Em áudio enviado à esposa Kelly Ferreira logo após ser violentamente atropelado por um Porsche Cayenne avaliado em mais de R$ 1,2 milhão, o motoentregador da iFood, Hudson de Oliveira Ferreira, 39 anos, pede socorro, pois estava com a perna esmagada.
“Ô bicho, vem aqui, cara”, disse Hudson de Oliveira Ferreira no áudio, enquanto a esposa responde: “Tô indo aí, peraí”. Em seguida, ele torna a falar: “Ai, vem ligeiro vida, acabou com a minha perna, acabou!”. Novamente ela responde: “O Margino está indo aí também já também”.
A vítima foi atropelada pelo empresário Arthur Torres Rodrigues Navarro, 34 anos, condutor e proprietário do Porsche Cayenne, sendo que o acidente, ocorrido na noite de 22 de março, culminou com a morte do motoentregador do iFood.
O condutor fugiu sem prestar socorro do local do acidente fatal, ocorrido na Rua Antônio Maria Coelho, sendo que o motoentregador morreu dois dias depois na Santa Casa de Campo Grande.
Arthur Navarro apresentou-se à Delegacia de Polícia Civil somente duas semanas após o acidente e alegou que fugiu por ‘achar que não era grave’. Ele ficou com o Porsche parado de sexta-feira a domingo, após o acidente, quando levou o carro para a casa do irmão e a peça danificada para um martelinho.
Em áudio desesperador enviado à esposa, Hudson Ferreira pede que ela vá até o local do acidente o mais rápido possível. Ele teve a lateral direita da moto atingida pelo carro, que lhe causou fratura exposta na perna.
O motoentregador foi socorrido e levado para a Santa Casa, mas morreu na madrugada de domingo, dia 24 de março, por embolia pulmonar, politraumatismo, ação contundente devido à colisão automobilística.
Segundo a Polícia, Arthur Navarro é proprietário de um bar na cidade e teria acabado de sair do estabelecimento, quando se envolveu no acidente, a caminho de casa. No carro, estava ele e um funcionário, que poderá responder por omissão de socorro por não ter ajudado o motoentregador quando retornava da casa do patrão.
Sobre a demora para se apresentar à Polícia, o empresário alegou que teria ficado assustado com a repercussão do caso, porém, essa versão apresentada ainda será apurada.
O empresário responde pelo homicídio culposo na direção de veículo automotor em liberdade. Isso porque o caso foi registrado em 22 de março como lesão corporal culposa na direção de veículo automotor.
Já no dia 24, o caso foi alterado para homicídio, com a morte de Hudson. A partir daí a polícia tomou conhecimento dessa morte. Com 5 dias úteis dessa data, no dia 2 de abril, a delegada instaurou inquérito e iniciou diligências para identificar o autor do crime.
Com isso, a delegada de Polícia Civil Priscilla Anuda relatou que esse ‘sumiço’ de Arthur Navarro seria motivo para representar pela prisão preventiva. No entanto, ainda no dia 4 de abril, o advogado do empresário foi até a 3ª Delegacia e combinou para que o cliente se apresentasse na manhã seguinte.
Foi então que na manhã da sexta-feira (5) Arthur se apresentou com os advogados. A delegada esclareceu que, caso o empresário não se apresentasse e continuasse escondido, evitando a responsabilização pelo crime, isso seria motivo para representar pela prisão preventiva.
No entanto, como Arthur Navarro se apresentou espontaneamente, prestou esclarecimentos, também tem residência e trabalho fixos e não tem antecedentes criminais, a lei não autoriza a prisão preventiva.