A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e o governador do Estado, Eduardo Riedel, se reunirão até o fim deste mês com o presidente interino da Petrobras, Jean Paul Prates, para defender investimento de cerca de R$ 1 bilhão na retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), localizada em Três Lagoas.
A fábrica teve as intervenções paralisadas em 2014, com 81% do projeto executado, após um investimento de R$ 4 bilhões.
A proposta de Tebet é aguardar a posse definitiva de Prates no cargo, que deve ocorrer após o dia 13 abril, quando se encerra o seu mandato interino e o dos demais integrantes da Diretoria Executiva.
Será realizada uma assembleia geral de acionistas neste mês para efetivá-lo no cargo e também para aprovar a eleição dos novos conselheiros.
A afirmação foi feita pela ministra em reunião com prefeitos e vereadores de Mato Grosso do Sul durante a Marcha dos Prefeitos em Brasília, realizada entre 27 e 30 de março.
No encontro, os gestores municipais solicitaram informações sobre os investimentos que devem ser priorizados no Estado este ano.
“Aproveitamos a agenda em Brasília e nos reunimos com a ministra para saber sobre as prioridades do governo federal”, enfatizou Valdir Couto Júnior, presidente da Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul).
Em dezembro, levantamento feito pelo Correio do Estado, que levou em consideração a atualização do câmbio dos investimentos para a unidade, demonstrou que pelo menos R$ 1,4 bilhão são necessários para concluir a fábrica de fertilizantes.
Tebet respondeu aos gestores que até o fim deste mês será realizado o encontro com Prates.
“Assim que o presidente da Petrobras tomar posse [para o próximo mandato, que será de dois anos], nós estaremos com audiência marcada. Ele já se colocou à disposição. Junto do governador [Eduardo Riedel], vamos levar adiante o problema da fábrica de fertilizantes em Três Lagoas, que tem impacto na lavoura e no agronegócio do Centro-Oeste”.
Desde janeiro, quando assumiu Pasta, a ministra tem afirmado que a retomada da obra da UFN3 será uma de suas prioridades em Mato Grosso do Sul. Tanto que no dia 14 de fevereiro esteve reunida com Prates para reforçar a importância do empreendimento.
Mesmo posicionamento tem o governador Eduardo Riedel (PSDB), que afirmou que a conclusão das obras é uma de suas bandeiras. Para tanto, tratou do assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em janeiro deste ano, em Brasília, em reunião que contou com a presença de todos os governadores.
Também na Câmara dos Deputados há uma mobilização para a retomada desta e de outras obras paralisadas no setor. Um requerimento aprovado em março na Comissão de Agricultura afirma que o retorno dos investimentos nas unidades de produção de fertilizantes é importante para fazer o Brasil recuperar a autonomia no setor.
No documento, é explicado que até a década de 1990 o País era responsável por metade desse insumo usado na agricultura, porém, a produção caiu em virtude das regras tributárias dos estados que passaram a “favorecer a importação”. Hoje, 98% do nitrato de amônio, 90% do potássio e 24% de fosfato são importados, a maioria da Rússia.
Demanda
Além da importância econômica da fábrica para o Estado na geração de empregos e receitas, a unidade poderá substituir 30,4% do fertilizante importado pelo Brasil e reduzir a dependência de outros países.
É que a produção anual da UFN3, que utilizará por dia 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural, chegará a 1,3 milhão de toneladas de ureia, o que representa 18,3% do total importado no ano passado.
De acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), em 2022, foram importadas 7,2 milhões de toneladas deste insumo.
No caso da amônia, outro fertilizante que será produzido em Três Lagoas, foram importadas 6,6 milhões de toneladas em 2022. Já a produção anual da fábrica será de 800 mil toneladas, o que corresponde a 12,1% do total.
Mas, para ter condições de produzir fertilizantes em sua capacidade máxima, a UFN3 ainda precisará que sejam investidos de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão.
Entre 2011 e 2014, ano em que o empreendimento foi parado, a Petrobras havia aplicado cerca de R$ 4 bilhões na unidade. “É uma obra fundamental. Tá na ponta da agulha, porque o valor é pequeno perto da dimensão da Petrobras. São R$ 800 milhões, talvez R$ 1 bilhão, por estar um pouco deteriorada. Que seja um R$ 1 bilhão. É muito pouco dinheiro quando falamos de Petrobras, dentro da estrutura da empresa”, ressaltou Tebet.