Procurador de Mato Grosso do Sul, Felipe Marcelo Gimenez, é citado em representação criminal do MPF (Ministério Público Federal) encaminhada ao Procurador-Geral da República, Augusto Aras. O ministério pede encaminhamentos legais pela possível prática do crime de incitação, previsto no Código Penal, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Gimenez apareceu em vídeo postado por Bolsonaro nas redes sociais na madrugada de 10 para 11 de janeiro. O ex-presidente apresentou entrevista do procurador em que afirma que o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) não foi eleito, mas escolhido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
As falas são de entrevista de Gimenez à rádio evangélica de Campo Grande no dia 10 de novembro, alguns dias após o segundo turno das eleições e amplamente divulgado em redes bolsonaristas. Já há alguns anos, o procurador defende em entrevistas e postagens em suas redes sociais o chamado voto impresso e a contagem pública deles.
Na representação criminal, encaminhada ontem a Aras, procuradores do MPF sustentam que no vídeo postado por Bolsonaro, “e três horas depois apagado”, questionava o resultado das eleições, isso, dois dias após os ataques ao Congresso Nacional, ao Palácio do Planalto e ao STF (Supremo Tribunal Federal), em Brasília.
“O vídeo mostraria um trecho de uma entrevista de um procurador do estado do Mato Grosso do Sul, em que este defende que a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria sido fraudada e que o voto eletrônico não seria confiável. No recorte publicado, referido servidor alega que “Lula não foi eleito pelo povo, ele foi escolhido e eleito pelo STF e TSE”, e que “Lula não foi eleito pelo povo brasileiro. Lula foi escolhido pelo serviço eleitoral, pelos ministros do STF e pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral”, cita a representação.
Para os procuradores que representam contra o ex-presidente, “a posição de proeminência de Bolsonaro sobre uma porção expressiva da população (até decorrente do cargo que até outro dia exercia) confere a palavras um peso fundamental de endosso às campanhas de desinformação que, por sua vez, nesse momento em que vivemos, movem atos antidemocráticos graves e violentos”.
A reportagem entrou em contato com o procurador, que afirmou que suas falas estão embasadas em critérios técnicos e jurídicos, e que não vê “problema nenhum com isso”. Ele defende ainda que, para compreender suas posições, há “conceitos jurídicos que precisam ser entendidos” e finalizou afirmando que há embasamento técnico em cada uma de suas palavras.
Com informações do site Campo Grande News