Convidado da live da Comissão Permanente de Saúde desta quarta-feira (14), o psiquiatra Juberty Antônio de Souza alertou para os riscos da covid-19 na saúde mental dos pacientes. Segundo ele, a doença tem impulsionado casos de estresse, ansiedade, síndrome do pânico e outros males ainda pouco citados por especialistas.
“Nós só saberemos muito da covid-19 depois que a pandemia acabar e verificarmos quais prejuízos ficaram. Sabemos pouco ainda, mas sabemos que as pessoas ficam mais deprimidas, aumentam os casos de suicídio, a ansiedade aumenta, os casos de síndrome do pânico, de transtorno e estresse pós-traumático, e também ansiedade generalizada”, exemplificou.
“Há também doenças relacionadas à memória de fixação. As pessoas não conseguem solidificar conhecimentos novos e os conhecimentos antigos ficam comprometidos. Tudo isso aliado à irritabilidade e impulsividade. É muito fácil verificar pessoas pós-covid que ficam impulsivas e irritadas. Isso é fruto do efeito da covid no sistema nervoso central”, completou.
Segundo o especialista, os impactos da doença “são muito grandes e desastrosos”, principalmente nos pacientes e nos trabalhadores que atuam na linha de frente, que, muitas vezes, não conseguem amenizar o sofrimento de quem contraiu a doença.
“Quem mais sofre são os pacientes. O vírus tem uma preferência pelo pulmão e coração, que mata. E uma preferência pelo cérebro, que esculhamba. Em segundo, todos os profissionais de saúde que estão lidando com a dificuldade do exercício das atividades, vendo o dia a dia das pessoas, muitas vezes sem conseguir fazer nada, nem mesmo o básico”, apontou.
Como solução, além de medidas básicas como distanciamento social, higiene das mãos e uso de máscaras, o psiquiatra defende cuidados com a mente. “Procurar ter sempre alguma atividade que seja prazerosa, não se afastar de suas atividades, desde que não coloque sua vida ou a dos outros em risco. E principalmente, ter alguma coisa que lhe traga ânimo, prazer ou satisfação”, finalizou.
Boletim epidemiológico mais recente divulgado pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) aponta que Campo Grande já tem 122 mil casos confirmados, com 3.542 óbitos e 350 pacientes internados.
Segundo o vereador Dr. Jamal, membro da Comissão de Saúde da Câmara Municipal e responsável por conduzir a live, o assunto é tão importante quanto o próprio tratamento da covid-19.
“Com essa pandemia, com o distanciamento, as pessoas ficaram mais em casa, o que acabou desencadeando depressão e ansiedade. Agora, com o aumento da mortalidade, também aumentou a síndrome do pânico, da hipocondria, do medo de morrer. Esse tema é muito importante, tanto quanto o tratamento da covid. O objetivo é preservar a vida mental dos cidadãos”, afirmou.
Jeozadaque Garcia
Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal