A capacidade de atração de novos investimentos de uma economia está diretamente relacionada ao seu potencial gerador de energia renovável, ponderou o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, durante o Fórum de Bioenergia realizado na manhã dessa sexta-feira (29) no auditório da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul). “Mato Grosso do Sul começa a se posicionar sobre essa base. Mais de 90% da energia produzida no Estado vêm de fontes renováreis e consumimos menos de 50% do que geramos”, ponderou.
O Fórum de Bioenergia promovido pela Lide MS, Biosul (Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul) e Reflore MS (Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas) reuniu empresários, executivos e representantes de entidades empresariais para debater o tema com um grupo qualificado de painelistas.
Com moderação do presidente da Bioenergia Brasil e Siamig, Mario Campos Filho, integraram a banca de debatedores o secretário Jaime Verruck, o CEO do Grupo CerradinhoBio, Renato Pretti, o CEO da Atvos, Bruno Serapião; o CEO da Ponte Nova Energia Paulo Monteiro, o CEO da Vert Ecotech, Alexandre Chiachiri; o diretor de Competitividade e Facilities da Eldorado Brasil Celulose, Jozebio Gomes e o diretor regional do Senai/MS (Serviço Nacional da Indústria), Rodolpho Magialardo.
Na abertura do evento fizeram pronunciamentos o vice-presidente da Fiems, Luiz Crosara Junior; o presidente da Biosul, Amaury Pekelman; o presidente da LIDE Mato Grosso do Sul, Aurélio Rocha; o presidente da Reflore MS, Junior Ramires; o deputado estadual Paulo Corrêa, representando a Assembleia Legislativa; e o secretário Jaime Verruck, que nesse ato representou o governador Eduardo Riedel.
Verruck lembrou que, de toda energia gerada em Mato Grosso do Sul, 93% provém de fontes renováveis, o que coloca o Estado um passo à frente dos demais no que diz respeito à transição energética. As fontes renováveis são usinas movidas pela força das águas (hidrelétricas), dos ventos (eólicas), do calor solar (fotovoltaica) e, sobretudo, térmicas aquecidas com a queima do bagaço da cana-de-açúcar ou da biomassa resultante da fabricação de celulose.
Só as usinas de açúcar e etanol produziram 2.200 GWh de eletricidade no ano passado. A silvicultura já produz energia em larga escala e tem um potencial ainda mais robusto: pode chegar a 14 mil GWh, conforme projeções do setor. O processo industrial só consome metade desse volume, o restante é disponibilizado para exportação. São números que mostram a pujança da economia sul-mato-grossense e justificam o grande atrativo do Estado para novos investimentos, ponderou o secretário.
Essa realidade não se impõe por acaso, continuou Verruck. É fruto de um planejamento estratégico, de medidas duras e apostas feitas há pelo menos uma década, quando o então governador Reinaldo Azambuja implementou reformas administrativas importantes para enxugar a máquina pública e possibilitar que o Estado enfrentasse a crise econômica de 2018 e chegasse agora com a maior capacidade de investimento de todas as unidades de Federação.
“Um Estado próspero precisa ter taxa de crescimento do PIB acima da média nacional. Um Estado inclusivo não pode deixar ninguém para trás, por isso investimos em qualificação, na geração de empregos, e estamos buscando 44 mil pessoas invisíveis que não estão no mercado de trabalho nem recebem benefícios sociais. Estado Verde já somos, só precisamos provar. Tivemos a maior redução de emissões de gases do efeito estufa nos últimos 10 anos. Na Agricultura, isso se dá com a conversão de 4 milhões de hectares degradadas em áreas cultiváveis, e temos mais 4,7 milhões de hectares para recuperar”, explicou.
Esse conjunto de fatores faz com que o Estado seja notado no mundo todo, num momento em que a transição energética domina a pauta dos governos e instituições. “Começamos a conversar com setores que não pensávamos que fossem se interessar a vir para Mato Grosso do Sul, pela disponibilidade de energia renováveis que dispomos”, frisou.
A COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) que acontece em novembro, em Belém (PA), é uma oportunidade ímpar para o Brasil e Mato Grosso do Sul demonstrarem ao mundo o que já fazem e o quanto podem contribuir para o alcance dessas metas. “O jogo veio para nosso território, precisamos nos articular, nos posicionar de forma coordenada. Mato Grosso do Sul tem investimento alto no setor bioenergético, temos capacidade e tecnologia”, concluiu.