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(Marco ASA) – O fechamento das fábricas brasileiras da Ford diz mais sobre a situação atual do Brasil do que você pensa. Afinal, uma das maiores empresas do mundo, de origem americana, renegou um século de história de sucesso aqui e vai pagar quatro bilhões de dólares (entre indenizações e amortizações) para poder encerrar as atividades nacionais. É o mesmo que a Ford investiu por aqui em 2011, quando construiu a fábrica de Camaçari, na Bahia.
Além dos cinco mil empregos perdidos, perdemos uma das empresas que desenvolveu tecnologias nacionais que foram copiadas no mundo. Quer alguns exemplos?
Álcool – A Ford foi uma das pioneiras do programa Pró-Álcool, que visava uma tecnologia alternativa para o petróleo. Seu Corcel II movido a álcool era um dos melhores carros nacionais da sua época, com um motor econômico e confiável.
Escort – A Ford foi uma das primeiras montadoras nacionais a lançar um carro aqui simultaneamente com outros mercados mundiais. O Escort foi um sucesso e exemplo de modernidade. Sua versão esportiva XR3 é adorada até os dias de hoje.
Ecosport – A Ford do Brasil criou um nicho de mercado que hoje é comum: o dos SUVs compactos. Enquanto na Europa fizeram uma minivan derivada do Fiesta, aqui criaram um utilitário esportivo compacto que virou febre. Se você gosta de Nivus e Renegade, agradeça ao Ecosport.
Seriam muitos outros exemplos de vanguarda da Ford do Brasil desde a criação de sua fábrica no bairro do Ipiranga, em São Paulo, há mais de cem anos. O triste é saber que a Ford desistiu do Brasil enquanto continua investindo nos vizinhos Argentina (de onde continuará indo a picape Ranger) e Uruguai (de onde virá a van Transit). Nas concessionárias da marca, só produtos importados. Triste saber que perdermos uma das quatro grandes montadoras nacionais dos anos 70, 80 e 90, não por culpa da crise ou do Covid, mas por causa da incompetência e da política cambial que só favorece a exportação de commodities e acaba com a indústria nacional.
