O corredor de ônibus da Rua Rui Barbosa foi inaugurado em dezembro de 2022, e, três meses depois, motoristas e motociclistas continuam usando a faixa exclusiva de maneira indevida. Na semana passada, uma mulher de 59 anos morreu após ser atropelada por um carro que usava o corredor.
Segundo o gerente de Fiscalização de Trânsito da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Carlos Guarini, usar a faixa exclusiva de ônibus é infração gravíssima, passível de multa de R$ 293,47 e perda de 7 pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
“Não pode parar, não pode estacionar, todas elas [pessoas] podem ser multadas em decorrência disso”, comentou o gerente.
Guarini relata que há apenas uma situação em que os motoristas podem utilizar os corredores de ônibus, quando precisarem fazer uma conversão à esquerda.
Nesse caso, o gerente de fiscalização informa que os condutores devem acessar a via exclusiva apenas 30 metros antes e sinalizar com a seta que farão a conversão.
A Agetran realiza fiscalizações diariamente, em horários alternados, em todas as vias que têm corredores exclusivos de ônibus em funcionamento, que são as ruas Rui Barbosa, Brilhante e Guia Lopes da Laguna e a Avenida Duque de Caxias.
No entanto, a fiscalização não é direcionada para os casos de infração por utilizar a faixa exclusiva, mas, sim, para ações normais da agência.
O gerente alerta que, além de ser uma infração, utilizar a via exclusiva para ônibus pode ocasionar acidentes que seriam evitados se o condutor respeitasse as leis de trânsito.
“É importante que se respeite, não só pela segurança dela, mas também de outras pessoas”, comentou.
No dia 28 de março, Evanir Carvalho de Souza foi atropelada por um Renault Captur branco que estava no corredor de ônibus, na Rua Rui Barbosa, entre a Rua Antônio Maria Coelho e a Avenida Mato Grosso. A mulher estava a caminho da Santa Casa para visitar a mãe, que estava intubada.
A mãe, Leonilda Rodrigues de Oliveira, de 82 anos, morreu horas depois do falecimento da filha.
Evanir e Leonilda foram sepultadas uma ao lado da outra. A condutora do veículo que atropelou a mulher foi presa em flagrante, mas pagou fiança de R$ 7 mil e foi liberada horas depois.
Pessoas que estavam no local na hora do acidente relataram que a motorista se recusou a realizar o teste de bafômetro.
CORREDORES DE ÔNIBUS
Em 2011, foi acertado um pacote de obras que visava a instalação de corredores de ônibus em Campo Grande. As alterações foram viabilizadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade Urbana. No entanto, nem todos os corredores previstos foram entregues até o momento.
O corredor da Rua Brilhante, por exemplo, começou a ser feito em 2016 e só foi entregue em abril do ano passado, seis anos depois do início das obras. No mesmo pacote da via também estava prevista a instalação de um corredor na Avenida Bandeirantes, que está paralisado desde 2020.
Em novembro do ano passado, a prefeitura abriu edital para relicitação das obras dos corredores da Avenida Bandeirantes e da Rua Bahia. Os documentos de habilitação e as propostas deveriam ser entregues até o dia 10 de janeiro deste ano. No entanto, a licitação foi paralisada pela Prefeitura de Campo Grande para a elaboração de um adendo.
Além das duas obras, a faixa exclusiva para ônibus da Avenida Marechal Deodoro também está prevista para ser entregue neste ano. Já na Avenida Calógeras, as obras foram paralisadas na metade de 2022.
Segundo a empreiteira responsável pela via, a GTA Projetos e Construções, os motivos da rescisão do contrato foram o atraso no pagamento e a defasagem nos preços dos materiais.
O primeiro contrato, de 2011, garantiu R$ 180 milhões do PAC para investimento no transporte público da Capital. Já em 2021, foi realizado o segundo contrato, intitulado de PAC 2, que previa R$ 13,3 milhões para obras de mobilidade urbana e execução de um ano.
Entre as obras previstas no PAC estavam os corredores da Avenida Bandeirantes e das ruas Brilhante e Guia Lopes da Laguna. Já no PAC 2 estava previsto o corredor da Avenida Calógeras.
Os novos corredores deveriam ser instalados em todas as regiões da Capital, onde os ônibus circulariam em uma faixa exclusiva, com trânsito livre e semáforos sincronizados nos cruzamentos, reduzindo, assim, em até 20% o tempo de viagem.