O agronegócio começou o ano com perspectivas positivas. Números do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) apresentados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) mostram que a projeção para Mato Grosso do Sul neste ano é de R$ 77,838 bilhões, proporcionando um crescimento de 9,66% ante os R$ 70,979 bilhões de 2022.
O resultado pode ser comemorado porque na comparação com 2021 também houve crescimento, de 2,51%, quando o VBP do Estado foi a R$ 75,926 bilhões. Já no ano passado, conforme reportagem do Correio do Estado do dia 20 de janeiro, a estiagem derrubou a produção de soja.
Quando considerado o recorte apenas das lavouras, o valor da produção é projetado em R$ 57,982 bilhões, o que significa uma elevação de 17,62% na comparação com 2022, quando o valor foi de R$ 42,296 bilhões.
Na pecuária, o resultado esperado para este ano é de R$ 19,855 bilhões, ante R$ 21,683 bilhões do ano passado, ou seja, uma queda de 8,43%.
Por cultura, a soja desponta como principal agente na composição do VBP, com R$ 34,979 bilhões, ante R$ 24,564 bilhões em 2022 – uma alta de 42,39%.
Em seguida vem o milho, com valor de produção de R$ 13,454 bilhões, queda de 17,5% no comparativo com o ano anterior, quando foram computados R$ 16,309 bilhões.
A economista da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), Renata Farias, explica que o valor da produção leva em consideração o preço do produto e o volume estimado a ser produzido.
“A soja apresentou um aumento de crescimento de 41% para a safra de 2022/2023, mas alavancou o aumento do VBP em 42,5%. Esse aumento ainda poderia ser maior, caso o preço médio da soja em janeiro não tivesse apresentado uma redução de 3,9% em relação a 2022. Logo, a expectativa de uma boa safra com um preço médio para o grão acima de R$ 150 corrobora para um VBP positivo e otimista”, explica.
No caso do milho, a economista afirma que o Mapa considera a produção estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Ela sustenta que, para esta safra, há uma previsão de uma redução de 7,22% no volume produzido.
Isso porque o preço se encontra no mesmo patamar de janeiro de 2022, demonstrando a real influência da produção no menor VBP divulgado para o grão.
“A redução do VBP em cerca de 18% se deve também a um preço futuro reduzido para o grão em setembro de 2023. Ainda é muito cedo para fecharmos com esse valor estimado. Há 11 meses pela frente, e muitas mudanças podem ocorrer, como um maior volume produzido e um preço valorizado”, avalia Renata Farias.
PECUÁRIA
Na pecuária bovina, os dados apontam para um resultado de R$ 14,019 bilhões este ano, ante R$ 15,752 bilhões do ano passado – uma queda de 11%.
Para o economista Staney Barbosa, do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), esse primeiro resultado revela que se trata de uma queda significativa.
“O Estado experimentou um forte ciclo de recuperação do setor de carnes a partir de 2019, e isto parece estar se invertendo agora, com esta queda de quase 11% no VBP de bovinos. O setor como um todo enfrenta muitos desafios dentro da cadeia, como a questão dos custos elevados, o problema da capacidade interna de consumo das famílias, questões políticas e até mesmo a crise no exterior. Tudo isso junto conforma um quadro mais pragmático que precisa ser acompanhado”, detalha.
Outra cultura de destaque nos resultados do VBP em janeiro deste ano em Mato Grosso do Sul é a cana-de-açúcar. Os resultados apresentados pelo Mapa mostram que a estimativa deste ano aponta para R$ 7,251 bilhões, contra R$ 6,470 bilhões em 2022, configurando-se uma elevação de 12,07%.
Para Staney Barbosa, um dos fatores que nos ajuda a entender essa nova estimativa é o aumento da produção de cana-de-açúcar no Estado.
“Em que pese as estimativas de área da Conab apontarem para um recuo de 2,8% na safra 2022/23, foi estimado um crescimento de 5,7% na produtividade e de 2,7% na produção do Estado”, diz.
Para a safra 2022/2023, a estimativa é de que o Estado deverá produzir 42,47 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, o que gerará um incremento de mais ou menos 1,13 milhão de toneladas em relação à safra 2021/2022.
Hoje, o movimento de aumento na produção de energia verde é tendência em Mato Grosso do Sul, principalmente na produção de etanol e no uso da biomassa para gerar energia elétrica.
“Existem importantes projetos em andamento que exigirão do Estado uma maior capacidade de produção de cana-de-açúcar e derivados, a exemplo da cidade de Paranaíba, que articula a construção de uma nova usina de etanol com o governo do Estado”.
“Estamos falando de um setor muito importante para a economia do Estado e que já chegou a produzir um VBP de quase R$ 9 bilhões em 2017. Com a nova economia verde em voga, certamente veremos a produção de biocombustíveis crescendo aqui no Estado nos próximos anos”, conclui Staney Barbosa.
Com informações do Correio do Estado