ferrovia. “Na melhor das hipóteses, teríamos uma contratualização a partir do segundo semestre do próximo ano”, afirmou.

INVESTIMENTOS
Pelo estudo apresentado agora, a nova concessionária vai ter de investir R$ 18,9 bilhões no prazo de 60 anos, sendo a maior parcela, de R$ 16,4 bilhões, nos próximos sete anos, com troca de dormentes e de trilhos, compra de locomotivas, reforma de pátios de manobra, entre outras obras.

Só que a obrigação desses investimentos só vai começar em 2027, daqui a quatro anos, com a projeção de aplicação pela nova concessionária de R$ 980 milhões. Em 2028, o valor sobe para R$ 3,6 bilhões; em 2029, chega no topo, com R$ 5,8 bilhões; aí cai para R$ 3,1 bilhões, em 2030; e outros R$ 2,5 bilhões em 2031.

A partir dessa data, a nova concessionária vai fazer o que o estudo chama de reinvestimentos em ativos construídos, que começam com R$ 257 milhões, em 2032, e aumentam gradativamente todo ano até chegar a R$ 523 milhões, em 2083.

Sem esses investimentos, o transporte de cargas pela malha vai continuar incipiente, sem dar retorno financeiro até 2030. O estudo da ANTT tem previsão de que o volume de carga transportada seja 12 vezes maior do que o atual em 2031.

Essa afirmação faz parte da Nota Técnica Conjunta nº 004/2023, na qual é dito que só haverá crescimento no fluxo e maior diversidade de cargas com a modernização da malha. Em 2021, por exemplo, foram observados somente quatro fluxos de produtos, cada um para origem-destino.

Do total de 2,8 milhões de toneladas movimentadas em 2021, o minério de ferro foi o produto mais relevante (74% do total de toneladas), seguido pela celulose (16%), cujo destino é o exterior.

Para 2031, a projeção para a Malha Oeste é de 33,1 milhões de toneladas-ano, o que corresponde a quase 12 vezes a demanda de 2021. O mix de relevância de produtos seria alterado, com maior participação da celulose e do minério de ferro, contrapondo a participação atual, na qual o minério de ferro é o principal produto.

Em 2031, é prevista a movimentação de uma série de outros produtos, tais como soja, com 3,8 milhões toneladas, açúcar, com 2,4 milhões de toneladas, e derivados de petróleo, com 2,2 milhões de toneladas, até então inexistentes na Malha Oeste.

“Entre 2029 e 2031 ocorre a captação da maior parcela da demanda projetada no estudo de mercado [principalmente minério, celulose e produtos agrícolas], e em 2035 há redução na demanda da Malha Oeste como reflexo do início da operação da Ferroeste. A partir de 2035, a demanda cresce de forma aproximadamente constante, com taxa média de 0,8% a.a.”, detalha o estudo.

Esse incremento no volume de cargas vai afetar o lucro, que tem previsão de ser de R$ 936 milhões em 2030. O lucro sobe para R$ 1,7 bilhão em 2031, oscilando até R$ 2,2 bilhões ao ano de lucro até 2083. O maior lucro deve ser registrado no ano de 2064, com R$ 2,236 bilhões, segundo estimativas da ANTT.

Já em relação ao fluxo de caixa, a previsão é de que seja negativo em R$ 12,9 bilhões no acumulado até 2031, quando passaria a ser positivo nos anos seguintes.

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