Criado há 30 anos por Marcos William Herbas Camacho, o “Marcola”, a facção criminosa brasileira PCC (Primeiro Comando da Capital) conquistou a hegemonia em Mato Grosso do Sul, principalmente nas fronteiras do Estado com o Paraguai e a Bolívia, implantando um “clima de paz” à base de chacinas e “banho de sangue”.
Segundo o site Campo Grande News, essa aparente “paz” na fronteira se deve ao domínio exercido pelo novo líder no transporte e na distribuição da droga, principalmente da cocaína. Além do controle na distribuição de drogas, o PCC reina absoluto depois de várias execuções na região de fronteira e até em Campo Grande para se manter no controle do crime.
A “guerra” envolvendo facções começou em 2016, com a morte do paraguaio Jorge Rafaat Toumani, o “Turco”, em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã (MS) .Ele era considerado o chefe do tráfico na região e sua morte foi o estopim para a disputa pelo controle do narcotráfico na fronteira, sendo citada em duas edições do Atlas da Violência, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
“O assassinato do traficante Jorge Rafaat Toumani (…) acentuou ainda mais a disputa do narconegócio, uma vez que que tinha como pano de fundo o controle do mercado criminal na fronteira e, por conseguinte, a obtenção de um grande diferencial competitivo, com a integração vertical da cadeia de valor, a partir do acesso privilegiado à droga produzida e comercializada na Bolívia, no Peru e no Paraguai”, citou o relatório divulgado em 2019.
Em 2022, Mato Grosso do Sul registrou 515 mortes violentas intencionais (MVI), segundo dados do anuário. Isso representa queda em relação aos 511 registros do ano anterior. A classificação inclui homicídios dolosos, latrocínios, lesão corporal seguida de morte e mortes por intervenção policial. Um exemplo foi a morte de Edson de Souza Alencar, conhecido como “Edinho Cadeirante”, sendo uma das principais lideranças do PCC em Dourados, que foi executado em junho de 2022 a tiros de pistola calibre 9 mm.
As mortes mais recentes são acertos domésticos, ou seja, desacerto de dinheiro ou passional, pois o PCC “aparou as arestas com banho de sangue”, impôs sua força a tiros de fuzil e, agora, tenta mandar sob um suposto clima ameno. Sobre a nova liderança, a informação é que é criminoso mais discreto, mudança em relação aos antigos chefes do PCC na região, que ficaram conhecidos pela ostentação, como Elton Leonel Rumich da Silva, o “Galã do PCC”, ou Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o “Minotauro”.
O PCC foi criado durante partida de futebol no dia 31 de agosto de 1993 por oito presos do anexo da Casa de Custódia de Taubaté, o Piranhão. A facção nasceu um ano depois do Massacre do Carandiru, sob a justificativa de que o crime deveria se unir para enfrentar a polícia e o Estado. “Paz, Justiça e Liberdade” é a assinatura usual do grupo. Também se usa o “1533”, referente às letras no alfabeto que formam a sigla.
A “filosofia” do crime se espalhou nos presídios, tendo base forte em Mato Grosso do Sul a partir do ano de 2000, com a vinda de presos faccionados de outros estados para Campo Grande e Dourados. Na linha de fronteira, a região foi primordial para o fortalecimento do narcotráfico dominado pelo PCC, como porta de entrada para drogas e armas.
O grupo criminoso tem estatuto contendo 18 artigos com punições como a morte, conhecidas no “Tribunal do Crime”. O Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de MS informou que pede que os agentes sempre redobrem a atenção na data, por conta de possíveis emboscadas ou rebeliões nos presídios.