Por telefone e direto de Orlando, na Flórida (EUA), o ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), participou, na tarde de sábado (18), de uma entrevista que o deputado estadual Coronel David e o deputado federal Rodolfo Nogueira, ambos do PL, concediam para uma rádio de Ivinhema (MS).
Na sua participação, Bolsonaro demonstrou preocupação com as invasões de terra em Mato Grosso do Sul e em outros estados brasileiros.
“O setor produtivo, que é o mais importante de Mato Grosso do Sul, não pode ser penalizado. Ninguém do mundo tem moral para dar qualquer aula para nós sobre como se preserva o meio ambiente e como produzir mais”, declarou, lembrando que as pessoas podem passar sem televisão, sem carro, sem bicicleta, mas não passa sem comida.
Na análise dele, as coisas no campo vão começar a ficar mais difíceis para a produção de alimentos em função de novas demarcações de terras indígenas, do desarmamento do produtor rural e de obrigar o País a atingir metas de emissão de carbono.
“Isso tudo é incompatível com a nossa realidade. O mundo não age dessa maneira, os ditos países desenvolvidos jogam essa responsabilidade para o nosso lado”, alertou.
Para o ex-presidente, a sociedade brasileira tem de considerar a posse de arma de fogo como um direito constitucional do cidadão, do campo e da cidade, obviamente, com alguns critérios. “Essa nossa política ajudou a diminuir o número de mortes por armas de fogo no Brasil. Tudo foi diminuindo ao longo de quatro anos devido à política que nós adotamos”, recordou.
CPMI
Ainda de acordo com Bolsonaro, no seu governo tomou as medidas necessárias, não deixando nada para trás e não fazendo pressão no Congresso Nacional. “Quando explodiu, lamentavelmente, aqueles atos deploráveis no dia 8 de janeiro deste ano, que ninguém em sã consciência pode concordar com aquilo, no dia seguinte, a esquerda colheu assinaturas para ter uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de lorota”, pontuou.
Na avaliação dele, isso era para atingi-lo. “Depois, com poucas semanas, eles viram que não era bem aquilo. Aí, a esquerda recuou e, nós, da direita, fomos atrás de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, tendo em vista que, como tudo leva a crer, tenha sido algo manipulado. Foi feita uma emboscada para direita e, lamentavelmente, ainda temos centenas de pessoas presas”, lamentou.
O ex-presidente acrescentou que, apesar disso tudo, a CPMI, no seu entender, vai desmascarar aquela ação de uma minoria que foi plantada dentro dos três poderes para quebrar tudo e colocar a culpa no pessoal patriota. “Temos de mostrar a verdade, é o João 8:32, ‘é conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’, mas o governo do PT, do Lula, não quer. O Brasil é um país fantástico e a liberdade no Brasil é o nosso oxigênio”, reforçou.
ECONOMIA
Bolsonaro também lembrou da economia e falou sobre a taxa de desemprego. “Nós estamos vendo o que está acontecendo, a taxa de desemprego em janeiro foi a metade do criado em janeiro do ano passado. Ele (Lula) já aumentou a taxa de desemprego no Brasil, nós estamos vendo a inflação crescendo”, disse.
Ele também lembrou que as medidas do novo governo preocupam a todos e uma possível nova taxação do campo está a caminho. “Nós diminuímos impostos, nós praticamente eliminamos o DPVAT e agora o governo já anuncia que vai voltar a cobrar esse imposto”, recordou.
O ex-presidente ressaltou que o DPVAT não é uma taxa pequena para quem tem um salário bastante apertado e que vive disso. “Não precisa fazer isso daí.
O aumento dos combustíveis, nós diminuímos o valor da gasolina e não foi na canetada, foi com o parlamento e a diminuição do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços”, pontuou.
A questão da obrigatoriedade do visto para turistas entrarem no Brasil também foi duramente combatida por Bolsonaro. “Quando o governo anuncia que vai voltar a exigir visto para americano, não podemos dificultar a vida do empreendedor, daquele que investe no Brasil, são ideias retrógradas”, afirmou.
Por fim, o ex-presidente disse sobre a relação de Lula com países de regimes ditatoriais da América Latina. “Uma aproximação aí com a Venezuela, países ditatoriais do mundo que não interessa para nós. Ele (Lula) cada vez mais elogia os ditadores como o Maduro, então a gente vê com muita preocupação”, finalizou.
DEPUTADOS
Para o deputado estadual Coronel David, os assuntos abordados por Bolsonaro demonstram que ele, mesmo nos Estados Unidos, está antenado com as questões que estão acontecendo no Brasil e que no seu retorno vai liderar a oposição ao “desgoverno que está aí”.
Ainda ao Correio do Estado, o parlamentar ressaltou que o ex-presidente soube dizer com bastante correção as ações contraditórias do governo Lula, comparando com as ações feitas na sua gestão. “Ele estava mantendo a nossa economia forte pela proteção, tranquilidade e segurança jurídica que dava ao homem do campo e pelas ações concretas e duradouras que adotava na economia”, reforçou.
O Coronel David revelou que ele e o deputado federal Rodolfo Nogueira tiraram uma fotografia dentro do estúdio da rádio e mandaram para o Bolsonaro. “Logo depois, ele respondeu dizendo que, se a gente quisesse, poderia participar da entrevista também. Imediatamente, falamos que sim e o Rodolfo ligou para o presidente”, revelou.
Já Rodolfo Nogueira disse que Bolsonaro poderá contar com a bancada conservadora no Congresso Nacional, que foi eleita pela influência dele e vai trabalhar com afinco para que as comissões de investigações sejam instauradas o quanto antes.
“Presidente, nós não vamos deixar essa CPMI ficar para trás. Vamos fazer de tudo para que seja instalada, mesmo com essa pressão do governo do PT e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Nós vamos passar a limpo o que aconteceu no dia 8 de janeiro e, com certeza, aqueles que praticaram atos criminosos serão punidos, bem como os integrantes do atual governo, que foram omissos”, declarou.