Liderados, respectivamente, pelo ex-governador Reinaldo Azambuja e pela senadora Tereza Cristina, o PSDB e o PP, apesar de aliados nas eleições gerais do ano passado, levando à vitória o atual governador Eduardo Riedel, estão travando uma “guerra silenciosa” já de olho no pleito de 2024.
Segundo fontes ouvidas pelo Correio do Estado, nos bastidores, os principais articuladores políticos de ambos os partidos estão com suas equipes a campo, disputando, braçada a braçada, as filiações de novos prefeitos para as suas respectivas siglas, e para, dessa forma, chegarem no próximo ano com seus quadros fortalecidos para um embate.
Um desses articulares revelou que o PP teria “queimado” a largada ao iniciar muito cedo a “caça” por prefeitos para se filiarem à legenda, desrespeitando o PSDB, que abriu as portas da gestão de Eduardo Riedel e disponibilizou cargos para os progressistas.
Por outro lado, a aliança PSDB-PP teria ficado no passado, pois agora o foco é fortalecer cada legenda.
Nos bastidores, conforme apurado pela reportagem, ocupantes de cargos de chefia dentro do governo filiados ao PP estariam batendo de frente com os “antigos” aliados do PSDB.
O que se comenta é que, apesar de Eduardo Riedel, Reinaldo Azambuja e Tereza Cristina serem muito amigos na vida pessoal, na política, a história não seria a mesma.
Agora, os três terão de queimar muita conversa e negociação para que a aliança de 2022 sobreviva até 2024 e as duas legendas consigam continuar no mesmo barco nas eleições municipais. Caso contrário, será cada uma para o seu lado e que o mais forte faça mais prefeitos.
PRIMEIRO TIRO
Nessa batalha por espaço político nos 79 municípios de Mato Grosso do Sul, o primeiro “tiro” foi disparado pelo PP, que já informou que vai disputar a eleição majoritária no município de Campo Grande.
De acordo com as informações repassadas pela liderança estadual do Progressistas Marco Aurélio Santullo ao Correio do Estado, a sigla pode vir com candidato a prefeito ou a vice-prefeito.
Ele também adiantou que, nos 21 municípios onde o partido já tem prefeitos que estiverem aptos para tentar a reeleição, a legenda vai lançar os nomes deles para serem apreciados pela população.
Santullo não quis revelar o nome escolhido pelo PP que eventualmente disputará o cargo de prefeito ou de vice-prefeito da Capital em 2024, informando que as demais lideranças do partido ainda estão alinhando o provável escolhido.
O Progressistas iniciou este ano com as filiações dos gestores de Aparecida do Taboado e de Inocência, respectivamente, prefeitos José Natan de Paula Dias e Ângelo Garcia dos Santos.
Com essas filiações, o número total de prefeitos da sigla em Mato Grosso do Sul chega a 21, além de 10 vice-prefeitos e de 78 vereadores. Ainda, dois novos prefeitos devem se filiar ao PP nos próximos meses, não estando descartados “aliados” do PSDB.
Além disso, a senadora Tereza Cristina convidou a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (Patriota), para também se filiar ao partido.
CONTRA-ATAQUE
Para não perder espaço, o PSDB partiu para o contra-ataque, conforme foi relatado ao Correio do Estado por fontes ligadas ao partido, com o objetivo de elevar dos 37 prefeitos filiados para 49 gestores municipais filiados até o fim deste ano, o que representaria 62% das 79 prefeituras do Estado sob a bandeira tucana.
Para isso, o partido teria encaminhado a filiação dos prefeitos Maycol Henrique Queiroz Andrade (Paranaíba), Cleverson Alves dos Santos (Costa Rica), Fábio Santos Florença (Miranda), Edison Cassuci (Angélica), Thalles Henrique Tomazelli (Itaquiraí) e Lídio Ledesma (Iguatemi).
Ainda, a reportagem apurou que o PSDB está em negociação com mais seis prefeitos, totalizando 12 novos gestores filiados somente em 2023, o que dará musculatura para os tucanos disputarem as eleições municipais do próximo ano.
Por enquanto, mais uma vez, o PSDB, apesar de ter saído atrás do PP, empatou e virou o jogo, mostrando que sua hegemonia deve continuar por mais um bom tempo em Mato Grosso do Sul.
A estratégia utilizada pelo partido tem sido a de aproveitar as reuniões nas quais os prefeitos têm participado junto ao governador.
Entre um encontro e outro, que também contam com deputados federais e estaduais do PSDB, sempre acaba sendo feito um convite informal para que um prefeito entre para o ninho tucano, pois, afinal, faria parte do partido do próprio governador.