Com mais de 79% das urnas apuradas no Paraguai, o candidato colorado Santiago Peña ficou na frente do liberal Efraín Alegre e foi matematicamente eleito, em eleição de turno único, de acordo com o site paraguaio ABC Color.
O resultado mantém no poder o partido conservador que domina o país vizinho há praticamente 70 anos.
O atual presidente, Mario Abdo Benítez, parabenizou o presidente eleito. Em publicação nas redes sociais, ele parabenizou o povo paraguaio pela participação nas eleições e também Santiago Pena.
“Trabalharemos para iniciar uma transição ordenada e transparente, que fortaleça nossas instituições e a democracia do País”, disse (em tradução).
Santiago Peña é economista, novo na política, e tem como padrinho político o ex-presidente e atual líder da sigla Horacio Cartes, homem mais poderoso do país.
Dono de bancos e empresas de cigarros, Cartes foi classificado de “significativamente corrupto” pelos Estados Unidos em janeiro.
O opositor formou uma grande coalizão de centro-esquerda a centro-direita, mas não conseguiu superar o favoritismo e a máquina política do rival – a grande maioria dos funcionários públicos no país, por exemplo, é filiada ao Colorado.
O novo presidente terá como principais desafios lidar com uma estagnação econômica que acomete o país desde a pandemia da Covid-19, com índices altíssimos de informalidade no trabalho (no mesmo nível há uma década) e com o crescimento da violência, especialmente na fronteira com o Brasil.
Também terá que renegociar parte do acordo da hidrelétrica de Itaipu com o Brasil, que completou 50 anos na semana passada.
Em entrevista à Folha de São Paulo em março, Peña disse estar ansioso para trabalhar com Lula e defendeu o Mercosul como instrumento de integração regional.
As eleições paraguaias foram marcadas por uma grande indefinição, longas filas e clima de tensão.
Havia uma grande expectativa da oposição de que finalmente poderia haver uma alternância de poder, já que o Colorado estava enfraquecido pelas denúncias de corrupção e estagnação econômica.
O Colorado domina o país desde a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989), a quem Peña já chegou a elogiar.
A exceção foi a gestão do ex-bispo de esquerda Fernando Lugo, de 2008 a 2012, que sofreu um impeachment a meses de completar o mandato.
“Meu elogio se restringe ao fato de que, quando estava no poder, tinha um acordo político tão forte e duradouro, sem a preocupação com sucessões presidenciais, que fez com que fosse possível desenhar políticas de longo prazo e mantê-las. […] Mas exagerou, e de nenhuma maneira sou a favor dos abusos de direitos humanos cometidos no período”, afirmou ele à Folha.