Campo Grande perdeu na última quarta-feira, (20/06), um dos empreendedores mais tradicionais da cidade: Nelson Nachif, de 83 anos. Ele foi presidente da Associação Comercial entre 1993 e 1996 e vice-presidente no triênio 1990-1993, sendo responsável por liderar diversas ações de fomento ao comércio que marcaram a década de 1990.
Empresário de uma tradicional imobiliária da Capital, Nelson Nachif começou na atividade de empreender nos anos de 1960, na loja de secos e molhados do pai. Filho de imigrantes sírios, o empresário foi precursor ao abrir o primeiro supermercado de Mato Grosso do Sul, em 1967, intitulado Serve Bem e situado na Avenida Barão do Rio Branco. Expandiu o negócio de alimentos com diversas filiais e manteve sua atuação no ramo até 1977.
Considerado por muitos como um empreendedor à frente do seu tempo, migrou para o segmento imobiliário, onde dedicou cerca de 40 anos de trabalho.
Além do tino para negócios e empreendedorismo, foi atuante e participativo em entidades representativas na sociedade. Foi conselheiro da Santa Casa e do Hospital de Câncer – Alfredo Abrão, integrou diretorias do Rotary Clube, Rádio Clube, Clube Surian e da Seleta Sociedade Caritativa e Humanitária (SSCH). Também ocupou posição no poder público, como secretário de Indústria e Comércio do Município.
Nos anos de vice-presidente e presidente da ACICG, conduziu iniciativas promocionais inéditas que movimentaram as vendas do comércio na região central, como a campanha Natal de Ouro que premiou consumidores com a distribuição de moedas do metal precioso. Outra ação que marcou a sua etapa como presidente foi a campanha “Volta às aulas” que possibilitou o sorteio de bolsas de estudos, representando uma contribuição da entidade com a educação da população.
Um episódio marcante na história da sua gestão foi o lançamento do projeto de revitalização na área central, em 1994, visando tornar a região mais atrativa ao consumidor. Na época, o dirigente promoveu um seminário para discutir o que a população e os comerciantes desejavam para o local.
Dois anos mais tarde, ainda na presidência, celebraria a marca de 70 anos do aniversário da entidade empresarial. E foi em sua gestão que a Associação Comercial realizou uma importante mudança do estatuto. Antes chamada de ACCG, em 1995 a entidade passou a ser denominada ACICG, incluindo também o segmento industrial em seu nome e adotando as cores azul e branco como representação da casa.
Ex-presidente da ACICG (2005 a 2011), Luiz Fernando Buainain teve a oportunidade de conviver com Nachif ao integrar a diretoria de sua gestão. Ele lembra que o empresário do ramo imobiliário foi eleito com duas vezes e meia o número de votos em relação ao seu oponente. Sua trajetória é definida como um líder dedicado, que trouxe tecnologia, respeito e admiração à Associação Comercial.
“Ele tornou a entidade visível à sociedade e todos os projetos de publicidade de campanhas organizadas por ele tiveram sucesso absoluto, transformando a 14 de julho em uma área promissora e de prospecção de negócios. Ele foi um grande professor e começou um caminho de mudança para o empresariado de Campo Grande”, classificou Buainain.
Enquanto presidente da ACICG, Nelson Nachif também foi primordial para a chegada da internet à Capital. Adquiriu um grande servidor para a entidade e articulou com lideranças políticas, em âmbito nacional, para quebrar entraves operacionais que impediam que a tecnologia chegasse a instituições que não tinham cunho acadêmico. Uma grande inovação para a época.
“Ele foi arrojado, era à frente do seu tempo e não desistia do que acreditava. Deixou sua marca na ACICG e em Campo Grande como empresário e encabeçou campanhas que foram muito expressivas para o fomento das vendas”, comenta o vice-presidente da ACICG, João Carlos Polidoro, que liderou a entidade por duas gestões, de 2014 a 2020.
Para a diretoria da ACICG, a trajetória de empreendedorismo de Nelson Nachif deixa um legado ao setor empresarial.
“Foi um homem ímpar, que deixará saudades pelos ensinamentos, vivacidade, e engajamento com o empresário campo-grandense. É uma perda lastimável, mas que deixou bons frutos”, avalia Buainain.
“Lamentamos a morte desse grande empresário que muito contribuiu para o desenvolvimento da instituição e do comércio campo-grandense. O nosso carinho e solidariedade à família e amigos”, finaliza Paniago.