A foragida Andressa Leite Farias, 42 anos, foi quem alugou apartamento mobiliado no Residencial Castelo de San Marino, no Bairro Pioneiros, em Campo Grande (MS), para ser usado como “paiol” de armazenamento de armas para o PCC (Primeiro Comando da Capital) usar no ataque que faria contra o ex-juiz federal e agora senador Sergio Moro (União-PR). O imóvel foi alvo de buscas durante a “Operação Sequaz”, deflagrada na quarta-feira (22) pela Polícia Federal.
Segundo a PF, Andressa Farias é esposa do criminoso Evandro Rubier Dias da Silva, 53 anos, o “Trombada”, e teve a prisão preventiva decretada no início deste mês pela Justiça Federal de Rondônia por supostamente fazer parte de núcleo do PCC que planejava ataques contra servidores das penitenciárias federais de Porto Velho (RO) e Campo Grande (MS).
Pessoa acima de qualquer suspeita, ela alugou o apartamento há cerca de um ano, mas já tinha deixado o condomínio. No residencial, até onde se sabe, ela entrou muda e saiu calada. Não causou qualquer tipo de problema. A moradia já estava sendo monitorada pela PF e foi vasculhada, mas os policiais federais deixaram o local de mãos vazias.
Apesar de vazio, apartamento continuava tendo os aluguéis pagos por Andressa Farias, conforme apuração da Polícia Federal. “Importante destacar que como o apartamento continua locado e pago, é possível que lá existam armas e/ou um ‘cofre’, pois normalmente após alguém ser preso os criminosos somem com armas, munições e qualquer material que possa incriminá-los. Como no caso em tela o apartamento ainda está alugado, é possível que tenhamos êxito em encontrar armas e munições”, diz trecho do pedido de busca feito pela PF à Justiça.
O marido da foragida também é integrante do PCC e está preso em Rondônia desde o dia 27 de janeiro deste ano, quando “caiu” junto com Douglas Costa Alves, 27 anos. A dupla tinha planos de matar um funcionário do presídio de Porto Velho no dia seguinte. Em um dos celulares apreendidos com Douglas Alves, contudo, havia também informações sobre um servidor da Penitenciária Federal de Campo Grande. Tudo indica que o agente estava sendo seguido, em maio do ano passado.
Mensagem do dia 18 de maio de 2022, dizia que o alvo saía de casa às 7h e retornava às 18h30 e tinha também informações sobre a rotina diária do policial penal. Afirmava, por exemplo, que o homem ia para o trabalho em carro de aplicativo e morava perto a base do Batalhão de Choque da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), na Capital.
A segunda mensagem se refere a outro servidor, que sai de casa às 8h, deixa o trabalho direto para a academia, onde fica até às 20h40. O pedido de buscas no apartamento não explica qual exatamente é a ligação entre os alvos da investigação da PF de Rondônia com a célula chamada de “Restrita 5”, formada por cinco integrantes da alta cúpula do PCC que teriam planos de matar Moro.
O que liga o endereço ao planejamento do atentado é o fato de um dos presos na Operação Sequaz, Janeferson Aparecido Mariano Gomes, líder “dos 5”, ter enviado à sua companheira, Aline Paixão, “dados financeiros dessa empreitada criminosa, utilizando o código “México” para se referir ao Mato Grosso do Sul, além da abreviação “dd” referente a “Dedé” e a expressão “ferramenta bico e peq”, que são “gírias usualmente empregadas no meio criminoso para indicar fuzil e pistolas”, diz outro trecho do material.