Ali Issa, de 78 anos, é morador de Campo Grande e comerciante/proprietário de uma loja de sapatos, localizada na avenida Calógeras, entre as ruas Maracaju e Marechal Rondon.
Ele nasceu no ano de 1944, em Bendize (Palestina), ex-cidade localizada ao lado de Tel Aviv (Israel). Atualmente, o município não existe mais.
Ele era um dos 6 mil brasileiros residentes na Palestina. Veio para o Brasil em 1961, quando tinha 17 anos, para trabalhar. Ele não sabia falar português e teve que aprender sozinho. A última vez que esteve em seu país foi em 1991, há 32 anos.
É casado com uma palestina há 33 anos e tem três filhos. Seu pai, mãe e seus quatro irmãos – dois homens e duas mulheres – são falecidos.
Sua mãe está enterrada em Jerusalém (Israel) e seu pai em Ein Yabrod (Palestina). Atualmente, não tem mais parentes ou amigos residentes em seu país de origem.
Em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, Ali Issa comentou sobre os bombardeios no Oriente Médio e revelou que palestinos são perseguidos por israelenses há anos e que a Palestina está perdendo territórios para Israel cada vez mais.
“Os israelitas matam palestinos e todos os dias invadem uma cidade palestina. Eles estão querendo expulsar os palestinos para ficar com o território, e o pessoal não aceitou. Infelizmente chamam-nos de terroristas. Quando eles tomaram o meu país, eu tinha três anos. Os novos estão prontos para brigar”, exclamou.
Ele afirmou que o Grupo Hamas não é terrorista e está apenas lutando pelo seu território e revidando os ataques sofridos ao longo dos últimos anos.
“Vai morrer muita gente nossa, mas vamos lutar até última hora, até mudar esse mundo selvagem”, complementou.
O palestino afirma ter saudades de seu país e de seu povo, mas que não pretende voltar a morar no Oriente Médio.
“Gosto de lá. É um povo bom, respeita, você chega lá e é bem recebido, ninguém lá vai te roubar na rua. É um povo que tem estudo, que tem tudo. Eles são uns coitados, oprimidos. O povo palestino prefere morrer do que levar essa vida de humilhação de Israel, Estados Unidos e Inglaterra”, disse.
BOMBARDEIO
Faixa de Gaza e Israel foram atacadas e bombardeadas por mil homens do Grupo Hamas, por terra, ar e água, neste sábado (7). Este é o pior ataque em 50 anos para o país Israelita.
Cerca de cinco mil foguetes foram lançados contra o território israelense, durante a “Operação Al-Aqsa Flood”. Mais de mil pessoas falecerem em três dias seguidos de bombardeio.
Israel está retirando civis de áreas próximas às fronteiras com a Faixa de Gaza e com o Líbano.
Em comunicado à Al Jazeera, o porta-voz do Hamas, Khaled Qadomi, explicou que o grupo atacou o território israelense como uma resposta a todos os ataques do governo de Tel-Aviv contra os palestinos ao longo das décadas.
Aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) estão a caminho da área de conflito para buscar brasileiros na Palestina e em Israel.
As aeronaves à disposição são dois KC-30 (capacidade de 230 passageiros), dois KC-390 (80 passageiros) e dois aviões VC-2 presidencial brasileiro.
Até este domingo (8), cerca de mil brasileiros entraram em contato com a Embaixada do Brasil em Tel Aviv para pedir ajuda ou serem repatriados.
De acordo com dados do Itamaraty, 14 mil brasileiros moram em Israel e outros 6 mil na Palestina.