Após enfrentar, no ano passado, os efeitos de uma das piores crises hídricas de sua história e mesmo com maior volume de precipitações registradas nos últimos dias, principalmente na região Norte do Estado, o Pantanal ainda deverá ter problemas decorrentes da escassez de chuva que atinge a região nos últimos anos. É o que apontam as informações do SGB-CPRM (Serviço Geológico do Brasil).
Maior planície alagável do planeta, localizada em três países (Brasil, Paraguai e Bolívia), o Pantanal vem enfrentando uma crise hídrica sem precedentes nos últimos anos. Com chuvas mais escassas, o período de seca, que geralmente acontece entre maio e setembro, tem se estendido ao longo do ano. Uma das preocupações tem sido quanto à falta de uma grande cheia do rio Paraguai pode trazer de consequências para o bioma brasileiro.
Com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para o valor ambiental, social, cultural das áreas úmidas, a necessidade de sua proteção e os benefícios que proporcionam às pessoas, foi comemorado no dia 2 de fevereiro o Dia Mundial das Áreas Úmidas.
As chamadas “áreas úmidas” são ecossistemas na interface entre ambientes terrestres e aquáticos, continentais ou costeiros, naturais ou artificiais, permanente ou periodicamente inundados ou com solos encharcados. As águas podem ser doces, salgadas ou salobras, com comunidades de plantas e animais adaptados à sua dinâmica hídrica.
De acordo com o gerente de Recursos Hídricos do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), Leonardo Sampaio, a grande importância das áreas úmidas é que elas abrigam várias espécies peculiares ou endêmicas destas regiões, ou seja, espécies que só vivem nestes lugares específicos. “São regiões essenciais para os anfíbios, répteis e para as aves migratórias, que dependem desses locais para reprodução e migração, além de ajudar na redução das mudanças climáticas, pois estes ambientes retiram quantidades significativas de carbono do ar”, salientou Sampaio.
Chuvas insuficientes
Marcelo Parente Henriques, pesquisador do SGB-CPRM, que atua no Sistema de Alerta Hidrológico do rio Paraguai, destaca que o período de chuvas na bacia, iniciado em outubro passado, vem apresentando volumes com intensidade e constância maiores quando comparado aos anos anteriores. “Isto já é um grande diferencial, entretanto, ainda é inoportuno afirmar que será o suficiente para uma recuperação plena do nível do rio Paraguai, tendo em vista os baixos níveis registrados ao longo dos últimos três anos”.
O pesquisador do SGB-CPRM compara a situação de estiagem nos anos 2021 e 2022. “Verifica-se que para os últimos dias, que não houve uma recuperação dos níveis, demonstrando um ano mais seco. A exceção é o rio Taquari, onde os níveis estão bastante altos, inclusive com a ocorrência de inundação na região, conforme o Aviso 21 emitido pela Sala de Situação quarta-feira (2 de fevereiro)”, diz Marcelo Parente.
Nesta semana, o rio Paraguai vem apresentando a tendência de elevação de seu nível em Cáceres (MT), como também em Ladário e em Porto Murtinho, ambas em Mato Grosso do Sul. Porém, é importante ressaltar que esses valores de nível registrados ainda se situam nas proximidades da zona de atenção para mínimas.
Considerando as precipitações previstas para as próximas semanas, o rio Paraguai deverá continuar apresentando tendência de elevação do seu nível na maioria das estações de sua calha.
Áreas Úmidas
O Brasil possui 27 áreas úmidas com o título Ramsar, ou seja, parte da lista de sítios reconhecidos internacionalmente, após o tratado intergovernamental realizado na cidade iraniana de Ramsar, com o objetivo de promover a cooperação entre países na conservação e no uso racional das zonas úmidas no mundo.
Áreas úmidas são ecossistemas de altíssima relevância ecológica fundamentais para a manutenção dos estoques de água do mundo. São consideradas áreas úmidas toda a extensão de pântanos, charcos e turfas, várzeas, rios, pantanais, estuários, manguezais e até os recifes de coral.
Rosana Siqueira, Semagro
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