Uma das paisagens mais bonitas de Campo Grande deve ser desfigurada completamente nos próximos anos. A mata, que quase transforma em alameda trecho da Avenida Ricardo Brandão, na altura do bairro Jardim dos Estados, vai sumindo aos poucos, perdendo espaço para o concreto de empreendimentos imobiliários.
No local, antes coberto de árvores, já aparecem vários pontos descampado. Além disso, tapume se tornou ‘vista’ para quem passa na região devagar e repara no que ocorre por ali. Máquinas trabalham na rua paralela a Ricardo Brandão, e a estutura de alvenaria de projetos aparece em meio ao verde.
No mês de março, moradores da Travessa Dona Sabina e Rua Iara, no bairro Jardim dos Estados, encaminharam uma denúncia ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) sobre retirada de árvores na margem direita do Córrego Prosa, no sentido shopping/Centro..
O motivo da denúncia foi a retirada de 27 árvores que estavam localizadas no lote interno na Rua Dona Sabina, fundos da Rua 7 de Setembro. A supressão foi autorizada pela Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) e, conforme análise, de forma regular.
Quatro meses depois, tapumes são paisagem. A empregada doméstica Fátima Aparecida Arantes, de 61 anos, trabalha na região há cerca de três anos. Ela conta que antes era agradável ficar em volta da Avenida Ricardão Brandão mesmo no tempo seco.
Era uma coisa tão bonita, cheia de árvores aqui na frente, mesmo no tempo seco, aqui era bom de ficar”, disse Fátima.
A mulher diz que agora algumas casas ficaram com a vista totalmente prejudicada. Na Rua Iara, por exemplo, o portão de uma residência fica em frente ao tapume. Fátima complementa que a sujeira aumentou na hora da limpeza. “Mesmo jogando água, não adianta. As árvores fazem falta”.
A empresária Lucka Pimenta, representante do bairro há 10 anos, explicou à reportagem o quanto a situação preocupa os moradores. “Esse empreendimento derrubou até ipês. Aqui é muito estreito, não tem vazão nenhuma em caso de emergência e é muito íngreme”.
O terreno em questão começa na Rua Iara, faz a volta por uma casa e termina próximo a um barranco na Travessa Dona Sabina, são 2.400 metros. A ação da construtora pode prejudicar animais que vivem na mata e até causar acidentes, uma vez que a Travessa Dona Sabina e a Rua Iara não têm saída e já contam com grande movimentação de veículos.
Em nota, a Semadur informou que a área citada não se trata de mata ciliar. E que foi encaminhada fiscalização no local para verificar a situação de desmatamento hoje. No mês de março, a secretaria havia destacado que a retirada de árvores estava autorizada no local.