Se no início de janeiro o deputado federal Beto Pereira (PSDB-MS) chegou a confirmar que era pré-candidato a prefeito de Campo Grande nas eleições municipais de 2024, no fim deste mês de fevereiro o cenário já mudou para o parlamentar, e para pior.
De acordo com fontes ouvidas pelo Correio do Estado, os episódios recentes protagonizados por Beto Pereira teriam enfraquecido o seu nome dentro do ninho tucano, que já não o enxerga como a melhor opção para disputar a prefeitura da Capital pela legenda.
O motivo, conforme interlocutores, seria a viagem que o deputado federal fez ao Marrocos para assistir a partida do Flamengo pela semifinal do Mundial de Clubes, no dia 7 de fevereiro, contra o time árabe Al-Hilal.
No mesmo dia, e praticamente no mesmo horário, houve sessão de votação no plenário da Câmara dos Deputados.
O parlamentar sul-mato-grossense não registrou presença, mas foi flagrado na transmissão da partida pela Rede Globo. Naquele dia, o plenário aprovou acordos internacionais com Marrocos, Romênia e Peru.
Apesar de contabilizar a ausência na sessão, o sistema da Casa de Leis classificou a viagem como “missão autorizada”, ou seja, o dia de falta não seria descontado do salário de Beto Pereira – diferentemente das faltas sem justificativa, em que o deputado deixa de receber por ter se ausentado.
Beto Pereira confirmou a ida à partida e disse, em nota, que a decisão de viajar foi tomada por conta própria, para cumprir a promessa que fez ao seu filho, em comemoração ao aniversário de 15 anos. O parlamentar sul-mato-grossense esclareceu que a viagem foi paga com recursos próprios.
Como todas as tentativas de justificar a viagem só pioraram ainda mais a imagem do parlamentar, os integrantes do PSDB já começaram a pensar em um plano B, pois o episódio, que o próprio deputado federal postou nas redes sociais, compromete o discurso de austeridade e deve ser amplamente utilizado pelos seus possíveis adversários no pleito de 2024.
Campanha antecipada
Para agravar ainda mais o quadro, que já era ruim, Beto Pereira reuniu amigos e servidores de seu gabinete na Câmara dos Deputados e criou o “Bloquinho do Beto Pereira” para pular Carnaval em Campo Grande.
Até aí tudo bem, o problema é que o deputado federal mandou confeccionar camisetas com uma fotografia sua estampada na parte da frente, o que pode caracterizar campanha eleitoral antecipada.
Sem se atentar para o crime eleitoral, o pré-candidato chegou a explicar o fato ao Correio do Estado, com a seguinte declaração: “A gente no escritório sempre faz algo temático nas datas comemorativas. Agora no Carnaval não foi diferente”.
O ato falho do parlamentar sul-mato-grossense caiu como uma bomba junto às lideranças do PSDB, que ironizaram o fato de o deputado federal cometer um possível crime eleitoral e ainda procurar a imprensa para divulgar o malfeito.
Outra decisão equivocada de Beto Pereira, para os interlocutores ouvidos pelo Correio do Estado, foi ter recusado assumir uma secretaria na gestão do governador Eduardo Riedel (PSDB).
Ele explicou que a decisão de não assumir seria porque ficaria apenas um ano e três meses no cargo, pois teria de renunciar para concorrer à prefeitura da Capital.
“Acredito que será mais produtivo cumprir o meu mandato, pois poderia contribuir com todos os municípios do Estado. Caso assumisse uma secretaria, teria minhas ações mais limitadas”, disse, referindo-se às articulações necessárias para a viabilização da sua candidatura nas eleições municipais de 2024.
Com informações do Correio do Estado