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segunda-feira, setembro 30, 2024
 
 
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Cientista político vê “rebeliões” dentro do União Brasil como princípio do fim

Nas últimas semanas, o recém-criado União Brasil, que surgiu da fusão do PSL com o DEM, tem enfrentado uma série de “rebeliões” internas, tanto no diretório nacional quanto em Mato Grosso do Sul, e em ambos os locais as ocorrências foram parar na Justiça.

Em nível nacional, a rebelião generalizada é contra o presidente Luciano Bivar e seu vice-presidente, Antônio Rueda, em razão da disputa pelos “louros” que o União Brasil receberá pela adesão à gestão do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Já em escala estadual, os motivos são mais modestos, porém, não menos problemáticos: envolvem uma disputa pelo controle da legenda entre a atual presidente estadual da sigla, senadora Soraya Thronicke, e a ex-deputada federal Rose Modesto, além de 16 filiados que foram excluídos do partido em MS.

Na avaliação do cientista político Tércio Albuquerque, as duas rebeliões podem ter o mesmo fim: uma debandada generalizada de senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos e vices, vereadores e demais filiados ao União Brasil.

Na prática, conforme o especialista, essas disputas internas podem terminar com a destruição da legenda, que já perdeu muitos filiados durante a fusão do PSL com o DEM por conta da incompatibilidade de pensamentos de integrantes de ambas as siglas.

“O que tenho acompanhado no União Brasil reflete um pouco do que tem acontecido na política nacional. Desde o início, a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, que agora solicitou ao Tribunal Superior Eleitoral [TSE] uma autorização para deixar a sigla sem perder o mandato de deputada federal pelo Rio de Janeiro, enfrenta problemas justamente em razão de um possível envolvimento com as milícias cariocas. É justamente no Rio onde se concentram as maiores direções nacionais do União Brasil”, pontuou.

Tércio Albuquerque ressaltou que, a partir desse instante, há um desentendimento na base principal no Rio de Janeiro, a qual envolve o presidente Luciano Bivar e outros líderes, incluindo a própria ministra.

“Ela solicitou ao TSE a desfiliação em razão dos vários motivos elencados, entre eles a impossibilidade de acesso a recursos partidários, inclusive para organização do próprio partido, além de estrutura para as próximas eleições municipais e outras reclamações, como assédio por parte de políticos majoritários do estado do Rio de Janeiro”, avaliou.

O cientista político declarou que tal fato acabou por refletir também no governo Lula, que destinou vários cargos ao União Brasil no primeiro escalão. “Isso vai, sem dúvida nenhuma, refletir na base de apoio de Lula, que até agora está com dificuldade de construir, a fim de ter um certo conforto no Senado e na Câmara dos Deputados”, assegurou.

EM MS
No caso específico de Mato Grosso do Sul, Tércio Albuquerque também analisou que a situação do diretório estadual do União Brasil é preocupante, pois a senadora Soraya Thronicke adotou “medidas unilaterais na conveniência de suas posições e bases políticas, excluindo, destituindo vários membros, como Rose Modesto”.

“Quando a Justiça interfere, como aconteceu aqui no Estado, determinando que todos retornassem aos cargos que ocupavam no partido, acaba por tirar autoridade e até mesmo coloca em xeque a representatividade política da Soraya Thronicke. Apesar de a rebelião em MS não ter o mesmo motivo do Rio de Janeiro, acaba envolvendo o partido como um todo”, alertou.

O cientista político enfatiza que essa não será a primeira nem a última vez que lideranças dilaceram os próprios partidos.

“Já tivemos o PT, há alguns anos, se dividindo em duas frentes bastante fortes. Também já tivemos o PSDB, o MDB, enfim, várias legendas. É uma situação que ocorre nessas siglas partidárias quando o interesse pessoal suplanta o interesse político-partidário efetivamente”, lamentou-se.

Para o especialista, infelizmente, hoje, de união, o União Brasil só tem o nome. “O partido não está tendo nada de união neste momento e poderá ter grandes perdas não só no governo central, mas também em estados e municípios”, destacou.

CASOS DAS SENHAS
Um fato novo nessas rebeliões internas do União Brasil seria o bloqueio de senhas, no caso do diretório estadual do Rio de Janeiro, e um possível hackeamento de senha, no caso do diretório do partido em Mato Grosso do Sul.

Em terras fluminenses, os parlamentares pedem desfiliação da sigla por justa causa e dizem que chegaram a ter suas senhas do diretório estadual bloqueadas pela direção nacional, o que inviabilizaria a participação em convenções estaduais.

“A medida imposta pelo presidente Luciano Bivar e seu vice, Antônio Rueda, não passou por uma consulta à direção nacional, da qual também faz parte o secretário-geral. Cumpre repisar que o arbitrário impede a formação e consolidação das bases do partido no Estado, bem como qualquer iniciativa dirigida à preparação para as eleições municipais [2024] e geral [2026]”, argumentam os parlamentares cariocas.

Além da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, também assinam a ação outros cinco deputados federais do Rio de Janeiro filiados ao União Brasil: Chiquinho Brazão, Juninho do Pneu, Marcos Soares, Ricardo Abrão e Dani Cunha.

Já em Mato Grosso do Sul, a senadora Soraya Thronicke usou sua conta no Twitter para denunciar um possível hackeamento de seu acesso ao TSE via Sistema de Gerenciamento de Informações Partidárias (SGIP). “Ainda não temos ciência das alterações feitas, porém, a polícia já foi acionada e nos trará as respostas. Quem se beneficiaria com tais mudanças? A quem interessa isso?”, postou.

Mais tarde, por meio de sua assessoria de imprensa, a senadora divulgou uma nota de esclarecimento, informando que, na segunda-feira, identificou alguns acessos indevidos, feitos por terceiros por meio de seu login e senha do SGIP.

“Como presidente estadual de um partido, tenho um login e uma senha de acesso limitado à minha competência dentro de Mato Grosso do Sul para alimentar o sistema. Ao notar as alterações que não foram feitas por mim, imediatamente acionei as autoridades policiais para investigar a invasão. Considerando a gravidade do caso, a investigação tramita sob sigilo”, trouxe a nota.

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