O intercâmbio comercial, técnico e tecnológico entre Campo Grande e o Paraguai avança a cada dia. Uma comitiva de Concepción com empresários e com a presidente da Assembleia Legislativa de Concepción, Sulma Espinosa García, esteve na Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio tratando sobre o intercâmbio comercial entre as duas cidades.
Sulma Espinosa García esclareceu que as cidades irmãs vêm trabalhando de forma coordenada desde 2019 para estabelecer tratativas econômicas e comerciais, contudo devido à pandemia as atividades foram suspensas e agora voltam com tudo.
“Estamos dando continuidade a este laço de amizade que temos com Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e Concepcíon, para realizar trabalhos relacionados à colocação de produtos da agricultura familiar que se produz na região do Norte do Paraguai, especificamente em Concepción, e também levarmos produtos daqui que não temos lá”, diz.
A região paraguaia, hoje, tem muitas famílias que se dedicam à agricultura familiar. Há uma diversidade de produção, que pode ser fortalecida, inclusive com intercâmbio tecnológico e técnico. A ideia, de acordo com o grupo, é estabelecer esse intercâmbio.
Ela conta ainda que eles objetivam avançar na produção orgânica, e que no norte paraguaio há algumas pequenas cooperativas que estão evoluindo tanto na produção quanto na certificação nacional e internacional para chegar a novos mercados.
Alimentos orgânicos
Campo Grande, assim como todo o país, tem uma demanda por produtos orgânicos. Em 2021, o número de consumidores de alimentos orgânicos no país cresceu 63%, de acordo com a pesquisa “Panorama do consumo de orgânicos no Brasil”, desenvolvida pela Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis), junto à empresa Brain Inteligência Estratégica e à iniciativa Unir Orgânicos.
Outro estudo, este do Conselho Brasileiro da Produção Orgânica & Sustentável, aponta que quem não consome orgânicos justifica os preços mais altos em relação aos demais produtos e dificuldade de encontrar. Ambos os problemas seriam reduzidos com o fomento e a troca comercial entre os países.
“Nós somos hoje e sempre fomos um grande centro de riqueza. Vejo o quanto podemos melhorar a vida das nossas famílias, do nosso povo com essa união. Fico muito feliz quando vejo o envolvimento de vocês, o nosso envolvimento, a vontade da nossa prefeita [Adriane Lopes], ela realmente quer fazer isso”, afirma o secretário municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio, Adelaido Vila.
Para o empresário Ângelo Mendes, da empresa South America Trade SA, este movimento é certo. “Isto vai acontecer. Campo Grande está na mesma situação geográfica que Concepción está. Vocês estão para o Brasil, assim como Concepción está para o Paraguai, em relação a todo esse movimento, como o corredor bioceânico e o Rila”, exemplifica.
Ambas as cidades estão nos corações dos dois países e são passagem das rotas. No caso da Rota de Integração Latino-Americana (Rila), o Mato Grosso do Sul passa a ser vetor de ligação com a fronteira de Porto Murtinho e o Paraguai, a partir de uma nova ponte (o trecho é feito há mais de duas décadas via balsa), passando pelo Paraguai e pela Argentina até chegar ao Chile. Já o corredor bioceânico irá criar uma autovia eficiente que conectará por terra os oceanos Atlântico (desde o porto de Santos, no Brasil) e Pacífico (até o porto de Antofagasta, no Chile).