Depois da repercussão, inclusive nacional, das imagens da abordagem violenta de quatro policiais militares a um jornalista de Nova Andradina, o secretário de Segurança Pública, José Carlos Videira, informou que um procedimento administrativo foi instaurado e que os PMs serão transferidos da cidade, mas vão continuar trabalhando.
O jornalista Sandro de Almeida Araújo, editor do site Jornal da Nova, foi seguido na última sexta-feira (02) por dois veículos descaracterizados pela cidade. Ao perceber a ação, foi até sua casa, desceu do carro e tentou abrir o portão, mas foi impedido pelos policiais, que estavam sem fardamento.
Imagens das câmeras de segurança da casa do jornalista mostram que ele foi imobilizado e jogado ao chão após receber uma “gravata”. Enquanto estava imobilizado, seu carro passou por revista. No mesmo dia procurou a polícia civil e denunciou o caso à corregedoria da PM.
Diante disso, segundo o secretário de Justiça, a comandante-geral temporária da PM, a coronel Neidy Centurião, que estava na cidade para a passagem de comando da corporção na cidade, determinou a abertura da investigação “para elucidar os fatos ocorridos na data de 02 de junho, na cidade de Nova Andradina, na qual esteve envolvido o cidadão Sandro de Almeida Araújo”, informou o Videira.
“A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul é formada por mulheres e homens que diariamente servem a sociedade sul-mato-grossense mesmo com o risco da própria vida e, em respeito a esses policiais militares e a toda comunidade atendida pela Corporação, o Comando da PMMS, reafirmando o compromisso da instituição com o fiel cumprimento das leis tem total interesse em elucidar as circunstâncias do fato citado”, afirmou o secretário
“Ademais, a PMMS é uma instituição que preza e promove o Estado Democrático de Direito o qual se solidifica, também, pelo livre trabalho da imprensa, segmento que atua em harmonia com a Corporação, inclusive, incentivando o aperfeiçoamento do trabalho desenvolvido pela Polícia Militar”, conclui.
Os policiais, conforme afirmou o jornalista, estariam em busca de rojões que estariam sendo soltos na cidade por conta da transferência do comandante da PM na cidade. Eles teriam alegado que o responsável pela comemoração seria o jornalista.
Sandro diz que faz três anos que sofre perseguição do oficial que comandava a corporação na cidade porque se recusa a informar a fonte que repassa informações policiais que são publicadas em seu site. O sigilo da fonte é garantido pela constituição de 1988.
O jornalista nega que tenha disparado os rojões e os policiais não encontraram nenhum indício de que tenha sido ele. Porém, agora, além da transferência do comandante, os quatro PMs também serão transferidos, possivelmente para Campo Grande, durante o período de investigação do caso.
Os sindicatos dos jornalistas de MS e de Dourados divulgaram nota em que repudiaram o episódio e pediram rigorosa investigação.
“É inadmissível e alarmante que um profissional da imprensa seja alvo de agressões e tortura enquanto exerce seu trabalho de informar a sociedade. O ataque a um jornalista representa um ataque direto à liberdade de imprensa, um dos pilares fundamentais da democracia”, diz trecho do comunicado dos sindicatos.