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Inquérito é instaurado para apurar show de ‘cupido de cueca’ em apresentação de circo em MS

Foi instaurado inquérito civil para identificar possíveis irregularidades na divulgação e realização do evento ‘Show do Cupido’, realizado em 12 de março. O espetáculo faz parte das atrações de um circo que estava em Amambai, a 352 quilômetros de Campo Grande.

Conforme o MPSM (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), o inquérito foi instaurado pela 3ª Promotoria de Justiça de Amambai. Após o show, vídeos foram divulgados nas redes sociais e também nos sites de notícia.

Assim, vários espectadores relataram desconforto com o conteúdo da apresentação. Isso porque a maioria eram crianças e adolescentes e o ‘show’ seria impróprio para as idades.

Preliminarmente, a Promotoria de Justiça constatou que os produtores do evento classificam nas redes sociais a apresentação como recomendável para maiores de 16 anos. Apesar disso, há indícios de que a informação foi omitida nos meios de divulgação.

Ainda conforme o promotor Thiago Barbosa da Silva, é prematuro falar em cometimento de crimes específicos. A Polícia Civil de Amambai investiga o caso, mas não divulgar a classificação de idade pode configurar infração administrativa do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Isso pode acarretar em multa aos responsáveis e até proibição da realização de novos eventos. Da mesma forma, é feita investigação pela promotoria, para esclarecer se o evento foi financiado pela Prefeitura de Amambai.

Polícia Civil investiga
Segundo a delegada Alana Lima, no dia da apresentação o delegado plantonista foi acionado após denúncias das mães. No dia seguinte, outros responsáveis das crianças procuraram a delegacia para fazer a denúncia.

Assim, o circo agora deve ser investigado por ato obsceno e importunação sexual. Ainda conforme a delegada, o que motivou as denúncias foi a apresentação de um palhaço, que estava fantasiado de cupido.

Na apresentação, ele vestia apenas uma cueca, com um coração vermelho sobre as partes íntimas. Imagens gravadas por espectadores revelam que o homem interage com a plateia, cheia de crianças, e tenta até sentar no colo de um homem, que o empurra.

Ainda nas redes sociais, moradores da cidade que assistiram ao espetáculo falaram sobre a revolta causada pela apresentação. “Uma pouca vergonha. Disseram que era um espetáculo de circo e no fim foi uma encenação de pornografia”, disse uma mulher.

Conteúdo impróprio para crianças
De acordo com divulgações do evento, o ingresso para assistir ao espetáculo, que aconteceu no ginásio municipal de esportes, custou R$ 25 para arquibancada e R$ 35 para o camarote. Nas artes de divulgação do espetáculo, inclusive, constam figuras de super-heróis que atraem o público infantil.

De acordo com nota divulgada pela Polícia Civil de Amambai, o show, segundo denúncias dos pais, tinha conteúdo impróprio para crianças “sem qualquer indicação de faixa etária em suas divulgações”.

A polícia diz que, além dos registros de boletim de ocorrência por importunação sexual e ato obsceno, oitivas dos artistas envolvidos serão feitas. A investigação, segundo a polícia, seguirá em segredo de Justiça.

Prefeitura se manifesta após revolta
Depois da repercussão que tomou conta das redes sociais na noite desta segunda-feira (13), a prefeitura de Amambai publicou nas redes sociais uma espécie de comunicado justificando que a apresentação foi vendida ao município como um “novo conceito de circo”.

A prefeitura publicou um áudio que o município diz ser do coordenador do espetáculo, intitulado de Show do Cupido. A gravação teria sido feita pelo representante do circo para uma secretária da prefeitura, que apoiou a realização do evento.

O representante define o espetáculo como “conceito contemporâneo, uma megaprodução, o que seria um novo conceito de circo”. Confira aqui a nota divulgada pela prefeitura.

Diante da repercussão, apresentação do mesmo show que aconteceria nesta segunda (13) em Ivinhema foi cancelada.

Multado por exibição de animais
Proprietário do circo foi multado e autuado. Ele usava cobras em atrações, o que é proibido por lei estadual.

Conforme a PMA (Polícia Militar Ambiental), os militares souberam do uso dos animais em atrações e foram até o circo. Lá, encontraram as cobras, sendo uma jiboia de 1,2 metro e uma píton, de 1 metro.

Os animais foram recolhidos e a empresa alegou que não sabia da proibição de uso dos animais nas apresentações no Estado. Ainda conforme a PMA, a proibição consta na lei estadual 3.642/2009.

“Fica proibida, em todo o território do Estado de Mato Grosso do Sul, a apresentação de espetáculo circense ou similar que tenha como atrativo a exibição de animais de qualquer espécie”, diz o artigo 1º.

Além disso, as cobras também não tinham qualquer documentação. Os animais foram apreendidos e serão encaminhados ao Cras (Centro de Animais Silvestres), em Campo Grande.

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