Responsáveis por transportar mercadorias de quase todos os cantos do país, os caminhoneiros que abastecem a CEASA/MS (Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul) sacrificam o convívio diário com a família, os amigos e até o conforto, para trazer as frutas, verduras e legumes que chegam à mesa do sul-mato-grossense.
Rotina intensa – O motorista Cleder Konig traz frutas do Nordeste para a CEASA há três anos. Natural de Chapecó, Santa Catarina, o caminhoneiro percorre cerca de 5,7 mil quilômetros até chegar à capital de Mato Grosso do Sul.
“Eu subo carregado para o Nordeste, lá descarrego a mercadoria e recarrego com frutas em cidades como Juazeiro, Petrolina e desço direto para cá. Carrego melão, às vezes carrego uva, manga. Trago bastante banana também”, comenta.
Cleder conta que o trajeto até a CEASA, saindo de Mossoró (RN), cidade mais distante de onde ele carrega, pode demorar até 4 dias. Nas Centrais, o descarregamento nem sempre é imediato; varia de acordo com a quantidade de caminhoneiros que estão na fila de espera.
O movimento na CEASA é de aproximadamente 1,5 mil veículos, sendo grande parte composta por veículos pesados, como caminhões e carretas, repletos de hortigranjeiros. Para quem vive na estrada, a espera faz parte da rotina, comenta o motorista:
“Pode chegar a dois, três dias de espera, mas é porque tem vários outros caminhões para descarregar, não é? Dependendo da fruta que a gente transporta, é mais rápido para descarregar, pois são alimentos perecíveis. Mas também depende do tamanho da fila, é normal, tem que esperar”, completa.
De Campo Grande, o motorista sai carregando mercadorias em outras cidades até, enfim, retornar para casa e poder reencontrar a esposa, a filha de 13 anos e o menino de 10. Cleder é caminhoneiro há 15 anos, período em que ele e a família tiveram de se adaptar à rotina exaustiva do ofício.
“É sofrido, mas é bom”, sorri.
Já o corumbaense Manoel Tomicha, de 60 anos, percorre uma distância mais curta; ele busca na CEASA os hortifrútis que abastecem supermercado de Corumbá. São 854 km percorridos e mais de 10 h de viagem, considerando o trajeto de ida e volta. Manoel voltou à função após uma pausa forçada durante a pandemia.
“Eu levava a mercadoria para as minhas filhas, que faziam feira em Corumbá, mas daí veio a pandemia e o movimento foi diminuindo bastante. Foram 10 anos levando verduras da CEASA para lá”, conta Manoel.
Mas a crise sanitária não tirou do motorista a vontade de continuar se dedicando ao trabalho de motorista. O convite para voltar a ser freteiro foi o “empurrãozinho” que ele precisava para retornar ao ofício do qual sempre se orgulhou.
“Antigamente eu trabalhava praticamente por conta própria, tinha caminhão, mas hoje presto serviço para essa empresa. Eu sempre gostei de ficar na estrada”, acrescenta Manoel.
Do campo para a mesa do consumidor
Centenas de outros profissionais dedicados, como Manoel e Cleder, também trazem hortigranjeiros do PR, GO, SC, RS, BA, ES, RN, CE, PA, MA, PI, TO, MT, RO, PB, DF, SE, AL e até do exterior.
Em 2024, 86,83% das mercadorias comercializadas na CEASA, vieram de outros estados do país e até do exterior. Toda essa mercadoria é transportada pelas rodovias do país.
Ao todo, em 2024, os produtores e permissionários comercializaram 216 mil toneladas de produtos na CEASA/MS. O estado com maior participação foi São Paulo, com 64.011 toneladas, que representam 29,51% do total comercializado.
Minas Gerais, com 32.294 toneladas, e Mato Grosso do Sul, com 28.567 toneladas de hortigranjeiros, completam o ranking dos maiores estados fornecedores para a CEASA/MS no ano passado.