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domingo, novembro 17, 2024
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Jamilzinho e Rios são condenados a 23 anos de prisão e Vlad pega 21 anos pelo assassinato de universitário

O empresário campo-grandense Jamil Name Filho, o “Jamilzinho”, foi condenado a 23 anos e 6 meses de prisão como mandante do assassinato do acadêmico de Direito, Matheus Coutinho Xavier, morto em abril de 2019 no lugar do pai, o ex-capitão PM Paulo Roberto Teixeira Xavier, o “PX”.

O julgamento, considerado o maior da história de Mato Grosso do Sul, foi finalizado na noite desta quarta-feira (19), após três dias de sessões em Campo Grande. Os outros acusados, o policial civil aposentado Vladenilson Olmedo, o “Vlad”, e o ex-guarda municipal Marcelo Rios foram condenados a 21 anos e 6 meses e 23 anos de prisão, respectivamente, sendo que ambos são apontados como os responsáveis por organizar a execução.

Após mais de 1 hora reunidos, os jurados do Conselho de Sentença condenou Jamilzinho, Vlad e Marcelo Rios pelos crimes de homicídio com duas qualificadoras – motivo torpe e dificuldade de defesa da vítima – e posse ou porte ilegal de arma de fogo. Os réus foram absolvidos do crime de receptação.

Confira como ficou a condenação de cada um dos réus:

Jamil Name Filho – Total de 23 anos, foi condenado à pena de 20 anos de reclusão por homicídio qualificado – motivo torpe e dificuldade de defesa da vítima; três anos e seis meses de reclusão e pagamento de 60 dias-multa por posse ou porte ilegal de arma de fogo. Ele foi absolvido da acusação de receptação.

Marcelo Rios – Total de 23 anos e pagamento de 120 dias-multa, foi condenado à pena de 18 anos de reclusão por homicídio qualificado – motivo torpe e dificuldade de defesa da vítima; Um ano e seis meses de reclusão e pagamento de 60 dias-multa por receptação do veículo roubado utilizado no crime; três anos e seis meses mais pagamento de 60 dias-multa por posse ou porte ilegal de arma de fogo.

Vladenilson Olmedo – Total de 21 anos, foi condenado a 18 anos de reclusão por homicídio qualificado – motivo torpe e dificuldade de defesa da vítima; três anos e 6 meses de reclusão por posse ou porte ilegal de arma de fogo mais 60 dias-multa.

Assim, com condenações anteriores, Jamil Name Filho soma 46 anos e 2 meses de prisão. Agora, deve voltar ao presídio federal de Mossoró, Rio Grande do Norte, para cumprir o total de penas.

Jamil Name Filho soma mais de 46 anos de prisão (Nathália Alcântara, Jornal Midiamax)
O julgamento, que teve início na segunda-feira (17), coloca um ponto final ao crime ocorrido em 9 de abril de 2019, que tinha como alvo Paulo Xavier, conhecido como ‘PX’, pai de Coutinho.

Essa foi a primeira vez que Name Filho se sentou no banco dos réus e deve enfrentar, em breve, outro júri pelo assassinato de Marcel Costa Hernandes Colombo, conhecido como ‘Playboy da Mansão’. O julgamento pela morte de Marcel ainda não foi marcado.

Promotoria apontou poder do acusado

Ainda no começo dos debates nesta quarta-feira (19), o promotor Moisés Casarotto se dirigiu à mãe de Matheus Coutinho em plenário dizendo que o filho nunca vai poder usar a beca que Cristiane Almeida usa hoje para defender e ajudar na acusação dos culpados pelo crime.

O promotor ainda discorreu sobre a riqueza da família e poder que exerciam em Mato Grosso do Sul.

A mãe de Matheus se emocionou com a frase do promotor que ainda disse que “sai a maior matança de MS. Vai morrer de picolezeiro a governador”.

“Queria ser promotor”

A mãe de Matheus, Cristiane Almeida se emocionou ao mostrar vídeo do filho, que estudava Direito na mesma faculdade em que filho de Jamil Name estuda.

“Ele estudava na UCDB terceiro semestre de Direito, como o filho da maior matança. O meu filho não pôde formar”, lamentou.

Cristiane lembrou de Matheus Coutinho como aluno brilhante “Queria ser promotor”.

Matheus dizia no vídeo: ” Isso pode acontecer com qualquer um de nós e assusta muito. Me assusta. Isso pode acontecer com vocês. Seu pai, sua mãe, talvez filho no futuro. Onde vai chegar:?”, dizia Matheus no simulado de júri exibido durante julgamento. “Aonde nós vamos chegar?”, repetiu a mãe.

Cristiane se revoltou ao dizer que os réus tiveram chance de verem seus filhos. “Eu nunca mais vou ver meu filho. O meu filho eu enterrei no caixão fechado. O pai dele pode segurá-lo nos últimos momentos de vida enquanto sangrava”, relembrou emocionada.

Promotor liga Name à ‘era dos fuzilamentos’ em Campo Grande
“Maior arsenal bélico apreendido na nossa Capital”, disse o promotor do Gaeco, Gerson Araújo, que também debateu durante réplica da acusação na tarde desta quarta-feira (19).

Gerson lamentou a forte influência policial em MS que a família de Name tem, inclusive ligou diversos outros crimes aos Names como por exemplo, o jogo do bicho.

“Name se gabou de ter juízes, desembargadores, empresários, frequentando a casa dele”, lembrou.

“Nunca tinha havido fuzilamento na nossa capital e por coincidência começou depois que Name falou para a ex que ia ter a maior matança: ‘Vai morrer de picolezeiro a governador'”, lembrou.

“Uma organização de altíssimo poder financeiro e bélico”, disse sobre a Casa da Armas onde foram apreendidas 1.600 armas e munições, sendo um terço de fuzis, silenciador, escopeta, arreadores que dá choque em boi, por exemplo.

Name foi condenado como proprietário da casa com o arsenal. “Um guarda, por exemplo, não tem poder aquisitivo para comprar uma casa daquela e as armas”.

O que motivou a execução?

As investigações demonstraram que Jamil Name e Jamil Name Filho teriam ordenado a morte de Paulo Xavier. PX já teria atuado com a família, na prestação de serviços enquanto também atuava como policial militar.

Inclusive, já teria feito segurança particular de Jamilzinho, na época em que ele teve uma briga com Marcel Colombo, o ‘playboy da mansão’, em 2018. Marcel foi assassinado a tiros em uma cachaçaria da cidade, também segundo a investigação a mando da família Name.

Foi nessa época que PX conheceu o advogado Antonio Augusto de Souza Coelho, com quem passou a ter uma relação próxima. Paulo Xavier também tinha vínculos com a Associação das Famílias para Unificação e paz Mundial.

Nesse período, Antonio foi procurado pela associação, para resolver pendências comerciais e negociar propriedades. Foi então que passou a negociar com a família Name, que se viu em prejuízo financeiro.

Depois, PX teria passado a prestar serviços para o advogado e parou de atender a família Name. Foi então que os líderes decidiram pela morte do policial. No contexto da denúncia, é relatado que a organização criminosa se baseava na confiança e fidelidade, por isso o abandono ao grupo foi malvisto.

A partir da ordem de execução de Paulo Xavier, homens de confiança da família Name foram acionados para colocarem o plano de morte em prática. São eles Marcelo Rios, ex-guarda municipal de Campo Grande, e o policial aposentado Vladenilson Olmedo.

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