A Prefeitura Municipal de Campo Grande, por meio da Funsat (Fundação Social do Trabalho), realizou, nesta segunda-feira (20), a abertura do projeto Ressignificando Saberes. Idealizada pela Escola de Educação Profissional da Funsat em parceria com a Semed (Secretaria Municipal de Educação), a iniciativa tem por objetivo alfabetizar os beneficiários do Primt (Programa de Inclusão ao Mercado de Trabalho) que não possuem habilidades de escrita e leitura, proporcionando melhor qualidade de vida aos trabalhadores.
O projeto também possibilita que os beneficiários participem efetivamente dos cursos de capacitação oferecidos pela Escola da Funsat, sendo um dos requisitos básicos que os alunos sejam alfabetizados. No 1º ciclo da iniciativa, cerca de 30 trabalhadores participam das aulas de segunda a sexta-feira, das 13h às 17h, no prédio da Funsat.
A Secretaria Municipal de Educação disponibilizou duas professoras alfabetizadoras e o projeto inicial tem duração de 160 horas e 40 dias letivos. Atualmente, mais de 2.400 pessoas estão incluídas no Primt. O Projeto vai funcionar com fila de espera e possibilidade de abertura de novas turmas no decorrer do ano.Lucia Rodrigues Teixeira, 48 anos, é beneficiária do Programa de Inclusão ao Mercado de Trabalho há pouco mais de um ano.
Ela já trabalhou na CGM (Controladoria Geral do Município) e agora atua no CAPS Infanto-juvenil, no bairro São Francisco. “Eu tinha estudado até a 4ª série e só voltei a frequentar uma sala de aula com 39 anos, mas tive que parar de novo. Agora quero terminar meus estudos. Eu quero aprender mais, o estudo é importante para tudo, nós dependemos dele. Se eu tivesse continuado, estaria numa profissão melhor hoje. Eu deixei de fazer muitos cursos por falta de estudo, então é necessário, pelo menos a alfabetização. Meu sonho é fazer faculdade de letras, eu creio que vou chegar lá”.
Morador da Vila Sobrinho, Marcos de Góes Acosta, 49 anos, ingressou no Primt há mais de dois anos e presta serviços na Sisep. “Eu estudei até a 5ª série. Não conseguia conciliar trabalho e estudo, e eu precisava trabalhar, então não dei conta. Quando fiquei sabendo do curso, já me prontifiquei no primeiro momento. Quero aprender mais, ter mais oportunidades, quem sabe mudar de profissão. Vou me esforçar para isso”.
Laudilene Ferreira Benites, 38 anos, também estudou até a 5ª série. Moradora do residencial Búzios, ela é beneficiária do Primt há seis meses e atualmente trabalha na Funsat. “Comecei a 6ª série, mas precisei parar depois que meu pai faleceu. Tive que ajudar a minha mãe e não retornei aos estudos. Quando surgiu a oportunidade aqui, eu já quis aproveitar, vai ser melhor para mim. Quero terminar a alfabetização e mais para frente mudar de emprego. Estou muito feliz em participar, vou focar meu tempo aqui”.
Moradora do bairro Los Angeles, Marcia Gomes Teixeira, 28 anos, também ingressou no Primt há seis meses. Atualmente, ela presta serviços na Sisep. “Comecei os primeiros anos e parei de estudar. Aconteceram muitas coisas na vida que impediram e agora eu quero começar de novo. Quando a gente vai buscar emprego, as pessoas pedem estudo, então eu quero terminar, eu preciso terminar. Tentei me matricular nas escolas no período noturno, mas eu tenho filho pequeno, então fica difícil, não tem como conciliar. Agora posso trabalhar e aprender ao mesmo tempo. Sou cozinheira e pretendo ser chef de cozinha. Vou focar nos estudos”.
Emocionada, a diretora da Escola de Educação Profissional da Funsat, Elaine Dias, afirmou que o projeto é motivo de muita alegria para toda a equipe. “Era um projeto que estava no nosso coração, estou imensamente feliz. Contem conosco nessa caminhada de vocês. Tenho certeza que vocês sairão daqui muito melhores do que entraram”, disse Elaine.
“Estou muito feliz por fazer parte da mudança de vida de vocês. Ninguém faz nada sozinho. Então eu quero agradecer à toda a equipe da Escola da Funsat, que detectou essa dificuldade aqui dentro da escola, nos cursos, e à Semed pela parceria, nos recebendo de braços abertos e apoiando o projeto”, acrescentou o diretor-presidente da Funsat, João Henrique Bezerra.
“Temos uma equipe qualificada e professores capacitados para ajudar vocês. Vocês podem sair daqui e aproveitar outros cursos oferecidos pela Escola da Funsat, como informática e Excel. Queremos que, quando vocês deixarem o programa, sejam encaminhados para o mercado de trabalho. Que seja realmente uma mudança de vida para vocês”, disse João Henrique.
Conforme o Secretário Municipal de Educação, Lucas Bitencourt, Campo Grande já está à frente, segundo pesquisa do IBGE, em relação às cidades que têm menor índice de analfabetismo. “E nós queremos potencializar isso, visto que esse grupo, muitas vezes não tem a oportunidade do letramento, da leitura, da escrita. Então nós trazemos essa oportunidade dentro do seu horário de trabalho em parceria com a Funsat, fornecendo material, carteiras e os professores”.