A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul realizou, nesta sexta-feira (11), um seminário em prol da discussão das políticas públicas que podem beneficiar a prática do ciclismo em Mato Grosso do Sul. Denominada “Pedal On-line”, a noite de debates foi conduzida pelo deputado estadual Renato Câmara (MDB), quem propôs o evento em parceria com o Instituto Emanuelle.
O Pedal On-line faz parte de uma série de ações em alusão ao Dia Estadual de Conscientização e Proteção ao Ciclista, instituído pela Lei 5.683/2021, de autoria de Renato Câmara, que visa promover reflexões sobre a mobilidade sustentável e segurança de ciclistas no trânsito, motivando soluções inovadoras de gestão pública, incentivando o uso da bicicleta como meio de transporte, de esporte e lazer, além de sensibilizar a sociedade para os benefícios da prática, entre outros – saiba mais aqui. A Lei também visa fazer jus à memória de Emanuelle Aleixo, jovem que faleceu após ser atropelada enquanto andava de bicicleta próximo ao Parque dos Poderes, em Campo Grande.
“A Casa de Leis tem como missão ouvir a população e propor projetos que possam beneficiar a população. A Lei e o Instituto trazem a grande missão de transformar a dor de perder uma filha no trânsito em ações que possam melhorar a sociedade, no sentido de ter mais proteção e prevenção. A Assembleia Legislativa abraçou essa causa e faz com que a discussão se consolide como permanente. Essa foi apenas a primeira”, discursou o deputado Renato Câmara.
A mãe de Emanuelle e presidente do Instituto, Andrea Aleixo, disse que a intenção é interligar o poder público com os ciclistas. “Percebi que uma forma de honrar a vida da minha filha e de todas as vítimas do trânsito é fazer esse link entre os governos e municípios, que muitas vezes têm recursos e vontades de ajudar, mas não conseguem essa interlocução com os ciclistas e é nisso que o Instituto vai ajudar, fazer essa intermediação, por exemplo com eventos como este seminário. Queremos promover a conscientização do respeito no trânsito, também quanto ao uso de equipamentos de segurança, que eles conheçam seus direitos e deveres, para a potencialização de tudo que promova a vida”, explicou.
Andrea também contou ao Site Oficial da ALEMS que a ideia é ampliar o debate quanto à implementação de horários e locais específicos para atletas de alta performance. “Em breve teremos uma competição no Rio de Janeiro em que 40 triatletas vão representar Mato Grosso do Sul. Temos muito potencial e temos muito a melhorar, não só aos esportistas, mas também aos trabalhadores que usam a bicicleta para o deslocamento diário”, destacou a médica Andrea Aleixo.
Proteção ao ciclista
Representando o Detran de Mato Grosso do Sul, a diretora de Educação para o Trânsito, Elijane Coelho, que também é praticante do ciclismo, usou da palavra para falar do desafio que é mudar a mentalidade de uma sociedade. “A educação é um desafio gigantesco. Existem vários fatores que se interelacionam. Estamos trabalhando, mas os resultados demoram a aparecer, porque dependem do tanto que as pessoas estão abertas a observarem seu comportamento e se transformarem. As especificidades são muitas, mas todas convergem no respeito mútuo, tanto com ciclistas, motoristas e motociclistas. Juntos salvamos vidas”, explicou.
Ela relembrou que muitos conduzem veículos sem habilitação, consequentemente, sem a orientação devida. E com o projeto CNH Social, aprovado pela ALEMS, vai proporcionar a diminuição do número de pessoas não habilitadas que circulam e assim amenizar a violência no trânsito – saiba mais sobre a lei aqui.
Quanto à segurança, o policial militar tenente-coronel Wellington Klimpel, presidente do Gabinete de Gestão Integrada de Trânsito, apresentou dados que relevam que Mato Grosso do Sul registra quase um acidente por dia envolvendo ciclistas. “Em 2021 foram registrados 10.237 boletins de ocorrência de trânsito, sendo 275 envolvendo ciclistas. Duas foram com vítimas fatais, sendo uma a Emanuelle. Em 2022 já registramos 1 vítima fatal em 52 boletins registrados envolvendo trânsitos. Se continuar assim teremos um acidente por dia. O fator preponderante é a falta de atenção ou desobediência à sinalização”, revelou.
Ele também ressaltou que houve um reordenamento das viaturas para fazer a segurança dos ciclistas e que os dados apontam que os locais com mais acidentes são as avenidas Afonso Pena, Duque de Caxias, Guri Marques e Júlio de Castilho, nos horários das 6h, 17h e 18h.
Quanto à mobilidade urbana, a representante da Agência Municipal de Transporte e Trânsito de Campo Grande (Agetran), Andrea Figueiredo, destacou que Campo Grande tem 98 quilômetros de ciclovias. “Ao longo das gestões foram feitas ciclovias em avenidas largas e parques lineares, agora estamos buscando nesta gestão a interligação de 70 quilômetros entre essas ciclovias. Temos consciência de que ainda falta muito, mas o seminário colabora com isso, aproximando o anseio da população com o poder público, para estudarmos a melhoria dessa infraestrutura”, explicou.
A mesa de trabalho formada para o evento ainda trouxe fala da médica Isadora Santamarina quanto aos benefícios para a saúde. “Pedalar traz benefícios tanto para a saúde física, quanto a mental. Sair do sedentarismo não é fácil, mas quando conseguimos vira prazeroso. O movimento cresceu muito na pandemia, as pessoas se sentiram sozinhas, academias fecharam e a OMS orientou fazer esportes em lugar abertos como ciclismo e caminhadas e hoje muitos se habituaram e usam como meio de locomoção. Andar de bike traz benefícios cardiorrespiratórios, controle da diabetes, da pressão arterial, melhora a depressão. Inclusive sou um exemplo, me tirou de uma depressão pós-parto”, revelou.
Na mesma toada, o representante do Movimento Bike Viva, coronel da reserva do Corpo de Bombeiros, Joilson Santos de Paula, quem mediou o debate, falou que também foi salvo pelo ciclismo de uma depressão. “Precisamos de vocês ciclistas, para nos apoiarem para conseguirmos as melhorias que possam e precisam ser feitas e também divulgar a atividade, mostrar como ela melhora a saúde”. Ele também representa o Conselho Municipal de Turismo e disse que existem projetos futuros para ter postos de apoio nas ciclorotas.
Encaminhamentos
O evento foi híbrido e permitiu que pessoas que acompanhavam online dessem sugestões e fizessem perguntas aos participantes. O deputado Renato Câmara apresentou um vídeo com dados sobre o trânsito – que pode ser visto aqui – e explicou que uma carta será produzida para ser entregue a vários órgãos e entidades, em que serão reunidas todas as propostas sugeridas no seminário, pois o movimento de ciclismo é uma prática que tende a crescer ainda mais. “Veio para ficar, pode ser esportivo, de contemplação, ecoturismo ou um uso para o trabalho, mas todos promovem uma prática limpa ao meio ambiente e mostra que tem coisa simples que se pode fazer, por exemplo, estacionamentos seguros para as bikes, ouvi de um professor que prende a bicicleta em uma lixeira, ou seja, podemos melhorar coisas básicas”, exemplificou o parlamentar. A carta será disponibilizada no site do deputado clicando aqui.
Com o apoio da ALEMS, o Instituto Emanuelle promove entre os dias 10 e 13 de março uma série de ações em prol das causas dos ciclistas, além do seminário Pedal On-line, que pode ser revisto na íntegra aqui. No sábado (12) haverá um pedal do trecho Campo Grande a Rochedinho, com apoio do ônibus do City Tour e guias, com saída às 16h – informações e inscrições aqui. Já no domingo (13), às 7h, um pedal sai e retorna ao Shopping Campo Grande, com outras ações de lançamento do Movimento Bike Viva e sorteio de brindes – saiba mais aqui.